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Estátua de Charles Darwin, no Museu de História Natural de Londres.
Estátua de Charles Darwin, no Museu de História Natural de Londres.| Foto: Pixabay / Reprodução

O Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, começou a fazer uma revisão de sua coleção depois que uma auditoria interna alertou que exposições de Charles Darwin, o Pai da Teoria da Evolução, poderiam ser vistas como "ofensivas". Segundo informações do jornal britânico The Telegraph, divulgadas no sábado, 5, a iniciativa partiu da própria instituição. O museu deve fazer, segundo a reportagem, uma revisão dos nomes das salas existentes, assim como vai analisar estátuas e coleções que podem ser consideradas ofensivas. A decisão é motivada, ainda de acordo com The Telegraph, após as manifestações Black Lives Matter e protestos antirracistas que tomaram conta de diversas cidades do mundo neste ano.

Um artigo acadêmico que fala sobre as conexões imperiais ligadas à ciência foi compartilhado com a equipe do museu, de acordo com a reportagem, apontando a relação entre ciência, racismo e poder colonial, como fatores inerentemente entrelaçados.

O trabalho argumenta ainda que os "museus foram criados para legitimar uma ideologia racista", e que "o racismo oculto existe nas lacunas entre as exibições" e, como resultado, "as coleções precisam ser descolonizadas".

Entre as exposições que podem ser revistas está a expedição às Ilhas Galápagos, com o capitão Robert FitzRoy a bordo do navio HMS Beagle, onde Charles Darwin escreveu importantes manuscritos para sua obra "A Origem das Espécies".

A viagem foi citada por um curador como uma das muitas expedições científicas colonialistas britânicas. "Sua jornada compartilhada para a América do Sul foi na intenção de permitir um maior controle britânico da região", diz o artigo compartilhado com a equipe.

A diretoria executiva do museu afirmou estar "muito envolvida" com a questão antirracista. Segundo o The Telegraph, a instituição está "desesperadamente buscando abordar o que alguns funcionários acreditam ser 'legados de colônias, escravidão e império', potencialmente renomeando, reclassificando ou removendo esses vestígios da instituição".

Um dos diretores disse em documentos internos que novas ações tomadas para resolver essas questões alterariam o uso e a exibição das coleções e espaços públicos.

O assunto tem gerado polêmica nas redes sociais, inclusive com crítica feita pelo biólogo britânico Richard Dawkins. "Que ridículo. O museu deve ignorar desdenhosamente esse absurdo".

As espécies de flora de um dos fundadores do museu britânico, Sir Hans Sloane, que se beneficiou da escravidão na Jamaica, também constituem uma grande parte da coleção da instituição. Conjuntos históricos de itens desta coleção também podem ser revisados.

Segundo o The Telegraph, o diretor do museu, Michael Dixon, disse aos funcionários que "o movimento Black Lives Matter tem demonstrado que precisamos fazer mais e agir mais rápido, então, como primeiro passo, iniciamos uma revisão em toda a instituição sobre nomenclatura e reconhecimento. Queremos aprender e nos educar, reconhecendo que uma maior compreensão e consciência sobre a diversidade e inclusão são essenciais".

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