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Enedina A. Marques, Vicente M. de Freitas e Maria Nicolas. | Clarissa Grassi
Enedina A. Marques, Vicente M. de Freitas e Maria Nicolas.| Foto: Clarissa Grassi

Na última sexta-feira (20), completou-se 320 anos do assassinato de Zumbi dos Palmares, ícone da luta contra a escravidão no Brasil, último líder do Quilombo de Palmares, em Pernambuco. Não à toa, a data foi escolhida para celebrar o dia da Consciência Negra e tem trazido à tona uma gama de discussões acerca da escravidão no Brasil e das marcas, ainda presentes, no preconceito e na discriminação racial. Lentamente, mas de forma persistente, ativistas e pesquisadores revolvem o passado, proporcionando novas leituras sobre nossa história.

As cicatrizes dessa diáspora também marcam o mundo dos mortos. Em 1996, na região da Gamboa, no Rio de Janeiro, a reforma no piso de uma casa construída no século 18 revelou a presença de ossadas humanas. O que o piso escondia era o chamado Cemitério dos Pretos Novos, local onde escravizados recém-chegados e que logo vinham a falecer eram enterrados. A pesquisa arqueológica revelou a forma como corpos eram indiscriminadamente amontoados, sem qualquer dignidade ou preocupação, até mesmo sem a encomendação da alma, tão cara e obrigatória no catolicismo imposto aos negros.

A discriminação racial fez com que a comunidade negra tivesse de se organizar para ter direito às mesmas práticas de sepultamentos adotadas pelos brancos. Caso contrário, o destino dos corpos eram os cemitérios de indigentes, destinados aos acatólicos e geralmente administrados pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. Valas comuns como as do Cemitério da Pólvora, em Salvador, onde cães eram frequentemente vistos desenterrando ossos.

As irmandades negras tiveram um papel fundamental na viabilidade da prática do enterro ad sanctos. A invocação de Nossa Senhora do Rosário era costume de devoção desde o século 15 em Portugal, sendo a mais comum entre as irmandades dos pretos, que também contavam com santos negros, como São Benedito, caso de Curitiba. Ainda existiam aqueles escravos que, buscando uma forma de distinção social mesclada à promessa de salvação da alma, empenhavam as economias de toda uma vida para buscar espaço em irmandades brancas e assim serem enterrados gozando de certo prestígio.

Quando da implantação efetiva dos cemitérios públicos, onde teoricamente poderiam ocupar o mesmo espaço que os brancos sem distinção, a discriminação manteve-se no papel. Alcunhados pelo pertencimento a um senhor, eram registrados sem filiação, apenas com o primeiro nome, sempre carregando a marca de “escravo” no campo de observações do livro, mesmo sendo forros ou libertos. A alcunha só vai ser abandonada com a abolição da escravatura, em 1888, o preconceito, não.

Assim como ocorreu após a descoberta das ossadas que afloraram nos pisos quebrados da Gamboa, é preciso quebrar algumas narrativas construídas ao longo do tempo e lançar novos olhares sobre um passado e um presente constituídos por uma raça, não por uma cor. É preciso referenciar lutas e conquistas. Como as de Enedina Alves Marques, que mesmo sendo babá e empregada, almejou ser professora, conquistou o título e foi além: prestou exames, estudou e formou-se como a primeira mulher negra engenheira do Brasil.

Lutas como a de Vicente Moreira de Freitas, escravizado que, como artífice na construção da Catedral, conseguiu comprar sua alforria e fundou junto com outros ex-escravos o primeiro clube negro de Curitiba, o 13 de Maio. Trajetórias incansáveis como a de Maria Nicolas, filha de uma negra e um imigrante francês, professora, pedagoga, pintora, escritora e uma pesquisadora incansável. Escreveu mais de 30 livros, muitos destes contando a história e as biografias dos atores da política paranaense, referência obrigatória a quem se debruça sobre a história do nosso estado.

Lista de falecimentos - 22/11/2015

Adelina Antônia da Silva Tostes , 65 anos. Profissão: do lar. Filiação: Manoel Antônio da Silva e Maria Gomes da Silva. Sepultamento hoje, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Parque São Pedro.

Adgiane Mara da Silva Leal, 38 anos. Profissão: estoquista. Filiação: Adjair de Matos Leal e Marli da Silva Leal. Sepultamento ontem.

Ailton Antônio da Silva, 71 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Antônio Maurílio da Silva e Otília Inocência da Silva. Sepultamento ontem.

Alois Maahs, 84 anos. Profissão: agricultor. Filiação: João Maahs e Ana Maahs. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal de Agudos do Sul -PR, saindo de residência.

