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Terezinha Vareschi entre as biólogas Marília Borgo (à esquerda) e Fabíola Machado,da SPVS: paixão pela natureza | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Terezinha Vareschi entre as biólogas Marília Borgo (à esquerda) e Fabíola Machado,da SPVS: paixão pela natureza| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Reservas particulares garantem preservação

Terezinha Vareschi, dona da área de 36 mil metros quadrados em Santa Felicidade, não esconde sua paixão pela natureza. E o grande desafio agora é garantir que esse sentimento seja mais forte do que a pressão que ela vem sofrendo há três anos para vender o terreno. Muitas empresas estão interessadas em usar a área para a construção de um condomínio residencial. "É difícil resistir porque preciso de dinheiro para sobreviver", afirma.

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  • Confira as orientações para conservar áreas verdes na sua propriedade

Esqueça tudo o que você aprendeu sobre "manter um terreno limpo". Cortar a vegetação rasteira, varrer as folhas que caem das árvores e pintar os troncos com cal para deixar o quintal mais bonito são ações proibidas se o seu objetivo é fazer conservação. Há 25 anos, quando Terezinha Vareschi saiu do Centro Cívico para ir morar numa área de 36 mil metros quadrados em Santa Felicidade, com dois filhos pequenos, todos diziam a mesma coisa: "Você vai morar no meio daquelemato?" Era exatamente o que elaqueria e seu objetivo sempre foi preservar a vegetação do local. Há cerca de cinco meses, preocupada com a conservação da área, ela se cadastrou no Condomínio da Biodiversidade e em outubro do ano passado foi procurada pela equipe da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

Na avaliação da bióloga Fabíola S. Machado, Terezinha conservou muito bem sua floresta em todos esses anos. O que precisa ser feito lá é o controle das espécies exóticas invasoras. Esse, aliás, é o principal problema que os técnicos da SPVS e da prefeitura encontram nas áreas que visitam. "Muitas plantei sem saber que não era correto", confessa a proprietária. Mas independentemente de alguns erros, o fato é que Terezinha tem hoje em seu terreno cerca de 200 espécies de árvores, além de uma grande variedade de pássaros, inclusive tucanos. Ela também está sendo orientada para transformar a sua propriedade em Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM)

Invasoras

Fabíola contou que em 2008, de agosto até a primeira quinzena de dezembro, as equipes da SPVS e da prefeitura de Curitiba visitaram 170 áreas na cidade. A maioria tem vegetação nativa em estágio médio de regeneração (árvores de médio a grande porte e subbosque), com a presença de espécies exóticas invasoras, ou seja, espécies de outras regiões que se reproduzem com grande facilidade e tomam o lugar de espécies nativas, principalmente uva-dojapão, alfeneiro, amora-preta e nêspera.

Muitas delas chegaram há anos, quando os profissionais do paisagismo traziam essas espécies de fora porque eram consideradas mais bonitas. Agora, onde são encontradas, os técnicos retiram imediatamente as mudas e as árvores grandes somente são cortadas depois que a prefeitura de Curitiba emite a autorização. A orientação para os proprietários, a partir daí, é que dêem preferência para as espécies nativas, como o araçá, cedro, pitangueira, vacum, entre outras.

Na lista de visitação dos técnicos estão mil endereços da capital com bosques, nascentes de córregos e vegetação nativa. Além daqueles sugeridos pelos proprietários, há os que aparecem no cadastro do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da prefeitura como sendo "bosque nativo relevante". O município aponta aqueles com mais de 5 mil metros quadrados, mas a SPVS não faz nenhuma exigência de tamanho mínimo para visitar a área, conforme explica Fabíola.

Deslocamento

O diretor executivo da SPVS, Clóvis Borges, lembra que o Condomínio da Biodiversidade nasceu da demanda da população, que entrava em contato com a SPVS para saber como fazer conservação. Empresas também faziam contatos, completou. Mas muita gente que tem áreas verdes ainda não se preocupa com isso e acaba gastando tempo e dinheiro em procedimentos equivocados.

Ele disse que nos últimos três anos cresceu muito a pressão do mercado imobiliário, que procura as grandes áreas para a construção de condomínios. "Eles deixam algumas árvores, mas o ambiente natural desaparece", afirmou. Para Borges, Curitiba tem apresentado um discurso de manutenção de áreas verdes nos últimos 40 anos, mas só foi feita arborização urbana (plantio de árvores). "Só agora passou a haver uma preocupação com as áreas existentes", diz, alertando que Curitiba tem menos de 1% de propriedades bem conservadas, alertou o diretor.

De acordo com ele, conservar significa garantir os serviços ambientais: equilíbrio do clima, diversidade biológica, estoque de carbono e estética. Para reforçar a importância da conservação, Borges frisou que desde 2000 o principal fator de deslocamento de populações são os desastres causados por degradação ambiental.

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SERVIÇO

Quem tiver interesse de participar do Condomínio da Biodiversidade pode acessar o site www.condominiobiodiversidade.org.br ou ligar para (41) 3528-6338.

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