• Carregando...
Alex posa ao lado de sua estátua de tamanho real em Istambul | Divulgação Fenerbahçe
Alex posa ao lado de sua estátua de tamanho real em Istambul| Foto: Divulgação Fenerbahçe

Agrotóxicos em excesso

A Anvisa analisou 2.488 amostras de 18 tipos de alimentos coletados no país, menos São Paulo, em 2010.

Veja abaixo os que apresentaram o maior índice de amostras com concentração de pesticidas:

Pimentão 91,8%Morango 63,4%Pepino 57,4%Alface 54,2%Cenoura 49,6%

Risco oculto

Pesticida presente no solo contamina orgânicos

Para ser considerado orgânico, um produto precisa ser cultivado em ambiente sustentável e não usar agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Isso, no entanto, não consegue evitar que, algumas vezes, os orgânicos se contaminem com agrotóxicos já presentes no solo onde são cultivados, afirma o agrônomo Eduardo de Barros Vilas Boas, da Universidade Federal de Lavras (MG). Segundo ele, isso é resultado da falta de fiscalização no uso abusivo de agrotóxicos em lavouras no país.

Em nota, o ministério informou que fiscaliza o uso de pesticidas "em produtos e estabelecimentos que fabricam, formulam e manipulam agroquímicos ou que testam a sua eficácia agronômica (...) para garantir que o insumo chegue até o produtor rural com a qualidade prevista no seu registro".

Produção de orgânicos

Brasil é o 5.° maior produtor de orgânicos do mundo. Hoje, existem 11 mil unidades de produção de alimentos in natura certificados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No Paraná, o total de hectares destinados a esse tipo de cultura passa dos 8 mil, o suficiente para colocar o estado como o quarto maior produtor de orgânicos do país, atrás de Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Quem consome alimentos orgânicos acreditando que eles são mais nutritivos pode ficar em dúvida na próxima compra. Um estudo publicado neste mês pela revista de saúde Annals of Internal Medicine revelou que não existem diferenças significativas na presença de vitaminas e minerais entre frutas e verduras cultivadas in natura e as produzidas pelos meios convencionais, com o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

Pesquisadores da Uni­ver­sidade de Stanford (EUA) revisaram 17 estudos feitos em humanos e 223 trabalhos científicos sobre os níveis nutritivos e de contaminação dos alimentos orgânicos, feitos entre 1966 e 2011. A pesquisa concluiu que, apesar de estarem menos expostos a pesticidas, os orgânicos não têm valor nutricional maior.

Segundo o agrônomo e professor adjunto da Uni­ver­sidade Federal de Lavras (MG) Eduardo de Barros Vilas Boas, os resultados do estudo podem proceder, já que o objetivo da produção de orgânicos é reduzir o impacto dos agrotóxicos no meio ambiente e não, necessariamente, criar produtos mais nutritivos. "Mas já existem alguns estudos que mostram que uma ou outra variedade de verdura pode ter mais vitamina C ou antioxidante, por exemplo", afirma.

O estudo da Stanford, porém, não é suficiente para abalar a fé que a dona de casa Roseli Al Farah deposita nos orgânicos. Consumidora voraz desse tipo de produto, ela diz que os resultados da pesquisa são insuficientes para convencê-la a optar pelos alimentos cultivados por métodos industriais. "Jamais vou deixar de comprar meus produtos orgânicos", diz.

Preço justificável

Frutas, verduras, carnes e legumes orgânicos costumam ter um preço acima da média. Em uma determinada rede de supermercados de Curitiba, por exemplo, uma unidade de escarola cultivada por métodos industriais custa R$ 1,98 enquanto a mesma verdura no setor de orgânicos é encontrada por R$ 3,89 – quase o dobro. A diferença pode ser gritante para alguns, mas para consumidores de alimentos menos expostos a agrotóxicos, pagar a mais é conveniente. "Se for ver, eles não são tão mais caros assim e eu acho que vale a pena pagar por essa diferença. Não adianta levar um tomate ou um morango para me alimentar bem se eles estão cheios de agrotóxicos", argumenta.

Para o engenheiro químico e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Lúcio Cardozo Filho, o preço mais alto dos orgânicos se justifica pelo fato de que a cultura desses produtos exige mais cuidados e mão de obra, já que não são produzidos em larga escala e sim por pequenos e médios agricultores familiares. "O trabalho manual é maior. Esse tipo de plantação precisa de controle e observância maior e por isso o trabalho é mais difícil, o que reflete no preço", explica.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]