Altamir Santos Turbay Filho, 24 anos. Profissão: estudante. Filiação: Altamir Santos Turbay e Vânia da Silva Turbay. Sepultamento ontem.

Antônio Oleskovicz, 58 anos. Profissão: gerente administrativo. Filiação: Bruno Oleskovicz e Adelina Oleskovicz. Sepultamento ontem.

Domingos Dario, 87 anos. Profissão: lavrador. Filiação: José Dario e Maria Bronzatto. Sepultamento ontem.

Dorothy Camargo Nizio, 85 anos. Profissão: do lar. Filiação: Arlindo Camargo e Celina Rocha Camargo. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, saindo da Capela Unilutus.

Enzo Stegue Rosa, 1 dia. Filiação: Ozias Rosa e Priscila Aparecida Stegue. Sepultamento ontem.

Generoso Vidal de Andrade, 54 anos. Profissão: advogado. Filiação: Oscalino Cezario de Andrade e Diomira Ribeiro dos Santos Andrade. Sepultamento ontem.

Geovane Vonsoski Vicentini, 18 anos. Profissão: auxiliar cozinha. Filiação: José Carlos Vicentini e Elisângela Vonsoski. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Senhor do Bonfim, em São José dos Pinhais.

Gilmar Pacheco de Moraes, 50 anos. Profissão: auxiliar de serviços gerais. Filiação: João Pacheco de Moraes e Mair Terezinha Pacheco de Moraes. Sepultamento ontem.

Hilda Marques Schwonka, 88 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Arouca Marques e Maria da Glória Marques. Sepultamento ontem.

Iracema Trentin, 61 anos. Profissão: empresário. Filiação: Arlindo Possebon e Francisca Possebon. Sepultamento ontem.

João Batista de Arazao Freire, 55 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Benedito Ubirajara da Silva Freire e Laura de Arazao Freire. Sepultamento ontem.

Jorvin Machado Ramos, 94 anos. Profissão: marceneiro. Filiação: Juvêncio Machado Ramos e Bernardina Padilha Ramos. Sepultamento ontem.

José Miguel Tatti, 57 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: João Francisco Tatti e Honoria Pires Tatti. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal de Mandirituba.

Julieta Carlota Zagonel Moro, 93 anos. Profissão: do lar. Filiação: Angelim Zagonel e Angelica Zagonel. Sepultamento hoje, no Cemitério Pedro Fuss, em São José dos Pinhais.

Lourdes Kaehler, 79 anos. Profissão: do lar. Filiação: Pedro Kaminski e Ignez Pampuch Kaminski. Sepultamento ontem.

Lourdes de Lima Sumini, 60 anos. Profissão: auxiliar produção. Filiação: Francisco José Sumini e Maria Jovita de Lima. Sepultamento ontem.

Madalena Peres Leandro, 61 anos. Profissão: do lar. Filiação: Maria de Jesus Peres. Sepultamento ontem.

Manoel José Ferreira, 68 anos. Profissão: motorista. Filiação: João Ferreira Filho e Genoveva Silveira. Sepultamento ontem.

Miguel Wilson de Lima, 56 anos. Profissão: policial militar. Filiação: João Leal de Lima e Maria de Lima. Sepultamento ontem.

Mitsue Wada Siguimura, 91 anos. Profissão: do lar. Filiação: Komatsu Wada e Seijiro Wada. Sepultamento ontem.

Nelson Traci, 71 anos. Profissão: gerente. Filiação: André Traci e Maria Jacobuci Traci. Sepultamento ontem.

Oswaldo João Camargo, 87 anos. Profissão: funcionário público federal. Filiação: David de S Camargo e Anna R Camargo. Sepultamento ontem.

Oswaldo Rodrigues Mello, 69 anos. Profissão: motorista. Filiação: Jorge Rodrigues de Mello e Maria de Jesus Mello. Sepultamento ontem.

Otacília Berto da Silva, 83 anos. Profissão: do lar. Filiação: Miguel Berto da Silva e Isalina Grein. Sepultamento ontem.

Otacílio Rodrigues de Morais, 52 anos. Profissão: auxiliar de serviços gerais. Filiação: Ambrosia Rodrigues de Morais. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal do Boqueirão.

Valte Gonçalves dos Santos, 67 anos. Profissão: lavrador. Filiação: Diamiro Gonçalves Leluia e Clarinda Guilherme. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal da Cidade de Origem.

Vera Lúcia Andrade, 54 anos. Profissão: zeladora. Filiação: Aquiles Antônio de Andrade e Arabela Maria de Andrade. Sepultamento ontem.

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