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Nos últimos meses, uma substância química em estudo pela Universidade de São Paulo (USP) foi anunciada como a cura para diversos tipos de câncer. A procura pela fosfoetanolamina foi grande e a enxurrada de ações na justiça – para liberar e vetar a distribuição do produto – também. A instituição, entretanto, divulgou um comunicado em que ressalta que a substância não é remédio e que não há qualquer indício que aponte sua eficácia como tratamento contra o câncer, pois não era esse o objeto da pesquisa. No entanto, a universidade não descarta a possibilidade de que sejam realizados estudos suplementares.

A instituição ainda afirmou que está verificando o possível envolvimento de docentes e funcionários na difusão da informação incorreta sobre a substância e não descarta a possibilidade de denunciar, ao Ministério Público, “os profissionais que estão se beneficiando do desespero e da fragilidade das famílias e dos pacientes”.

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De acordo com nota emitida pela universidade na terça-feira (13), a fosfoetanolamina foi pesquisada como substância química, mas não foram desenvolvidos estudos sobre a ação dela em seres vivos, tampouco estudos clínicos controlados em humanos e acompanhamento das consequências de seu uso. Dessa forma, não há registro nem autorização de uso concedidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que impede sua classificação como remédio, motivo pela qual não possui bula. Outra ressalva feita pela instituição é a de que não há um médico responsável por prescrever essa substância a nenhum dos pacientes que a solicitam.

“É compreensível a angústia de pacientes e familiares acometidos de doença grave. Nessas situações, não é incomum o recurso a fórmulas mágicas, poções milagrosas ou abordagens inertes. Não raro essas condutas podem ser deletérias, levando o interessado a abandonar tratamentos que, de fato, podem ser efetivos ou trazer algum alívio. Nessas condições, pacientes e seus familiares aflitos se convertem em alvo fácil de exploradores oportunistas”, diz a nota.

A USP também afirma não ter condições de produzir a fosfoetanolamina em larga escala para atender às liminares que está recebendo e que, como a produção é artesanal, não atende aos requisitos nacionais e internacionais para a fabricação de medicamentos. Mesmo assim, garante que os mandados judiciais serão cumpridos, dentro da capacidade da universidade.

Ainda segundo a USP, a substância fosfoetanolamina está disponível no mercado, porque é produzida por indústrias químicas, o que permite a compra em grandes quantidades pelo poder público.

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