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Felipe Roscoche e Talita Oliveira no laboratório em que desenvolvem projetos em parceria com a NASA nos Estados Unidos | Arquivo pessoal/
Felipe Roscoche e Talita Oliveira no laboratório em que desenvolvem projetos em parceria com a NASA nos Estados Unidos| Foto: Arquivo pessoal/

Em 1969, quando Neil Armstrong deu o famoso “pequeno passo para um homem, mas gigantesco a humanidade” os estudantes paranaenses, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Talita Oliveira, 22, e Felipe Roscoche, 23, ainda nem sonhavam em existir - quem dirá estudar tecnologia. Naquele momento, a Nasa - Agência Americana responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para exploração espacial - se tornava a maior referência nos estudos aeroespaciais e uma expert no sonho de deixar a Terra para visitar e conhecer não só a Lua, mas outros planetas que estão a nossa volta.

Quarenta e sete anos depois, Talita, que está no sexto período do Curso de Engenharia e Materiais, e Felipe, estudante do quarto período de Engenharia da Computação, podem dizer que estão colaborando para a realização deste projeto, que quer ampliar as fronteiras da ciência e seguir o lema da Nasa: “em benefício de todos”. Os dois, que estão nos Estados Unidos há dois semestres estudando pelo programa Ciência Sem Fronteiras, se inscreveram no Nasa Cubesat Bootcamp, que selecionou candidatos brasileiros para participar de projetos de desenvolvimento de nanosatélites chamados Cubesats.

Os Cubesats são satélites de baixo custo que pesam em torno de um quilo e podem ser usados para detectar sinais eletromagnéticos e observar fenômenos do solo - o que pode anteceder os terremotos, além de monitorar outros planetas. Os dois paranaenses fazem parte do grupo de 28 estudantes de diversas áreas da tecnologia selecionados para participar do projeto, que acontece dentro da Capitol Techonology University, em Laurel, estado de Maryland, na região noroeste dos Estados Unidos e fica há quinze minutos do laboratório chamado Nasa Goddard Space Center ,que financia o projeto.

Grandes passos para a humanidade

Além de ter aulas e workshops com os engenheiros da Nasa, os estudantes desenvolvem outros projetos que posteriormente são testados - e podem vir a ser utilizados - pela própria agência. Talita, por exemplo, trabalha no desenvolvimento de design para o pouso dos cubesats em Marte, e de um foguete para lançá-los do espaço. “É incrível ver se você pode aplicar tudo aquilo que estuda e ainda fazer muita diferença no desenvolvimento tecnológico mundial”, conta a jovem, que já é parte de um projeto que pode mudar a ciência para sempre. “Nunca pensei que iria participar de um projeto dessa amplitude. Me sinto realizada”, afirmou.

Já Felipe desenvolve outros projetos, voltados para a sua área de estudo, como a produção de uma estação de recepção de sinais de satélite e no desenvolvimento de balões de alta altitude, usando sinais de rádio frequência. “A Nasa é uma organização que desponta em tecnologia e por isso pensamos que é algo inatingível. É uma sensação incrível saber que eu posso contribuir para algo tão novo e com tantas possibilidades”, contou o jovem.

Com a finalização dos curso, Talita e Felipe devem retornar para o Brasil dentro de algumas semanas. No retorno, os estudantes pretendem fazer o lema da Nasa uma máxima. “Vamos buscar contar essa história e a nossa experiência para outros alunos”, disse Felipe.

Cubesats podem aceleram os passos da ciência brasileira

Os dois futuros engenheiros têm planos grandes para o futuro. Talita e Felipe afirmam que pretendem, de alguma forma, acelerar o desenvolvimento aeroespacial no Brasil. Para eles, os investimentos na área caminham a passos lentos. “Há muita gente capacitada no Brasil, e não ficamos muito atrás em conhecimento. Aqui nos Estados Unidos tem muitos brasileiros trabalhando. O que falta é o incentivo e investimento do país - é por isso que as pessoas acabam partindo”, comentou Talita.

Os passos dos paranaenses podem vir a ser exatamente como os de Armstrong na década de 60 - pequenos, porém gigantes.Para a estudante, que pretende desenvolver outros projetos aeroespaciais na volta à UEPG, o espaço para a pesquisa é limitada no país, mas que acredita ser possível incentivar esse tipo de estudo. “O orçamento da agência especial brasileira é extremamente baixo. Não se consegue fazer muito. Mas como uma boa ideia e estudo, isso pode mudar”, disse. Para Felipe, os Cubesats desenvolvidos por eles no projeto da Nasa podem ajudar a alavancar a indústria aeroespacial brasileira. “Temos uma iniciativa de empreendedorismo, que busca atrair a atenção de investidores brasileiros para esta indústria e buscar um grande desenvolvimento na área”, concluiu o jovem. De acordo com Felipe, ele e outros estudantes estão realizando uma pesquisa de mercado com a pretensão de lançar uma startup com serviços realizados por meio dos Cubesats.

De passo em passo, os estudantes podem mudar a percepção do brasileiro sobre a ciência e utilizá-la exatamente como aprenderam na Nasa: em benefício de todos.

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