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Por causa da insatisfação dos oficiais da corporação da Polícia Militar e das entidades que defendem a categoria, o comandante-geral da PM, coronel Anselmo José de Oliveira, explicou a atitude de afastar os comandantes que conduziram a reintegração de posse do terreno no bairro Fazendinha, em Curitiba, no último dia 23. Para desconforto da corporação, na segunda-feira (27), o major Nerino Mariano de Brito, subcomandante do 13.º, também pediu para ser afastado do cargo.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (29), o comandante-geral relata que os afastamentos se deram em razão de algumas ações da polícia durante a reintegração que desgostaram a corporação, "em especial o uso de munição de borracha que acertou o rosto do cinegrafista".

A nota destaca a responsabilidade do comando pela ação dos policiais. "Uma premissa do sistema militar, de tradição milenar, é a responsabilidade do comandante em relação às ações de sua tropa".

Anselmo declarou, ainda, que a grande maioria dos procedimentos da polícia no Fazendinha transcorreram dentro da normalidade e que, apesar da resistência física dos ocupantes, a maioria dos ocupantes saiu ilesa.

A nota informou ainda que o afastamento dos oficiais - coronel Alexandre Scheremeta e major Flávio Correia - foi debatido entre o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, o governador do estado – "que detém o poder de nomear e exonerar oficiais da corporação"- e o comandante-geral.

O coronel Jorge Costa Filho, designado para assumir o Comando do Policiamento da Capital também explicou os afastamentos. "O Major Correia foi exonerado da função porque ele era o comandante da ação. Ele foi afastado para dar maior transparência na apuração dos fatos. Isso é uma rotina nossa (da PM)", afirmou. "Já com o Scheremeta, ele mesmo pediu o afastamento porque também estava no local (da reintegração)", disse. Atualmente, Scheremeta está atuando como Diretor de Apoio Logístico da PM, e o major Correia assumiu o Centro de Recrutamento e Seleção da corporação.

Sobre o pedido de afastamento do major Brito, Costa contou que o oficial solicitou ao comando para deixar o cargo por ter feito parte da cúpula de planejamento da operação. "Ele não estava se sentindo a vontade, já que participou do plano de execução da reintegração e também saiu". Segundo Costa, Brito assumiu o posto de subcomandante do 20.º Batalhão.

A reportagem tentou entrar em contato com os oficiais remanejados, mas o único encontrado foi o major Correia. Ele confirmou o novo cargo, mas não comentou o afastamento. "Se eu falar qualquer coisa agora vai ser emocional, então, prefiro não comentar", ponderou.

Revolta

O presidente da Associação Beneficente dos Cabos e Soldados da PM, Sebatião Félix de Souza, está revoltado com o afastamento dos oficiais. Na terça-feira (28), a entidade publicou uma nota de repúdio sobre a decisão da Secretaria de exonerar os PMs. "O Delazari não tem autonomia para isso. Ele desrespeitou o estatuto da PM com uma decisão absurda e ilegal", afirmou.

Na sexta-feira (24), houve uma reunião na Associação de Defesa dos Policiais Militares onde foi debatido o afastamento dos PMs. "As questões militares são internas da PM e quando um secretário de Segurança altera essa ordem, desconserta o conjunto", explicou o coronel da reserva Eliseu Ferraz Furquim.

Nas ruas, nos batalhões e nas delegacias da polícia civil, o descontentamento dos policiais é quase unânime. "Ninguém concorda com isso (afastamento dos PMs)", disse um policial que não quis se identificar.

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