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A decisão do governador Roberto Requião (PMDB) de proibir as polícias Civil e Militar de transportarem ao hospital feridos em confrontos policiais – incumbência que será do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate), do Corpo de Bombeiros – divide opiniões. O conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) defende a postura, argumentando que haverá mais transparência nas perícias dos locais de confronto. Já a Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas (Amai) defende que cabe ao próprio policial verificar se há condições ou não de chamar o resgate. O comando da Polícia Militar prefere ainda não se pronunciar sobre a decisão.

O governador tomou a medida após a morte de cinco suspeitos de terem roubado um carro, no bairro Alto da Glória, na madrugada da última sexta-feira. Os cinco foram alvejados pela polícia e transportados ao Hospital Cajuru nas próprias viaturas. De acordo com a PM, os rapazes morreram a caminho do hospital. Foi instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) para averiguar a conduta dos policiais. "Pode ser que a polícia tenha razão neste caso, se diz que os meninos dispararam 16 tiros e que já tinham assaltado antes uma padaria. Mas com esta remoção por parte da polícia nunca chegaremos a essa conclusão", declarou o governador ao telejornal Paraná TV, da RPC.

Para o advogado Dálio Zippin Filho, membro da Comissão de Direitos Humanos do conselho federal da OAB, a decisão vai permitir um acompanhamento mais claro do trabalho policial. "Se a determinação for cumprida, vamos evitar novos casos como o do ônibus 174, no Rio de Janeiro", argumenta o advogado, referindo-se ao sequestro de um coletivo em 2000. Na ocasião, o assaltante Sandro do Nascimento chegou a ser preso vivo pela PM fluminense, mas, após ser transportado em uma viatura, chegou ao hospital morto por asfixia. "Quem tem de prestar socorro aos feridos são médicos e paramédicos. O policial não tem esse treinamento", enfatiza Zippin.

Já o coronel da reserva Elizeu Ferraz Furquim, presidente da Amai, considera que a obrigatoriedade de se chamar o Siate não pode ser tomada por uma decisão meramente burocrática. Para Furquim, é o próprio policial quem deve tomar essa decisão. "Nem sempre é possível chamar o resgate. Se o ferimento não for tão grave a ponto de poder esperar a ambulância e, principalmente, se o policial não estiver em um local hostil, aí sim o resgate deve ser chamado. Mas essa avaliação só o policial, no momento da ação, pode fazer", considera.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a decisão não vai alterar os atendimentos do Siate. "Na verdade já prestamos esse tipo de atendimento. A demanda que a PM vai nos passar não é tão alta a ponto de alterar nossa rotina", aponta o major Carlos Alberto Mascarenhas, da Comunicação Social dos Bombeiros.

O médico Vinícius Filipak, gerente do pronto-socorro do Hospital Cajuru e socorrista do Siate, aponta que há casos em que a PM poderia fazer o transporte do ferido sem problemas. O transporte pela ambulância, diz o médico, é recomendado para casos graves. "Geralmente os graves são quando as perfurações atingem crânio, pescoço e tórax. Nesses casos, o transporte mal feito pode causar sequelas", explica, citando o caso de um tiro na coluna. Se não for feita a imobilização adequada, a pessoa pode ficar paraplégica.

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