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Iolanda Sartori Nascimento é a legítima “cachorreira”. Ela e o marido, Mário, têm sete cães, todos adotados. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Iolanda Sartori Nascimento é a legítima “cachorreira”. Ela e o marido, Mário, têm sete cães, todos adotados.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Aos amantes dos felinos só resta a resignação: no Brasil, a velha máxima que alça o cachorro ao posto de melhor amigo do homem se comprova em números. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) do IBGE revelou que 28,9 milhões de lares, o equivalente a 44,3% dos domicílios do país, têm pelo menos um peludo de quatro patas. E apenas 17,7% das residências, ou 11,5 milhões, abrigam no mínimo um gato.

Cães são maioria, mas gatos ganham espaço

Iolanda Sartori Nascimento é a legítima “cachorreira”. Ela e o marido, Mário, têm sete cães, todos adotados depois de encontrados em situação de risco e maus-tratos. “Com exceção da primogênita, a Madeleine, todos foram encontrados ou apareceram doentes e machucados. Minha ideia sempre foi cuidar e encontrar um lar definitivo, mas acabei me apegando. O marido também se apegou e aí decidimos bancar a bicharada”, conta. Apesar de a presença de felinos em lares brasileiros ser muito inferior à de cachorros, Iolanda acredita que esse cenário vai se inverter em breve: “Nas grandes cidades, cada vez mais o gato vai se fazer presente. Por causa da diminuição do espaço das casas e a preferência por viver em apartamentos, o gato se torna opção mais viável e fácil de cuidar. Mas é importante ter claro que o gato também precisa de carinho, de espaço adequado e de brincadeiras diárias”.

O Paraná não só acompanha a tendência nacional como bateu o recorde: por aqui, 60,1% dos lares são também a casa de pelo menos um cachorro. Já a preferência dos paranaenses pelos gatos está abaixo da média nacional: somente 16,4% dos domicílios têm um ou mais felinos.

A pesquisa revela um dado preocupante: no ranking da vacinação, o Paraná ocupa apenas a 21.ª posição. Segundo o IBGE, somente 65,1% das famílias que têm cão ou gato vacinaram os pets contra raiva nos últimos 12 meses – a imunização deve ser anual.

Cuidados básicos

A médica veterinária Iolanda Sartori Nascimento lembra que os cuidados básicos com os pets vão além da vacinação anual: incluem castração; alimentação de qualidade; manutenção do pelo, das unhas e dos dentes; e check-up anual para animais com mais de sete anos – com direito a hemograma, exames para verificar a função hepática e renal, ultrassom e ecocardiograma. “O animal pode viver até 15 anos ou mais. É preciso não apenas gostar do bichinho, mas prover a saúde e o bem-estar dele”, enfatiza.

Para efeito de comparação, em São Paulo, que ocupa a primeira posição no ranking, 85,8% dos domicílios garantiu a imunização de seus bichinhos contra a doença. A média nacional de vacinação indica que 75,4% das famílias deram a vacina no período de um ano antes da pesquisa.

Imunização

De acordo com a médica veterinária e zootecnista Iolanda Sartori Nascimento, o baixo índice de vacinação revela negligência com a saúde do animal e falta de informação. “Muitas pessoas acham que o animal adulto não precisa do reforço anual, que uma única dose é o suficiente. Ou acreditam que por privar o animal do contato com a rua ou com outros animais, o bicho está protegido. Há ainda a questão do preço, que pode ser salgado para algumas pessoas, no entanto é apenas uma vez ao ano. É um cuidado importante.”

Iolanda lembra que o protocolo vacinal para cães e gatos é diferente, mas ambas as espécies devem ser imunizadas anualmente. Para os cachorros, as vacinas básicas protegem contra cinomose, parvovirose, adenovírus, rinotraqueíte, leptospirose e raiva. Quem tem gatos em casa, deve fornecer a imunização contra o calicivírus, acilve e raiva. Vermífugo periodicamente também cai bem para os bichinhos.

Brasil têm mais pets que crianças

A população brasileira de cachorros foi estimada em 52,2 milhões e a de felinos, em 22 milhões. Os números da PNS 2013, comparados com os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013), revelam que no Brasil há mais cachorros que crianças – naquele ano, o país tinha 44,9 milhões de pessoas de até 14 anos.

Individualismo, humanização dos animais, relacionamento livre de cobranças e críticas – são muitas as teorias para explicar porque os animais alcançaram status de membros da família e, em muitos lares, ocupam o lugar que seria das crianças.

O biólogo James Serpell, da Universidade da Pensilvânia (EUA), autor do livro Em companhia de animais, explica que os cachorros estão suprindo, cada vez mais, carências emocionais dos humanos. Ele atribui à urbanização a aproximação entre as espécies – nas cidades, cães e gatos geralmente vivem sob o mesmo teto que os donos.

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