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O Brasil ocupa hoje posição de destaque mundial na busca por fontes alternativas de energia e isso deve se refletir em breve na gestão dos resíduos sólidos no país. A opinião é do grego Antonis Mavropoulos, diretor-técnico da Associação Internacional de Resíduos Sólidos, organização sem fins lucrativos que promove a gestão sustentável dos resíduos utilizando meios científicos, econômicos e sociais. Ele esteve em Brasília na semana passada num evento promovido pela Frente Nacional de Prefeitos.
Especialista mundial em resíduos sólidos, Mavropoulos vê com otimismo a atuação brasileira nos estudos sobre desenvolvimento sustentável. "O país deu um importante passo nessa questão com a aprovação da Política Nacional de Resíduos, que é uma das mais modernas e ambiciosas que conheço", afirmou, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo. Confira:
Como você vê o Brasil em relação ao desenvolvimento sustentável?
O Brasil tem todos os recursos necessários energia, pessoas e vontade para promover o desenvolvimento de maneira sustentável, mas esta é uma iniciativa que está apenas começando. Porque a sustentabilidade não é uma condição, mas um processo contínuo.
O que falta na pesquisa de outras fontes de geração de energia?
O Brasil é um dos players mais ativos na pesquisa de fontes alternativas de energia o etanol é uma fonte representativa nesse sentido. No entanto, nos últimos anos observamos grandes avanços na utilização de biomassa, o que será visto aqui muito em breve.
Como está sendo tratada a questão dos resíduos nos países hoje?
A gestão de resíduos é tratada de diferentes formas ao redor do mundo. Os resíduos devem ser levados em conta de duas formas: a primeira é em decorrência de uma produção ineficiente. Se tivéssemos eficiência não teríamos resíduos. E também é um sintoma de um consumo desregrado. Menos resíduos significam um padrão mais sustentável da sociedade. Sendo compreendida essa dualidade é possível colocar a gestão de resíduos no caminho certo. Esta é a tendência mundial.
Qual o nível de desenvolvimento do Brasil no assunto?
O Brasil teve um importante passo nessa questão com a aprovação da Política Nacional de Resíduos, que é uma das mais modernas e ambiciosas que conheço. O país iniciou essa mudança e os passos dos próximos dois ou três anos mostrarão como o país vai avançar nessa questão.
A iniciativa tem de partir das pessoas?
A prevenção na geração de resíduos e a reciclagem são altamente dependentes da participação social. Mas isso não basta e não veremos avanços se os produtos e sistemas não estiverem preparados e adaptados para esse novo tempo.
Faltam então ações de governo?
A gestão de resíduos também é uma questão de infraestrutura, o que depende de vontade e ação do poder público. Então, acima de tudo precisamos de sinergia entre os atores. Essa sinergia requerida demanda um aperfeiçoamento contínuo. O governo deve ser o coordenador dessa sinergia e do processo como um todo a sua ação se faz sempre necessária e assume um papel fundamental.
Quais são as consequências de não se dar um tratamento adequado para o lixo?
O principal problema relacionado aos resíduos urbanos, que são os mais volumosos, é a fração orgânica. A menos que ela seja tratada de maneira efetiva, são criados problemas ambientais graves, não apenas para a nossa geração, mas também para as futuras, com contaminação do solo e das águas e emissões indesejáveis. A única maneira de assumir nossa responsabilidade atual e não jogar o problema para o futuro é tratar o lixo de maneira adequada e não simplesmente enterrá-lo em locais não preparados para isso.
Como o lixo pode ser aproveitado?
Podemos aproveitar dos resíduos materiais e a energia. Materiais são recuperados através da reciclagem e tratamento mecânico. Para o que não pode ser reabilitado, o mais indicado é recuperar a energia por meio de processos de geração de energia a partir dos resíduos.
Como é visto o uso do lixo para geração de energia no Brasil e nos outros países?
Geração de energia a partir do lixo é um método comprovado e comercialmente adotado há mais de um século ao redor do mundo. Alemanha, Dinamarca e Holanda combinam as mais altas taxas de reciclagem com um intenso uso de recuperação energética. Para o Brasil considero projetos de geração de energia como uma das soluções a ser considerada e absolutamente necessária para regiões metropolitanas e superpopulosas.
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