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O sargento da Polícia Militar Charles Otaga, de 41 anos, foi autuado em flagrante sob suspeita de torturar um assaltante na zona leste da capital paulista. Em protesto à prisão do colega, policiais militares de diversos batalhões foram com trajes civis e armas na cintura até o 103° Distrito Policial (Itaquera) na madrugada desta quarta-feira (21).

O conflito começou quando o suspeito Afonso de Carvalho Oliveira Trudes, de 23 anos, foi apresentado na delegacia mais de uma hora depois de ter sido preso em flagrante por roubar R$ 60 e o celular de uma vítima. Ele confessou o crime e também acabou preso.

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o delegado Raphael Zanon, do 103º DP, desconfiou que o suspeito havia sido torturado durante o depoimento aos policiais civis. Ele teria se posicionado de lado na cadeira, já que não estaria conseguindo encostar por causa dos ferimentos. Mesmo com dores, ele não afirmou previamente ter sido torturado.

Trudes só teria contado ao delegado sobre a tortura após ter recebido a garantia de que não seria transportado novamente na viatura da PM. Ele disse ter recebido choques na região do pênis e da bolsa escrotal, além de ter sido agredido nos braços e nas costas e ameaçado com uma faca no peito. O sargento Otaga foi reconhecido pelo suspeito como o agente de tortura.

O laudo da Polícia técnico-científica aponta que o suspeito apresenta lesões provocadas por objeto contundente, mas não confirma que ele foi torturado com choque. Ele apresentou esquimose discreta no pênis, mas nenhuma lesão na bolsa escrotal foi assinalada no exame. As feridas foram fotografadas.

A viatura que trouxe o suspeito até a delegacia foi revistada por um tenente da PM, a pedido do delegado. Nenhuma arma de choque, no entanto, foi encontrada.

Trudes foi pego momentos depois de realizar um assalto, usando bicicleta e uma arma de brinquedo. Após prendê-lo, os PMs teriam ido até a casa onde mora para tentar encontrar uma arma de verdade e ameaçado seus familiares. Depois, também teriam se deslocado para a residência de um suposto comparsa do assaltante.

Os policiais militares negam a prática da tortura e acusam o delegado de ter autuado Otaga com base apenas no relato do suspeito. Nas redes sociais, PMs convocaram os “colegas de farda” para o 103° DP, a fim de pressionar contra a prisão de Otaga.

Cerca de 60 PMS foram até o local e o delegado Zanon saiu do DP escoltado. Policiais civis afirmam que o delegado chegou a ser ameaçado pelos agentes.

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