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Laudo da transexualidade de Carla é de 2000, mas ela ainda espera a cirurgia | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Laudo da transexualidade de Carla é de 2000, mas ela ainda espera a cirurgia| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A técnica

Procedimento é mais complexo para mulheres que trocam de sexo.

Masculino para feminino

> O pênis é esvaziado, mas a pele e os nervos são preservados.

> Um canal semelhante ao canal vaginal é construído.

> A pele da glande é utilizada na confecção do clitóris.

> Os testículos são extraídos. Com a pele, o cirurgião constrói os lábios vaginais. O tempo de recuperação é de 40 dias.

> A cirurgia dura entre 3 e 4 horas.

Feminino para masculino

> Retiram-se as mamas.

> São retirados útero, ovário, vagina interna e vulva.

> Um pênis é construído a partir da pele do antebraço.

> Colocam-se próteses peniana e escrotal. O tempo de recuperação é de até um ano.

> São necessárias várias cirurgias, feitas em até um ano.

Paranaenses que desejam realizar a cirurgia de mudança de sexo precisam entrar na fila para fazer a preparação, mínima de dois anos, e o procedimento em outros estados. O Paraná não tem nenhum hospital credenciado pelo Minis­tério da Saúde para fazer esse tipo de procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na época em que a portaria que autorizava as cirurgias na rede pública foi publicada, em meados de 2008, o Hospital de Clínicas da Universidade Fede­ral do Paraná tentou montar uma equipe, mas não chegou a dar entrada no processo de credenciamento.

Dois anos depois, foram feitas 52 cirurgias desse tipo pelo SUS, segundo o Mi­­nistério da Saú­de. A maioria delas, 26, foram feitas no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Ou­­tras duas instituições credenciadas, o Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Esta­dual do Rio de Janeiro, e o Hos­pi­­tal das Clínicas da Univer­sidade Federal de Goiás, realizaram também 13 cirurgias, cada um, custeadas pelo SUS de 2008 para cá.

Como são apenas quatro os centros credenciados em todo o país (além dos citados, o Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de São Paulo também tem o credenciamento), a fila de espera é longa. Somente no Rio de Janeiro, 129 pacientes esperam para ser operados. O Hospital Pedro Ernesto realiza em média uma cirurgia por mês. Em Porto Alegre, pelo menos 180 pacientes estão em processo preparatório para a cirurgia – 36 já estão com o laudo concluído e devem ser operados ainda neste ano. Se­­gundo o urologista e coordenador da equipe do Programa de Transtorno de Identidade de Gênero do HC de Porto Alegre, Walter Koff, são feitas em média seis cirurgias por mês.

Carla Amaral, presidente do Transgrupo Marcela Prado, em Curitiba, é uma das que espera para fazer a cirurgia no Rio. Ela já tem o laudo que comprova a transexualidade. "Fiz a avaliação de 1998 a 2000 e pretendia ser operada quando o HC de Curitiba tinha uma parceria com a Universidade Tuiuti e oferecia a cirurgia. Lem­bro que na época tinha umas 30 inscritas, mas foram feitas 4 ou 5 cirurgias e a equipe foi desmanchada. Isso foi em setembro do ano 2000, minha cirurgia estava marcada para outubro", conta. Ela ainda não tem previsão de quando fará a cirurgia.

Espera

Pacientes que ainda não têm o laudo precisam passar pelo acompanhamento com uma equipe multidisciplinar por no mínimo dois anos. No Paraná, como não há hospital no estado que faça a cirurgia, é preciso solicitar uma autorização da Secretaria de Saúde para atendimento fora de domicílio. Com isso, o paciente vai a cada dois ou três meses ao hospital credenciado para ser acompanhados por especialistas (endocrinologista, psiquiatra, assistente social, urologista e ginecologista). Os custos com os deslocamentos são cobertos pelo SUS. De acordo com o psiquiatra do Hospital Pedro Ernesto, Miguel Chalub, o acompanhamento e a avaliação são necessários para evitar que a cirurgia seja feita sem indicação e o paciente acabe se arrependendo. "Nunca tivemos nenhum caso em que o paciente foi submetido à cirurgia e se arrependeu", afirma.

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