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Plantação no estado norte-americano de Kentucky, devastada pela seca | Scott Olson / AFP
Plantação no estado norte-americano de Kentucky, devastada pela seca| Foto: Scott Olson / AFP

Análise

Especialista critica rapidez nas conclusões

Martin P. Hoerling, meteorologista da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera, que não esteve envolvido no novo estudo, mas que está conduzindo sua própria pesquisa sobre o desastre no Texas, afirmou concordar que o aquecimento causado por influência humana provavelmente aumentou as chances de temperaturas recorde. Mas ele disse que sua pesquisa demonstrou que os déficits pluviais não tinham qualquer relação com o aquecimento global. Ele professou ceticismo sobre o novo artigo.

Ele disse que as conclusões dos estudos recém-publicados podem não resistir ao teste do tempo, por causa da pressa sob a qual foram realizados. "Precisamos pensar com cuidado sobre o tipo de questões que podemos procurar responder com credibilidade, dado esse ambiente de rápidas reviravoltas", afirmou Hoerling.

Avaliação

Em vez de mudanças climáticas, a culpa é do desenvolvimento

Globalmente, a nova pesquisa deixa claro que alguns dos estragos recentes causados pelo clima resultaram não de uma probabilidade aumentada de extremos, mas de mudanças na exposição e vulnerabilidade humanas, com as inundações na Tailândia em 2011 sendo um exemplo notável. Uma análise feita por cientistas descobriu que a quantidade de chuva que caiu na Tailândia no ano passado, embora intensa, não foi particularmente incomum, conforme os padrões históricos, e que "não se pôde demonstrar que a mudança climática tenha tido qualquer papel nesse evento".

O mais importante, segundo os pesquisadores, foi o rápido desenvolvimento de certas partes da Tailândia. As áreas de agricultura deram lugar às fábricas nas várzeas dos principais rios, ajudando a preparar a cena para o desastre.

LaNiña

No novo relatório, os pesquisadores da Inglaterra e do estado do Oregon descobriram que a variabilidade do clima natural teve um grande papel em preparar a cena para a onda de calor no Texas.

O clima em 2011 foi fortemente influenciado por um padrão climático chamado La Niña, que tem efeitos visíveis em todo o mundo, inclusive o de aumentar a probabilidade de secas no sudoeste dos Estados Unidos.

Mas, mesmo levando isso em conta, pesquisadores descobriram que o aquecimento generalizado do planeta desde os anos de 1960 fez com que fosse 20 vezes mais provável ocorrer tal onda de calor no Texas em ano de La Niña.

Alguns dos eventos climáticos extremos que têm atormentado pessoas do mundo inteiro tiveram suas probabilidades de ocorrência aumentadas por causa do aquecimento global provocado pelo homem, segundo dados de pesquisa divulgada na semana passada.

O estudo descobriu que o aquecimento global fez com que a onda de calor severa que afetou o estado do Texas, nos Estados Unidos, no ano passado fosse 20 vezes mais provável de ocorrer do que seria nos anos de 1960. As temperaturas extremamente altas na Inglaterra no último mês de novembro foram 62 vezes mais prováveis de ocorrer também por causa do aquecimento global, segundo o estudo.

As descobertas, especialmente os números ligados a alguns eventos extremos, são representativas dos esforços dobrados dos cientistas em responder ao clamor público por informações sobre o que está acontecendo com o clima da Terra. Estudos procurando discernir a influência humana sobre os extremos climáticos geralmente demoram anos, mas, neste caso, pesquisadores do mundo todo conseguiram estudar seis eventos de 2011 e publicar os resultados em seis meses.

Alguns dos pesquisadores reconheceram que, considerando-se a pressa com que o trabalho foi feito, as conclusões devem ser tidas como provisórias. "Essas são novidades científicas quentes", disse Philip Mote, diretor do Instituto de Pesquisa em Mudanças Climáticas da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, que liderou as pesquisas sobre a seca e a onda de calor no Texas. "As pessoas estão testando métodos diferentes de descobrir como as chances podem ter sido alteradas por aquilo que despejamos no ar".

A conclusão geral da nova pesquisa é que muitos dos extremos testemunhados ao redor do mundo são consistentes com o que os cientistas esperam do aquecimento do planeta. As ondas de calor, em particular, estão provavelmente sendo agravadas pelo aquecimento global, segundo os cientistas. Eles também citaram uma intensificação do ciclo da água, refletido no aumento tanto de secas quanto de chuvas torrenciais.

O Ártico continuou a se aquecer ainda mais rapidamente do que o planeta como um todo em 2011, segundo relatam os cientistas, e o gelo marítimo naquela região esteve no seu segundo menor nível da história. Em 2010, as chuvas foram tão intensas que o nível do mar chegou a decair.

Até então, nos Estados Unidos, houve menos desastres climáticos em 2012 do que em 2011. Mas este ainda será um ano marcante, com incêndios florestais, inundações, tempestades derrubando o sistema elétrico para milhões de habitantes e ondas de calor coruscantes. Neste momento, os Estados Unidos atravessam a pior seca em mais de cinco décadas, destruindo plantações em diversos estados.

Tradução: Adriano Scandolara.

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