• Carregando...
O inseto mede 2,5 mm e se alimenta de pequenos insetos | Arquivo Pessoal/Edilson Caron
O inseto mede 2,5 mm e se alimenta de pequenos insetos| Foto: Arquivo Pessoal/Edilson Caron

Uma nova espécie de besouro, até então inédita na América do Sul, foi descoberta por dois pesquisadores da do campus Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O professor de entomologia (ramo da zoologia que estuda os insetos ) Edilson Caron e seu aluno Dilson Busanello faziam pesquisa de campo na área da Reserva Biológica (Rebio) das Perobas, entre Cianorte e Tumeiras do Oeste, quando encontraram o inseto batizado de Microlinus perobanus, em 18 de setembro do ano passado. A espécie é chamada de besouro-das-perobas.

Os dois integram o Laboratório de Pesquisas Coleoptera (besouro, em latim) na UFPR. Só neste ano, o grupo coordenado pelos professores doutores Edilson Caron e Fernando Willyan Trevisan Leivas e formado por mais 11 alunos de Ciências Biológicas e Agronomia, já descobriu quatro novas espécies.

A diferença é que o Microlinus perobanus é uma novidade na América do Sul. “O gênero microlinus só havia sido encontrado nos Estados Unidos e em algumas ilhas do Caribe. Agora queremos saber se a espécie registrada por nós vive somente na reserva ou se pode ser encontrada em outros lugares no Brasil”, explica Caron.

Outras descobertas

Neste ano quatro outras espécies foram descobertas pelos integrantes do Laboratório de Pesquisas Coleoptera. Segundo o professor, ainda se prevê que pelo menos mais uma seja encontrada neste ano. Veja as já registradas abaixo:

Microlia amici e Microlia machaboi, ambas com 2 mm de comprimento, foram encontradas em flores no estados do Rio Grande do Sul e Paraná; Bledius depressus e Bledius borzonei, os dois com 3 mm de comprimento, foram descobertos na praia no Rio Grande do Norte e Sergipe.

De acordo com o professor, o besouro, que integra a família dos estafilinídeos, mede cerca de 2,5 mm. Os representates da espécie foram coletados na serapilheira – composto de folhas secas em decomposição sobre o solo das florestas. “Os pequenos besouros se alimentam de larvas de outros insetos, que degradam as folhas que caem no chão. Portanto, possuem papel fundamental no equilíbrio do ecossistema em que habitam”, afirma o professor.

Reserva

A Reserva Biológica (Rebio) das Perobas está localizada no Noroeste do Paraná. Um dos maiores fragmentos remanescentes da Mata Atlântica no estado, ela é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Foi criada há dez anos e, segundo o analista ambiental e chefe da reserva, Antônio Guilherme Cândido da Silva, se encontra em risco devido ao fato de 90% de seu território não ser de área pública.

“A maior parte da região é de posse de uma companhia [do setor de açúcar e álcool. Até hoje ainda não houve acordo na justiça para estabelecer o valor que deveria ser dado à empresa. É importante manter essa área, pois é a região com mais mata nativa do Paraná. Ela é fundamental para manter a vida de espécies que estão em risco de extinção”, explica Silva.

Artigo

Caron e Busanello escreveram um artigo sobre a descoberta do Microlinus perobanus e ele será publicado na próxima edição da The Coleopterists Bulletin, publicação estadunidense especializada no estudo de besouros, no domingo (18).

“Uma das surpresas foi encontrar o besouro-das-perobas numa área que nós não sabíamos o quão preservada realmente estava, devido a sua recente criação. Pesquisas como esta que fizemos reafirmam a necessidade de preservar a região nativa”, defende Caron, que é professor da UFPR em Palotina desde 2010.

Outra descoberta, essa ainda mais recente, prova que conservar a área é imprescindível. Em agosto, o grupo encontrou uma espécie que havia sido descoberta em 1939 e depois não havia sido visualizada por pesquisadores. “Imaginava-se que o Xenaster plaumanni estava extinto, pois o Paraná sofreu com um desmatamento intenso nas décadas de 1950 e 1960 nessa região. Por mais de 70 anos não se tinha notícia de exemplares dessa espécie”, salienta o professor da UFPR.

De acordo com o professor que coordena o grupo, o próximo passo da pesquisa é procurar entender como essas duas espécies comportam-se na dinâmica da floresta, se elas ocorrem o ano todo, ou se são restritas a um tipo solo ou composição de serapilheira. A pesquisa é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e autorizada pelo ICMBio.

  • Bledius depressus
  • Bledius borzonei
  • Microlia amici
  • Microlia machadoi
  • Flor com Microlia machadoi
  • Os pesquisadores Edilson Caron, Dilson Busanello e Arthur Nicolau (último).
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]