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Detalhe da Capela Central do Seminário São José no Orleans, a quinta e definitiva sede em 118 anos de história | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Detalhe da Capela Central do Seminário São José no Orleans, a quinta e definitiva sede em 118 anos de história| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Arquitetura

Capela Central é o "coração" do seminário

Um dos recantos com maior valor arquitetônico, histórico e simbólico da sede atual do Seminário São José é a Capela Central, reconhecida por padres e seminaristas como "o coração do seminário". Começou a ser construída junto com o restante do prédio, mas teve as obras paralisadas por causa do Concílio Vaticano II, que alterou a liturgia da Igreja Católica.

"Antes, as missas não podiam ser co-celebradas por mais de um padre em um mesmo altar. Por isso, a Capela Central teria capelas laterais. Já após o fim do Concílio [em 1965], fez-se um único altar", destaca padre Antônio.

À entrada da capela está a pia batismal, simbolizando a sacramento pelo qual o fiel é introduzido à Igreja. Ao lado, permanece uma imagem centenária de São José – a mesma de quando a instituição foi criada. Em seguida há três degraus, que representam a Santíssima Trindade, e dão acesso ao templo.

Os vitrais degradê vão se tornando mais azuis conforme se aproximam do altar. O piso também é inclinado e a planta, suavemente afunilada, também em direção ao ponto de celebração. Tudo para ilustrar a aproximação com Jesus. "Além desta simbologia, a Capela Central é um lugar muito aconchegante para a oração", observa padre Antônio.

Dom Pedro Fedalto, a memória viva

Outro "personagem" marcante do livro é dom Pedro Fedalto, que foi arcebispo de Curitiba por 34 anos – entre 1970 e 2004. Nesse período, manteve uma relação muito próxima com o Seminário São José. "A história dele se confunde com a da instituição. É a nossa memória viva", assinala padre Antônio. Desde que se aposentou da arquidiocese, dom Pedro passou a morar no São José. Ali, ocupa um quarto com escritório e tem uma pequena biblioteca – que, em breve, será aumentada com as obras completas de Bento XVI. Com bom humor e voz retumbante, anda para lá e para cá pelos corredores, apoiado em sua bengala de madeira.

  • Padre Antônio e o editor Victor Augusto Graciotto
  • Das centenas de alunos, 186 viraram padres e 18, bispos
  • Dom Odilo Scherer viveu no seminário de 1963 a 1969

O prédio de dimensões superlativas se espalha por um vasto terreno cercado de araucárias, no bairro Orleans, em Curitiba. Com longos e amplos corredores, inspira um clima silencioso de paz ao mesmo tempo em que nos faz sentir pequenos. A edificação é a quinta sede do Seminário São José, uma das instituições religiosas mais antigas do Paraná e que terá, enfim, sua importância perpetuada em um livro. O lançamento ocorreu no domingo.

A publicação Seminário São José: 118 anos de História traz um vasto registro iconográfico e documental da casa religiosa, responsável pela formação de centenas de alunos, dos quais 186 se tornaram padres e 18, bispos. Entre eles, figuras ilustres como dom Odilo Scherer, atual arcebispo de São Paulo e que chegou a ser um dos mais cotados para suceder o papa Bento XVI.

O resgate histórico é assinado pelo padre Antônio Luciano Ferreira de Lima – um pernambucano que chegou à casa em 1999 – e pelo monsenhor Francisco Fabris, que há 47 anos mora da instituição. "Lembro do monsenhor Francisco andando de sandálias por este vasto corredor, indo celebrar a missa no meu primeiro dia de seminário. Jamais imaginaria que anos mais tarde iria escrever este livro com ele", conta padre Antônio.

A história da instituição também é revelada pelas centenas de fotos, que foram resgatadas e digitalizadas. Contam não só as atividades religiosas, mas os momentos de descontração, como os campeonatos de futebol disputados nos campos do seminário. O livro também traz o relato de ex-alunos, padres e ex-reitores da entidade.

"Mais que uma casa de formação religiosa, o São José é uma casa com um imenso valor histórico. O objetivo era resgatar este valor, como um patrimônio do estado", disse o editor da obra, Victor Augustus Graciotto Silva. "O livro permite ter uma visão não só do aspecto religioso, mas de como era o cotidiano no seminário."

O Seminário São José foi instituído em 1896, dois anos após a concepção da Diocese de Curitiba. "A criação de ambos constam da mesma bula papal, editada por Leão XXIII", revela padre Antônio. Inicialmente, o seminário funcionou em uma casa improvisada na Rua Comendador Araújo. Ocupou ainda outras três sedes antes de chegar ao prédio atual, no Orleans. Entre eles, a edificação que deu nome ao bairro Seminário.

Odilo Scherer viveu no local durante 7 anos

Parte da formação religiosa do cardeal e arcebispo Odilo Pedro Scherer foi erigida entre as paredes do Seminário São José. De 1963 a 1969, ele viveu na instituição, que o preparou à vida sacerdotal. Em carta datada de 1996, Scherer lembra do período que passou na casa. "Plantamos muita grama, muitas árvores, foram organizados os campos esportivos, construímos até tanques para peixes na área do 'banhado' e uma 'pirâmide' em terra e grama", conta ele, durante uma passagem do livro.

Dom Odilo recorda ainda que foi encarregado de cuidar do pomar e dos "serões alegres, das festas juninas, dos dias chuvosos e do longo e úmido inverno de Curitiba". Destaca também a saudade que sentia da família, que morava em Toledo. "Agradeço a Deus pelos anos que aí passei, pelos superiores e colegas que tive e pela formação recebida. Foi um tempo, não sem sacrifícios, do qual recordo com alegria e reconhecimento", rememora.

Serviço: Editora Máquina de EscreverSite: www.maquinadeescrever.net.br

Livro celebra 118 anos do Seminário São José

Uma das instituições religiosas mais antigas do Paraná, o Seminário São José teve sua história centenária contada em um livro, que acaba de ser lançado. A obra resgata a importância da entidade como patrimônio histórico do estado.

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