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 | Ivan Amorin
| Foto: Ivan Amorin

Mais de 2 mil pessoas se reuniram nesta quinta-feira (20) para o segundo dia de protestos em Maringá. Eles se encontraram no Terminal Urbano e seguiram em caminhada pela cidade. Por volta das 20 horas, parte dos manifestantes ocupou pacificamente a sessão itinerante da Câmara Municipal de Maringá (CMM), que ocorria no Salão Paroquial da Igreja Santo Antonio, na Vila Santo Antônio, zona norte da cidade. Eles exigiram e conseguiram que todos os vereadores assinassem a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes.

O objetivo é investigar as planilhas de custos da empresa de Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC), concessionária do serviço na cidade.

Antes de angariar as assinaturas, porém, houve momentos de tensão entre manifestantes e vereadores. Uma das pessoas que participava do protesto chamou os vereadores de corruptos e foi repreendido por Humberto Henrique (PT). O vereador Edson Luiz (PMN) chegou a dizer ser contrário à CPI da maneira coercitiva imposta pelos manifestantes, no entanto, acabou assinando o documento mais tarde. Já o presidente da CMM se manifestou favorável à investigação e foi aplaudido.

Pressionados pelos manifestantes, os vereadores assinaram o pedido de abertura da investigação. Por volta das 20h45, o presidente da Casa, Ulisses Maia (PP), declarou aberta a CPI dos Transportes.

Maia afirmou que a abertura da CPI já era vontade antiga da Casa. "A atual Câmara é independente e está de acordo com o povo." Ele salientou que após compromisso firmado na noite desta quinta-feira (20), o início das investigações da CPI devem cumprir as formalidades normais.

Os vereadores de oposição exigem que a CPI seja composta com a mesma proporcionalidade dos partidos que compõem a Câmara. "Queremos assegurar que Comissão não seja composta apenas de vereadores da base do governo. A ideia é abrir essa caixa preta do transporte maringaense e mostrar para a população que é possível sim baixar a tarifa."

Trajeto

A passeata saiu do terminal urbano e seguiu pela Avenida São Paulo, debaixo de chuva. Antes de iniciarem a caminhada, porém, alguns manifestantes chegaram a invadir a área de embarque e desembarque do terminal. Passageiros e ônibus foram impedidos de sair. Para mobilizar mais pessoas, os manifestantes gritavam "Vem pra rua", uma das frases comuns utilizadas nos protestos em todo o Brasil.

Às 18h45, um grupo munido de um grande holofote iluminou cada andar do prédio onde mora o prefeito Carlos Roberto Pupin (PP), próximo ao cruzamento das avenidas Tiradentes e Paraná. Em meio a xingamentos contra Pupin, moradores do edifício colocaram bandeiras do Brasil na sacada e foram aplaudidos pelos manifestantes.

Por volta das 19h20, os manifestantes já haviam passado pela Praça Manoel Ribas e seguiam em direção à Prefeitura de Maringá. Em seguida, de maneira pacífica, o grupo seguiu para a região dos shoppings, na Avenida São Paulo, e, depois, para a Avenida Colombo.

Reivindicações

Um dos participantes da mobilização, o trabalhador autônomo Cláudio Timotteo disse que estava no local para reivindicar a diminuição do preço da passagem do transporte coletivo na cidade e aquisição de novos terrenos para a construção de casas populares.

Um dos coordenadores do evento, André Ferrari, afirma que a reivindicação desta quinta-feira é, especialmente, pela redução da tarifa do transporte coletivo. "É inadmissível com tanta isenção de impostos a tarifa ter aumentado em Maringá." Ele afirma que, por isso, as manifestações só irão acabar quando o prefeito Carlos Roberto Pupin (PP) decidir pela diminuição do valor da passagem.

Alguns cartazes dos manifestantes diziam "Professor, te desejo o salário de um deputado e o prestígio de um jogador de futebol"; "Tira do poder e bota na prisão" e "Tanta coisa errada que não cabe em um cartaz".

Novo protesto no sábado

André Ferrari afirmou que um novo protesto está agendado para sábado (22), às 14 horas, em frente ao Fórum da cidade. Segundo ele, a ideia é mostrar o posicionamento contrário à PEC 37. Ele afirma que este novo protesto contará com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério Público (MP).

O estudante Henrique Ceratto era um dos responsáveis pelo recolhimento de assinaturas para o abaixo-assinado contra PEC 37. Ele explicou que as assinaturas recolhidas em Maringá devem ser enviadas para a organização nacional do manifesto. "Isso é para mostrar que não é só um movimento de rua. Estamos organizados e mobilizados sim por uma causa."

País

Além de Maringá, os manifestos se estendem por mais de 80 cidades, 17 delas capitais. No começo da noite desta quinta-feira, milhares de pessoas se encontraram na Praça da Candelária, no Rio de Janeiro. Em Salvador, cerca de 20 mil pessoas se concentraram na Praça do Campo Grande e rumaram para a Arena Fonte Nova, onde seria realizado jogo Uruguai x Nigéria pela Copa das Confederações.

Segundo a agência O Globo, nos prédios das proximidades, muitos moradores estenderam panos brancos nas janelas, em sinal de solidariedade. A tropa de choque da PM bloqueou o caminho dos manifestantes que se dirigiam à Arena Fonte Nova com bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral na Avenida Joana Angélica, a cerca de dois quilômetros do estádio.

Em São Paulo, militantes do PT foram hostilizados pelos manifestantes que se reuniram na Avenida Paulista. Houve dois princípios de tumultos com gritos de "mensaleiros".

Paraná

A tarifa do transporte coletivo da Rede Integrada de Transporte de Curitiba diminuirá de R$ 2,85 para R$ 2,70 a partir de 1º de julho. A redução do valor das passagens, que atinge a rede integrada que atende a capital e mais 13 municípios da região metropolitana, foi anunciada pelo prefeito Gustavo Fruet(PDT) durante uma entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (20). O valor de R$ 2,85 vigorava desde o último aumento, em março deste ano. A cidade foi palco de uma série de três protestos.

Londrina registra o segundo dia de protestos. Por volta das 18 horas, cerca de 1 mil pessoas estavam reunidas no Calçadão, na região central da cidade. Também há previsão de protestos em Cascavel.

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