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Raimundo e família: todos dependem da aposentadoria do casal | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Raimundo e família: todos dependem da aposentadoria do casal| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Planos vigentes

Vários países se dividem entre o modelo atuarial e solidário, ou criam um sistema misto usando as duas fórmulas. Veja alguns exemplos:

Estados Unidos

- As contribuições dos trabalhadores são diretamente utilizadas para pagar as aposentadorias e pensões. O sistema de solidariedade, também chamado de sistema de repartição simples, foi implantado em 1935 pelo presidente Franklin Roosevelt, e teve como estopim a situação econômica após a crise de 1929. Muitas pessoas precisavam de benefício, mas não havia dinheiro em caixa para os repasses.

Idade mínima: 65 anos para homens e mulheres.

França

- A forma de pagamentos também é por solidariedade, com as aposentadorias financiadas pelos contribuintes da ativa. Recentemente, o Senado francês aprovou, após vários protestos, uma reforma que aumenta o limite mínimo para aposentadoria em dois anos.

Idade mínima: 67 anos para homens e mulheres.

China

- O atual sistema previdenciário foi criado em 1997, acompanhando o fim da economia planificada do país. O sistema de previdência é misto: os aposentados recebem um pagamento mínimo (chamada de "base social"), acrescido de um valor relacionado à contribuição feita pelo trabalhador ao longo da vida.

Idade mínima: 60 para homens e 50 para mulheres (55 para funcionárias públicas).

Itália

- Usa o sistema de previdência atuarial, em que o valor do benefício é resultado das contribuições mensais dos trabalhadores. O governo também oferece um sistema complementar, no qual o interessado passa a depositar, mensalmente, 33% a mais em seu fundo de aposentadoria.

Idade mínima: flexível entre 57 e 65 anos para homens e mulheres.

Finlândia

- Considerada um dos sistemas de seguridade social mais avançados do mundo. Existem dois pacotes.

O Plano Nacional de Pensão da Finlândia, disponível a todos os cidadãos, mesmo aos que não contribuíram com o sistema. O valor da pensão é uniforme, mas pode sofrer acréscimos devido ao custo de vida na região em que o beneficiário mora ou à presença de incapazes na família. Ou ser reduzido em caso de casamento ou fontes alternativas de renda. Os trabalhadores também podem criar um fundo estatal próprio, baseado na renda.

Idade mínima: 65 anos para homens e mulheres.

A possibilidade de o brasileiro se aposentar cada vez mais tarde traz outro impacto indesejado: a concorrência entre os mais velhos e os jovens. Hoje, com o ingresso precoce de muita gente no mercado de trabalho, os profissionais maduros já enfrentam uma prova de fogo – até porque quem tem menos idade tem a vantagem de dominar as novas tecnologias.Além do conflito de gerações, que gera estresse e baixa auto-estima, muitos vêm enfrentando cada vez mais o que o eufemismo considera "transição de carreira", mas que significa, de fato, a demissão. Para o consultor em RH Armelino Giradi, uma nova mentalidade se faz necessária: a de que os cabelos brancos são indício de experiência, e não de irrelevância.O consultor defende até que a contratação de idosos seja estimulada no país, com incentivo fiscal a empresas que contratem e valorizem os funcionários na terceira idade. "Conheço muitos profissionais que são demitidos nessa idade, quando poderiam ser úteis para as empresas. Elas deveriam reconhecer o potencial dessas pessoas, até pagando mais a eles, que, nessa fase da vida, estão mais preocupados em servir, em contribuir, e não em competir."

E os (des)aposentados?

Se a visão dos brasileiros em relação aos idosos que ainda trabalham precisa mudar, igualmente desafiador é alterar o conceito de aposentado no país. E o desafio é duplo: se por um lado há quem se aposente e acredite que a vida terminou, outros, pelo contrário, continuam sem descansar. "Nossos avós e pais se aposentavam e esperavam a morte. Hoje não é mais assim. Eu sempre digo que a vida é como um jogo de futebol: há o primeiro tempo, na qual a preocupação é trabalhar, ter casa, carros, se casar e ter filhos, e o segundo tempo, que é a hora de servir, ser útil de outras formas."

Além disso, hoje há muitos aposentados que não conseguem descansar em função dos baixos rendimentos. É o caso do lavrador aposentado Raimundo Chaves, de 81 anos. Depois de anos de trabalho, iniciados aos 7 anos de idade, ele foi beneficiado pela aposentadoria rural em 1991 (junto com a esposa, Ana Pereira, de 80), e reclama que a aposentadoria tem valor muito baixo. "Seria muito bom se aumentassem o nosso dinheirinho, pois é muita despesa. Depois do dia 15, não sobra mais nada. Passo tudo adiante. Não dá para descansar. A gente fica preocupado só em pagar conta, para não ficar devendo."

Atualmente, a renda do casal garante o sustento da casa onde ainda vivem o filho, o pedreiro Paulo Luiz, a nora Marisa e três netos. A esperança de seu Raimundo é que "o pessoal do INSS" passe a custear os remédios da família (que consomem metade das aposentadorias do casal).

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