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Os casarios e apartamentos mais antigos da região central de Curitiba ganham a simpatia de jovens que querem estar mais perto do trabalho e evitar o trânsito e grandes deslocamentos na cidade | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Os casarios e apartamentos mais antigos da região central de Curitiba ganham a simpatia de jovens que querem estar mais perto do trabalho e evitar o trânsito e grandes deslocamentos na cidade| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
  • Fabiana (à esquerda) e Lilian (na frente) reúnem amigos no Centro da cidade

Todos os anos, o Centro de Curitiba fica um pouquinho mais novo. A região que serviu de berço para o nascimento da cidade e que guarda grande parte de sua história, rejuvenesce devagar, a 0,2 % ao ano. Segundo o Perfil Imboliário da Gazeta do Povo, essa é a taxa anual de crescimento da região central (Centro e Centro Cívico).

O porcentual está bem abaixo da média da cidade – 1,3%, mas traz uma peculiaridade. No Centro, o crescimento é praticamente todo puxado por gente jovem. Nenhuma outra parte de Curitiba tem tantos habitantes concentrados entre os 20 e 29 anos. Um quarto dos moradores do Centro está nessa faixa etária. Por outro lado, é a área em que moram menos crianças na cidade. "É um público composto por jovens vindos do interior, casais sem filhos e estudantes universitários", explica o coordenador produtivo da Apolar Imóveis, Rafael Bassetti Casagrande. Os novos moradores fazem da região central uma área peculiar na cidade. No Centro, os jovens dividem espaço com os idosos. A idade média populacional da região também é bem superior à verificada em Curi­tiba e a população acima dos 70 anos é de 9,8% (bate os 3,6% do resto da cidade). "Quem é dono de imóvel e mora nele, no Cen­tro, são os idosos", diz Bassetti. Essa geração que mora na área central não acompanhou os filhos na mudança para os bairros e permanece, por razões emocionais ou mesmo práticas, vivendo nas casas e apartamentos em que passaram a maior parte da vida.

É um público, portanto, que resiste e vê uma mudança constante nos vizinhos, sempre jovens, quase sempre solteiros.

Os espaços vão vagando e os inquilinos chegando em busca da praticidade e do charme da região. Foi o que ocorreu com a designer Lilian Doring, 31 anos. Até a metade do ano passado, ela morava em um apartamento no bairro Água Verde. Lilian tinha de tirar o carro da garagem todos os dias. Mesmo não sendo um bairro distante do Centro, ela sentia que sua vida social também era afetada. "Eu ficava longe dos lugares que costumo sair à noite e dos meus amigos", diz.

Em março de 2009, Lilian reencontrou uma amiga de colégio, a professora Fabiana Conci, 34, procurando uma companheira para dividir um apartamento de cerca de 100 metros quadrados na Avenida Marechal Deodoro, perto da esquina com a Rua General Carneiro.

Lilian aceitou a proposta e hoje o apartamento de três quartos – elas procuram uma terceira pessoa para dividir o espaço – tornou-se ponto de encontro dos amigos. Na última quinta-feira, a casa de Lilian e Fabiana sediou uma sessão de filmes de terror. "Muitas vezes nem saímos. Chamamos o pessoal que vem aqui e fica conversando, bebendo e comendo", diz Fabiana, que está no apartamento há dois anos, depois de deixar para trás o Boqueirão e as viagens de ônibus. "Aqui faço tudo a pé." As festas caseiras acontecem sem problema. São só dois apartamentos no conjunto. O segundo é ocupado pela própria dona do imóvel que, ga­­rantem as meninas, não se importa com o barulho nos fi­­ns de semana.

O apartamento de Lilian e Fabiana é uma das alternativas que o Centro oferece. O perfil mais procurado de imóveis na região central é o econômico, ou seja, apartamentos com um ou dois quartos e até mesmo quitinetes. Mas as moradias maiores também são encontradas. "Temos muitos imóveis antigos nessa parte da cidade. Eram apartamentos grandes, para as famílias mesmo, que foram sendo passados para frente", explica Bassetti.

Custos

De modo geral, o preço do imóvel no Centro é mais elevado que em outras regiões de Curitiba. Um apar­tamento de um quarto sai, em média, por R$ 149 mil (a média de Curitiba é de R$ 139 mil). A diferença costuma repercutir no aluguel. O arquiteto Vágner Conciani, 36, sentiu a diferença há três anos quando trocou o Bairro Alto por um apartamento na Praça Santos Andrade. "O aluguel é, sim, mais caro."

Colocando as contas na ponta do lápis, no entanto, Vágner percebeu que estava gastando menos morando na região central. "Eu deixo o carro em casa, não gasto com combustível, estacionamento e, como moro perto do trabalho, posso preparar algo para comer em casa, no horário de almoço", diz ele, que divide a moradia com um amigo. "Morar no Centro é diferente. Só penso em sair daqui quando comprar meu próprio imóvel."

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