Prova Brasil
O cenário paranaense fica mais otimista quando se observam os resultados apenas da Prova Brasil, exame que integra o Ideb (junto com dados sobre aprovação escolar). 90% dos municípios melhoraram a nota na última edição. Este resultado indica que o abandono escolar e às reprovações puxaram a média para baixo.
Evolução
O segredo dos que progrediram
Nenhuma das redes municipais que mais progrediram nas últimas edições do Ideb investiu em inovações chamativas. De acordo com gestores públicos, o segredo desses municípios foi fazer o essencial com eficiência e agir com precisão em problemas pontuais.
Santa Terezinha do Itaipu
Localizada no extremo Oeste do estado, na fronteira com o Paraguai, o município alcançou a nota 7,5, a segunda maior do estado. O progresso foi de 1,1 ponto desde a divulgação de 2009 e a cidade ainda conseguiu ficar um ponto acima da média prevista para ser atingida só em 2022 nos anos iniciais do ensino fundamental. Segundo a secretária municipal de Educação, Nelsi Freiberger, o desempenho se deve, entre outros fatores, à qualificação dos professores da rede e ao alto investimento em infraestrutura. Segundo ela, 80% dos 239 docentes têm pós-graduação.
Ivaté
Depois da nota 4,7 no Ideb de 2009, a primeira medida da prefeitura da cidade, que fica no Noroeste, foi a implantação de uma biblioteca, o que até então não existia. De acordo com Silvana dos Santos Fonseca Barbosa, pedagoga da equipe de ensino do município, duas formadoras foram contratadas para trabalhar exclusivamente com a capacitação de professores e foi dada ênfase às aulas de leitura. Os esforços surtiram resultado. O índice do município deu um salto de 1,7 ponto, chegando à média 6,4.
Joaquim Távora
No município do Norte paranaense, o envolvimento das famílias e o reforço escolar foram apontados pela secretária municipal de Educação, Edna Maria Parazzi Martini, como o segredo dos bons resultados que colocaram o município no topo do ranking estadual. Alunos com dificuldades ou notas ruins têm duas horas a mais de aula, no contraturno, e a inclusão dos pais nas atividades escolares é uma regra lembrada em todas as disciplinas. A cidade ficou com 7,7 no índice. Desde a primeira medição, realizada em 2005, o crescimento foi de 4,1 pontos.
Cerca de 30% das redes municipais de educação no Paraná regrediram no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) quando comparados os desempenhos nas duas últimas edições da avaliação, em 2009 e 2011. Embora a média do estado nos anos iniciais do ensino fundamental (1.º a 5.º ano) tenha aumentado de 5,4 para 5,6, a quantidade de municípios que tiveram um rendimento pior do que na edição anterior chega a 112. Os números exibem o que a média do estado esconde quando vista de forma isolada: a discrepância da qualidade da educação entre as redes municipais faz com que o Paraná tenha representantes no topo do ranking nacional, com desempenhos próximos de 8, enquanto outros não chegam à média 4.
Entre os municípios que pioraram seu desempenho, a maior queda ocorreu em Santa Amélia, no Norte do estado, que havia alcançado nota 5,8 no índice de 2009. A cidade, que teve o prefeito afastado em abril por improbidade administrativa, passou para 4,1 no Ideb de 2011.
A 400 km de Santa Amélia, o município de Ivaté foi o que obteve o maior progresso. Entre 2009 e 2011 o desempenho das escolas da cidade cresceu 1,7 ponto, saindo de 4,7 para 6,4. Quando analisadas as notas desde a primeira divulgação do índice, em 2005, a variação positiva chega a 4,1 pontos.
Segundo Andrea Bergamaschi, coordenadora geral do movimento Todos Pela Educação, essa diferença de desempenho entre um município e outro é um dado que deve ser estudado pelos gestores públicos do Paraná. "A média do estado não é ruim, mas ,como toda média, esconde algumas fragilidades e quando se trata de qualidade na educação é preciso buscar retornos mais específicos", pondera.
Andrea lembra que para o Ministério da Educação o Ideb é importante para o diagnóstico de vários problemas e para a definição de políticas públicas, como as que visam à inclusão. Mas a melhoria de desempenho exige ações voltadas a cada escola e aluno.
Cenário mais otimista
Embora seja grande o desafio de equiparar a qualidade educacional de municípios com realidades tão distintas, o cenário fica mais otimista quando se observam os resultados apenas da Prova Brasil, exame que integra o índice (junto com dados sobre aprovação, reprovação e evasão escolar). Dos 383 municípios paranaenses que aplicaram a prova em 2009 e 2011, 90% melhoraram a nota na última edição.
O resultado indica que, em grande parte dos municípios que regrediram no índice, o abandono escolar e as reprovações foram os responsáveis por puxar a média para baixo. Para Andrea, esses problemas devem ser encarados com a mesma seriedade das notas baixas. "Estar na escola e passar de ano são componentes que precisam andar sempre juntos. O Ideb nos permite ver isso", avalia.
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