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A Síntese dos Indicadores Sociais 2007, divulgada ontem, embasa uma reclamação antiga da ala feminina: a de que sobram mulheres em relação ao número de homens no Brasil. O estudo mostrou que existem 95,3 homens para cada grupo de 100 mulheres. De acordo com o estudo, entretanto, Curitiba está entre as regiões metropolitanas com menor desproporção.

Embora a média de Curitiba e região metropolitana seja igual à nacional (95,3 homens para cada grupo de 100 mulheres), a desproporção é ainda maior em outras capitais. Curitiba está a frente das regiões metropolitanas de Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belém, Rio de Janeiro e Recife. A região metropolitana de Recife, aliás, é a que tem a maior desproporção, com 87,8 homens para cada grupo de 100 mulheres.

De acordo com o chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos, a tendência é que as cidades do interior tenham uma concentração maior de homens. "Essas cidades mantêm mais a população de sexo masculino por conta da agricultura", afirma. Já as capitais têm uma prevalência maior da população feminina. "Primeiro, porque a mortalidade infantil masculina é maior. As mulheres resistem mais. Segundo porque, entre os 15 e 29 anos, há mais mortes violentas entre os homens", explica.

O sociólogo Lindomar Wessler Boneti, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), aponta que Recife e Rio de Janeiro estão nas últimas posições do ranking por motivos semelhantes: problemas sociais. "No Rio há um grande conflito e o homem se expõe mais nesse tipo de situação", afirma. "No Recife, além do problema da violência, também existe a migração."

Boneti diz que a curto prazo a maior dificuldade pode aparecer nos relacionamentos afetivos. "Com uma quantidade menor de homens, as mulheres podem ter dificuldade em encontrar parceiros".

A pesquisadora Eliane Gonçalves afirma, no entanto, que é necessário ter cautela para analisar os dados. "Esse número grande de mulheres pode estar associado à maior expectativa de vida feminina, já que vivemos quase dez anos a mais". Ela é autora da tese "Vidas no singular: noções sobre ‘mulheres sós’ no Brasil contemporâneo", resultado de seu doutorado na Unicamp. "Na minha pesquisa, descobri que as mulheres estão tendo novos planos para a carreira e adiando o casamento e filhos, por exemplo".

De BH para Curitiba

A mineira Mariane Tanuri morava em uma cidade perto de Belo Horizente e veio para Curitiba há nove anos devido à separação dos pais. Aqui, encontrou o companheiro e futuro marido, Everton Dropa. De acordo com dados do IBGE, na região metropolitana de Belo Horizonte são 93 homens para cada 100 mulheres, o que ainda é um problema para as colegas de Mariane. "Grande parte das minhas amigas de lá ainda está solteira. E o pior: os poucos homens não querem compromisso sério".

Ela conta que suas amigas até brincam e pedem para ela encontrar um curitibano que queira se casar. Mariane conheceu o namorado na faculdade de Ciência Política. Ela diz, no entanto, que sentiu muita dificuldade em se adaptar ao jeito mais inibido dos curitibanos. "A gente sabia que lá tinha menos garotos, mas como eles são mais ‘atirados’, era difícil perceber a diferença".

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