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Manifestantes protestam em defesa da liberdade de imprensa e contra o extremismo | Gonzalo Fuentes / Reuters
Manifestantes protestam em defesa da liberdade de imprensa e contra o extremismo| Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters

Desde o fim da tarde desta quarta-feira (7), cerca de 100 mil pessoas de reúnem na Place de la République (Praça da República), em Paris, para homenagear os jornalistas do jornal satírico "Charlie Hebdo" mortos em um atentado terrorista realizado pela manhã.

A manifestação foi organizada por um conjunto de partidos de esquerda encabeçado pelo Partido Comunista Francês (PCF) e pela Frente de Esquerda, e ocorre pacificamente até o momento. Ao menos 12 pessoas morreram no atentado.

Os manifestantes exibem broches com a inscrição "o ser humano em primeiro lugar" e cartazes com a frase "eu sou Charlie". Eles também exibem mensagens em defesa da liberdade de imprensa e contra o extremismo político.

Para o jornalista Quentin Pichon, o maior receio é a estigmatização dos árabes na França. "Não podemos deixar que uma comunidade numerosa e que vive bem na França seja igualada aos selvagens que invadiram o jornal", pondera.

Para o professor Bruno Mer, o que aconteceu nesta quarta-feira é resultado de uma sociedade francesa excludente, que incita à radicalização. "Uma sociedade que não dá chances de integração vive sempre sob a ameaça de episódios assim", afirmou.

Por enquanto, não há previsão de marcha dos manifestantes a partir da Praça da República. Segundo Laurent Klajnbaum, diretor de comunicação do PCF e organizador da manifestação, por enquanto a polícia autorizou apenas a aglomeração na praça, um ponto central da capital francesa.

Tristeza profunda

Admiradores do semanário se reuniram espontaneamente nas proximidades do local do atentado terrorista da manhã desta quarta. A rua do prédio que sedia a publicação continua isolada pela polícia.

No boulevard Richard Lenoir, a 200 metros da famosa Praça da Bastilha, cerca de cem pessoas prestam sua homenagem diante do cordão de isolamento.

"É a primeira vez em quarenta anos que 'Charlie Hebdo' não me faz rir. Antes de raiva ou indignação, é um momento de tristeza profunda", disse o escritor Éric Müller, 50.

Ele segurava um cartaz que reproduzia uma das capas do semanário em que um desenho Muhammad, o profeta do Islã, põe as mãos sobre os olhos e reclama dos integristas: "C'est dure d'être aimé par des cons" ("é duro ser amado por esses babacas"). "Foi por isso que ele morreu", disse Müller.

O comerciante Kamel Amrio chegou com um grupo de cinco amigos. Ele carregava um cartaz em que estava escrito "je suis Charlie" ("eu sou Charlie").

"É um atentado brutal contra todo o país. O que eu quero é que a França responda a isso com unidade, não com mais divisões. Estou aqui para mostrar que o mal não pode vencer", disse.

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