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O brasileiro acostumou-se, nos anos recentes, a um ufanismo inflado por políticos ansiosos em sobrevalorizar as boas notícias e esconder as ruins. O país vai ser sede da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Ultrapassou a Grã-Bretanha e tornou-se a 6.ª maior economia do mundo. Declarou autossuficiência de petróleo.

A crença cega de que agora o Brasil é uma potência está por trás do desapontamento e da raiva com que uma parcela da população vê o desempenho dos atletas nacionais na Olimpíada de Londres. Até ontem, o país ocupava a 23.ª colocação no ranking de medalhas. Chegou a rondar a 30.ª posição dias atrás. Muitos pensam que essa performance é um fiasco para a nação que acolherá os próximos Jogos.

Competidores brasileiros – sobretudo os favoritos a medalha – são cobrados por resultados, por vezes de maneira injusta. "Decepção" tem sido palavra rotineira para descrever revezes nas vitórias que se considerava quase certas – como se o esporte não tivesse espaço para a derrota e o imponderável. Outros preferem descrever a "fraqueza psicológica" que leva o atleta nacional a "amarelar" em situações-limite. Esquecem-se de que as emoções controlam boa parte da vida de todos. Quem, afinal, não fica nervoso diante de uma decisão importante? O governo federal, que vê no bom desempenho olímpico uma peça de propaganda, também faz suas cobranças. Antes de começar a Olimpíada, exigia mais pódios em Londres que em Pequim, há quatro anos.

Devia o próprio Estado brasileiro ser cobrado a melhorar seus resultados. A posição nacional na Olimpíada, mérito dos atletas, é bem razoável quando comparada à colocação do país em outros rankings de nações (veja o quadro). Tirando atributos demográficos, naturais e a produção econômica, o Brasil ainda é um país intermediário ou atrasado. Melhorar esses indicadores – todos frutos de escolhas políticas – deveria ser o verdadeiro esforço olímpico da nação.

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