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Poluição na China: o perigo dos combustíveis fósseis na atmosfera | Aly Song/Reuters
Poluição na China: o perigo dos combustíveis fósseis na atmosfera| Foto: Aly Song/Reuters

Oceanos

Espécies marinhas devem mudar de lugar

A distribuição de peixes e outras espécies marinhas deve sofrer uma grande redistribuição pelos oceanos em todo o mundo até 2060, diminuindo nas regiões tropicais e crescendo nas latitudes médias e altas, em decorrência das mudanças climáticas, indica o novo relatório do IPCC. O relatório indica uma redução do potencial de pesca de até 20% em algumas regiões costeiras da América do Sul. Na região Antártica e na linha do Equador, pode chegar a 50%. Já em partes do Oceano Índico e no Hemisfério Norte, o potencial pode crescer 100%. A redistribuição pode reduzir suprimentos, lucros e empregos nos países tropicais.

Mudança climática não é um problema para o fim do século. Acontece agora, causando impactos no ambiente e nos seres humanos em todos os continentes e através dos oceanos. No futuro, amplificará os riscos já relacionados ao clima e criará novas ameaças para os sistemas naturais e humanos. E, por enquanto, o mundo está muito pouco preparado para lidar com a situação.

Em poucas palavras, esse é o quadro pintado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na segunda parte do seu quinto relatório, divulgado no último domingo, em Yokohama, no Japão.

A mensagem está presente no Sumário para Formuladores de Políticas, uma introdução não técnica do documento de mais de 2 mil páginas e 30 capítulos, que trata dos impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Com a constatação de que o mundo já está pagando a conta pelas emissões desenfreadas de gases do efeito estufa ocorridas desde a Revolução Industrial, o relatório aponta que ainda há oportunidades para lidar com os riscos. Na maior parte dos casos, medidas sérias de adaptação podem fazer com que riscos que seriam de alto nível, se nada for feito, sejam médio ou baixo.

No entanto, quanto mais tempo se levar para fazer isso, a dificuldade vai aumentar, assim como os custos. "Magnitudes crescentes de aquecimento aumentam a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis", afirma o sumário. E haverá um limite além do qual talvez não haja mais o que fazer.

"A mensagem mais importante do relatório é que a gestão da mudança climática é um desafio de gerenciamento de riscos", disse o pesquisador americano Chris Field, co-chair do Grupo de Trabalho 2, que elaborou o texto. "O problema real não é se teremos 2ºC ou 3ºC de aquecimento, mas se uma seca, por exemplo, vai aumentar a propensão a incêndios – que, uma vez que começam, se estendem por milhares de quilômetros quadrados. É uma questão de gerenciamento de risco."

O relatório destaca experiências feitas ao redor do mundo, mas em escala muito pequena. "As pessoas tendem a pensar que um passo gigante vai resolver tudo. Porém, talvez sejam necessários 500 pequenos passos."

Segundo Field, ao contrário dos textos anteriores do IPCC, este teve um foco maior na "dimensão humana". "Mais atenção sobre como as pessoas serão afetadas pode ajudar a garantir que elas saiam de uma condição de fome ou violência e tenham uma vida mais confortável." No campo da segurança alimentar, por exemplo, o texto destacou a relação entre o clima e o aumento de preços dos alimentos.

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