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A família Melo está longe de ser uma exceção no Brasil, e mesmo no mundo. Tanto que em 2000 a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou os oito objetivos do milênio, conjunto de metas adotadas por 189 países que começa por reduzir pela metade, até 2015, o porcentual da população que estava em situação de miséria em 1990. Em 2005, o governo brasileiro foi além e prometeu reduzir a indigência a 25% do que existia em 1990, além de acabar com a fome até 2015. Contudo, as diferentes metodologias para quantificar a pobreza no país levam a uma dúvida: em que Brasil acreditar? Naquele que já atingiu a meta da ONU ou naquele que tem mais miseráveis do que as Nações Unidas imaginam?

Para as metas, a ONU se baseou nos critérios do Banco Mundial, que considera pobre quem ganha por dia menos de US$ 2 PPC (dólares por paridade de poder de compra, que elimina a diferença de custo de vida entre os países). Abaixo de US$ 1, é extremamente pobre ou miserável. Nas contas do governo, o Brasil cumpriu a meta antes do prazo. Pelos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a proporção de brasileiros que vivem com menos de US$ 1 por dia caiu de 8,8% para 4,2% entre 1990 e 2005. Ou seja, 4,7 milhões de pessoas saíram da indigência no período, mas 7,5 milhões ainda permanecem nessa situação.

Já os pobres, aqueles em condição levemente melhor, caíram de 42 milhões de pessoas para 36 milhões. Mas segundo outro órgão do governo federal, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população de indigentes é de 3,1 milhões, metade dos 6 milhões de 2003. Já os pobres somam 11,35 milhões. O Ipea considera pobre quem recebe igual ou menos que metade do salário mínimo e indigente quem fica abaixo de um quarto do salário mínimo. A base do estudo também é a Pnad. Pelos critérios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), há no Brasil 36 milhões de pobres.

O Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) também aponta queda da pobreza, mas difere dos dados da ONU, do Ipea e da FGV. Para o instituto, o país tem 49 milhões de pobres, quase 13 milhões a mais do que nas contas da FGV. Pelos cálculos do Iets, o número de indigentes também é maior: chega a 10 milhões. A diferença se dá porque, para o Iets, é pobre a pessoa com renda per capita inferior ao equivalente a dois terços de um salário mínimo.

Os números oficiais também não convencem a Rede de Laboratórios Acadêmicos para Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, formada por uma universidade privada e quatro federais. A Rede considera pobre quem vive com menos de meio salário mínimo e indigente quem vive com menos de um quarto de salário mínimo. O estudo das universidades aponta que o país ainda não cumpriu o objetivo, embora deva atingi-lo até 2015.

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