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| Foto: Alex Almeida/Folhapress

A menos de seis meses da 21.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) – que será realizada em Paris – as propostas e metas brasileiras quanto à redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa e de adaptação às mudanças climáticas ainda são desconhecidas.

A recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) era que os governos enviassem um plano atualizado até março, mas até agora apenas 40 países entregaram o documento que deve ser escrito dentro dos moldes do protocolo de Kyoto.

Abastecimento de água, agricultura e energia dependem muito de água, e água depende da floresta. Então, nossa qualidade de vida, nossa alimentação, nossa segurança hídrica e nossa segurança energética dependem da floresta. Por isso, devemos tratá-las com muito mais cuidado e atenção. “

Carlos Rittl, secretário -executivo do Observatório do Clima

Entre os que já apresentaram metas de redução estão nações da União Europeia e os Estados Unidos, que propõem diminuir até 2025 suas emissões em 26% em relação a 2005. Aparentemente, o Brasil deve anunciar o seu plano mais próximo à data limite de envio, marcada para 1.º de outubro.

Durante o Fórum Mundial de Meio Ambiente, realizado em Foz do Iguaçu, Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima – uma rede de organizações não-governamentais – destacou que o atraso nacional é preocupante, pois pode restringir o envolvimento da sociedade no tema. Rittl ainda destacou o envolvimento de municípios e estados no tema, além da necessidade da preservação das florestas.

Confira a entrevista:

Como estão os preparativos do Brasil para a COP-21?

O Brasil ainda tem muito o que fazer. Diferente de outros países, o país ainda não colocou claramente quais serão os compromissos pretendidos para fazer parte do novo acordo de clima, como qual vai ser a redução da emissão dos gases de efeito estufa na próxima década, quais serão as medidas tomadas para se adaptar às mudanças climáticas, como vai assegurar recursos e quais serão os meios para viabilizar e implementar essas ações. Não temos claramente a natureza desse compromisso. O tempo está passando e estamos atrasados. Esperamos que o governo acelere e, quando trouxer o compromisso para a mesa traga propostas que realmente façam frente ao nível de emergência climática e sejam correspondentes ao nível de responsabilidade e capacidade do país.

Qual a expectativa para a entrega do plano?

Outubro é a data final. Apresentar essa proposta e os compromissos apenas em outubro significa não dar margem nenhuma para a sociedade brasileira discutir a adequação das propostas. É fundamental que tenhamos esse tempo internamente antes de levá-lo à COP 21 para que o governo discuta com a sociedade se aquilo que está sendo se propondo é suficiente e é o que nós devemos e podemos fazer. Por enquanto não temos a clareza de quando vem isso.

Alguns estados, como o Paraná, desenvolveram inventários sobre a quantidade de emissões de gases causadores do efeito estufa. Essas iniciativas são importantes para auxiliar o governo federal?

É importante que os estados conheçam o seu perfil de emissões e identifiquem a origem principal de suas emissões porque quando o governo federal assumir o compromisso de reduzir as emissões, os responsáveis pela implementação dessas ações serão os atores locais, ou seja, estados e municípios. Mas além disso, os estados e municípios precisam desenvolver estratégias de adaptação às mudanças climáticas, pois já enfrentamos um clima com dificuldades para todos. Conhecer o perfil de emissão é muito importante, mas aprender estratégias para a redução das emissões e adaptação às mudanças climáticas é papel de todos os governos em diferentes níveis.

Grande parte das emissões dos gases causadores do efeito estufa no Brasil são resultado do problema do desmatamento. Como está esta situação no país?

O Brasil reduziu muito o desmatamento em relação às taxas que eram altíssimas – em especial na Amazônia – mas continua com altas taxas. Só na Amazônia, perdemos cerca de cinco mil quilômetros quadrados de florestas por ano. No Cerrado, são mais sete mil quilômetros quadrados. Ainda perdemos áreas importantes da Mata Atlântica em diferentes regiões do país, assim como em outros biomas. Não podemos celebrar ou nos acomodar. Abastecimento de água, agricultura e energia dependem muito de água, e água depende da floresta. Então, nossa qualidade de vida, nossa alimentação, nossa segurança hídrica e nossa segurança energética dependem da floresta. Por isso, devemos tratá-las com muito mais cuidado e atenção.

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