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Povos tradicionais, como os indígenas, já começaram a chegar ao Rio de Janeiro | Christophe Simon/ AFP
Povos tradicionais, como os indígenas, já começaram a chegar ao Rio de Janeiro| Foto: Christophe Simon/ AFP

Proposta polêmica

Entidades industriais defendem usinas na região amazônica

Documento divulgado em conjunto pelas federações da indústria de São Paulo (Fiesp) e do Rio (Firjan) atribui aos países desenvolvidos a responsabilidade pelos danos ambientais causados ao pelas emissões de gases do efeito estufa. O documento afirma que as nações desenvolvidas têm de rever seus padrões de produção, sua matriz energética e assumir os custos. Para o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, ainda pesam sobre os países desenvolvidos o uso de matrizes energéticas altamente poluentes, como o petróleo e o carvão.

As entidades defenderam a geração de energia a partir de usinas hidrelétricas, mesmo que sejam construídas na região amazônica.

O texto sugere que é necessária uma nova governança mundial, para que a ONU possa avaliar os objetivos de desenvolvimento sustentável. Fiesp e Firjan defendem o princípio das "responsabilidades comuns, porém diferenciadas". Para as federações industriais, as nações desenvolvidas têm responsabilidade em adotar ações efetivas para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

A sociedade civil buscará expressar seu descontentamento durante a Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro. Os organizadores esperam reunir 15 mil pessoas por dia no Parque do Flamengo, a partir de sexta-feira. "Sabemos que a conferência oficial Rio+20 patina. Como esperamos pouco progresso para que os países-membros se comprometam a reduzir suas emissões de CO2 e preservar melhor a biodiversidade, a Cúpula dos Povos será o espaço que a sociedade terá para expressar seu descontentamento", disse Bazileu Alves Margarido, do Instituto Democracia e Sustentabilidade.

A Cúpula dos Povos é uma iniciativa de 200 organizações ambientalistas e movimentos sociais do mundo inteiro. Grupos indígenas e de negros, mulheres e jovens devem ser presenças mais marcantes. O governo brasileiro investiu cerca de R$ 10 milhões no evento. Seiscentas atividades, entre debates, assembleias, manifestações e shows, acontecerão neste evento paralelo, cujo lema é "Venha reinventar o mundo!".

Exemplos

Duzentas experiências práticas, batizadas de "territórios do futuro" e já implantadas em diversos países, como aplicação de energia solar, também serão apresentadas ao público. "A Cúpula dos Povos será um espaço de denúncia, mas esperamos também articular os movimentos sociais em defesa da soberania dos povos e de seus territórios", explicou Rui Varres, porta-voz do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST).

"Traremos para a sociedade as soluções que os povos já encontraram e lutam para implantar, e que são as boas armas contra esse capitalismo verde que busca, sobretudo, transformar a natureza em ativos financeiros negociados em bolsa", disse Varres. Várias manifestações serão realizadas durante esta reunião paralela, a mais importante em 20 de junho, dia de abertura da cúpula oficial da ONU. O protesto será antecedido por uma passeata de mulheres em 18 de junho, e por uma marcha contra o novo Código Florestal brasileiro. Na noite de 17 de junho, uma vigília inter-religiosa contra a intolerância acontecerá no Aterro do Flamengo. Segundo os organizadores, a Cúpula dos Povos também será uma oportunidade para se fazer um balanço dos progressos registrados desde a Cúpula da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro, quando a sociedade civil foi excluída dos debates.

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