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Monik durante coletiva ao lado do advogado Elias Matar Assad (à direita) e dos pais de Osíres del Corso, Maria e Sérgio del Corso | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Monik durante coletiva ao lado do advogado Elias Matar Assad (à direita) e dos pais de Osíres del Corso, Maria e Sérgio del Corso| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Prisão de um segundo suspeito levou seis policiais à prisão por suspeita de fraude

Na tarde do dia 31 de janeiro de 2009, um sábado, o casal Monik Pegorari de Lima e Osíris Del Corso seguia por uma trilha no Morro do Boi com a intenção de chegar à Praia dos Amores. Eles teriam pedido informações a um desconhecido, que se ofereceu para levá-los.

Chegando à gruta na praia, por volta das 17h30, o agressor teria tentado abusar sexualmente de Monik. Osíris a defendeu e levou um tiro no peito. Ela foi atingida por dois tiros nas costas (um atingiu a coluna). O agressor fugiu. Conforme as investigações, depois de um tempo ele voltou ao local do crime e a violentou. Segundo a Justiça, o autor do crime é Juarez.

Antes da prisão de Juarez, outro homem foi preso acusado de ser o autor confesso do crime. Por causa desse novo suspeito, ao longo das investigações seis policiais foram presos (inclusive o então delegado de Matinhos José Tadeu Bello) acusados de ter fraudado o inquérito. Entre os policiais presos estava Altair Ferreira Pinto (conhecido como Taíco), irmão de Juarez Ferreira Pinto.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Monik falou sobre a sensação de alívio que sentiu quando soube da prisão de Taíco, porque na época as pessoas acreditavam que ela estava colocando um inocente na cadeia. "Foi o Juarez, não tenho dúvida", disse na ocasião.

Monik ficou paraplégica e se mudou de Curitiba para o Nordeste, uma região mais quente que ajuda no tratamento médico. Ses­­­sões de fisioterapia e condicionamento físico ocupam os cada dia da semana.

Além do tratamento convencional, Monik faz sessões de apiterapia, uma terapia alternativa que usa produtos originados das abelhas.

Em abril deste ano, ela contou à Gazeta do Povo que já conseguia ficar em pé e seguia acreditando que poderia voltar a andar.

Sobrevivente do caso conhecido como "Morro do Boi", Monik Pegorari de Lima contestou ontem a concessão de progressão ao regime domiciliar a Juarez Ferreira Pinto, condenado a 65 anos e 5 meses de prisão. Na sexta-feira, a Justiça deu a Juarez – portador do vírus da aids – o direito de cumprir o restante da pena em casa, monitorado por uma tornozeleira eletrônica. Os pais de Osíris del Corso, assassinado no mesmo caso, também se manifestaram ressaltando as evidências de que Juarez cometeu o crime.

"A lei está mais preocupada com o bandido do que com a vítima. Isso me faz sofrer muito. Eu protesto contra essa decisão [judicial]" disse Monik, em entrevista coletiva no escritório de seu advogado, Elias Mattar Assad. No crime ocorrido em 2009, ela foi atingida por dois tiros e perdeu o movimento das pernas.

Para Assad, que também atende a família de Osíris, a prisão domiciliar foi decidida "fora dos padrões usuais": sem avaliação de junta médica oficial, sem laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e sem alguns exames, como o de carga viral. "É muito estranho esse benefício ter sido concedido, por causa da forma em que tudo ocorreu. A secretária de Justiça [Maria Tereza Uille Gomes], que é membro licenciado do Ministério Público, interferiu pessoalmente na decisão. O Ministério Público, por sua vez, não recorreu", disse Assad.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça informou que Maria Tereza cumpre agenda fora do estado e não comentaria as declarações. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou via assessoria de imprensa que se manifestou favorável à prisão domiciliar porque o estado de saúde de Juarez é grave e o Complexo Médico Penal não teria condições de prestar o atendimento adequado.

Conforme os promotores, há pelo menos oito documentos e exames que atestam as graves condições de saúde de Juarez, e o cumprimento da pena em regime domiciliar não representa um relaxamento de prisão. Ele segue cumprindo a pena de 65 anos de detenção. Ele também deve se apresentar a cada 30 dias para perícia médica no CMP. Caso apresente melhora, volta para o regime fechado.

Para o advogado de Juarez, Cláudio Dalledone Júnior, a concessão do benefício judicial ocorreu embasada em parecer médico-legal. Ele diz que Juarez não cometeu os crimes pelos quais foi condenado e pedirá uma revisão criminal. Ele pretende processar Celso del Corso pelas declarações e pedirá à OAB que emita um desagravo a Assad.

Dor

Recentemente, Dalledone supôs em programa de tevê que Juarez seria inocente. "Ele nunca vai deixar de ser o assassino que tirou a vida do nosso filho e que colocou a Monik em uma cadeira de rodas", declarou a mãe de Osíris, Maria Zélia del Corso. "O que nos agride é o fato de o advogado dele mentir, alegando inocência. O fato de ele [Juarez] estar doente não o transforma em inocente. Bandido é bandido", disse o pai, Sérgio del Corso.

Monik luta para recuperar o movimento das pernas. Há quatro anos, se mudou para João Pessoa (PB), onde faz tratamento. São oito horas diárias de fisioterapia e condicionamento físico, além de sessões de apiterapia (a base de picadas de abelha). Monik ainda sonha em voltar a fazer os cursos de Farmácia e de Educação Física.

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