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Manifestante chuta uma bomba de gás lacrimogênio atirada pelos policiais durante o confronto | Reuters/Sergio Moraes
Manifestante chuta uma bomba de gás lacrimogênio atirada pelos policiais durante o confronto| Foto: Reuters/Sergio Moraes
  • Antes da confusão generalizada na avenida Radial Oeste, um dos líderes do grupo que ocupa o antigo museu foi detido
  • Manifestante grita contra policiais que fazem o cerco ao Museu do Índio, no Rio de Janeiro

O Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) invadiu nesta sexta-feira (22) o prédio do antigo Museu do Índio, no Rio de Janeiro, e expulsou indígenas e manifestantes que ocupavam o local, após o fracasso nas negociações pela desocupação da área entre o governo do estado e cerca de 30 índios que moravam no local.

Depois de meses de impasse, a Justiça determinou a saída dos indígenas até quinta-feira (21) do prédio vizinho ao Maracanã, na zona norte do Rio, onde os índios viviam desde 2006.

A polícia entrou em confronto com indígenas, alguns usando cocar e com o rosto e parte do corpo pintados, e militantes defensores da permanência deles no local. Policiais usaram gás de efeito moral e escudos antimotim para afastar a multidão. A confusão se espalhou para a rua, em meio aos carros que passavam perto do prédio.

Segundo a Polícia Militar, a decisão de invadir o museu no fim da manhã foi tomada depois que manifestantes colocaram fogo no terreno do prédio.

"A Polícia Militar negociou o tempo todo desde cedo. Quando os policiais intervieram, foi porque o fogo já estava se alastrando por toda a área e poderia pegar fogo em todo prédio. Se nós não interviéssemos, com certeza estaríamos agora diante de um prédio em cinzas", disse a jornalistas o coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM.

"Houve a utilização da força necessária para desobstruir as vias. Não foram os índios que fizeram essa mobilização, foi um bando de agitadores", acrescentou.

O edifício, vizinho ao estádio do Maracanã, que passa por obras para a Copa do Mundo de 2014, estava abandonado desde que deixou de abrigar o museu no fim dos anos 1970. A partir de 2006, o local passou a servir de moradia para cerca de 30 índios, que deram o nome ao local de "Aldeia Maracanã".

O projeto original de reforma do estádio para o Mundial previa a demolição do prédio para dar espaço a um estacionamento, mas a proposta foi modificada pelo governo diante dos protestos e agora o edifício deve ser reformado para abrigar um museu esportivo.

Doze índios que aceitaram sair do local antes da invasão da polícia foram levados a um abrigo no centro da cidade, onde ficarão hospedados até que os alojamentos propostos pelo governo sejam construídos em um local a ser escolhido pelos indígenas, de acordo com a Secretaria Estadual de Assistência Social.

Segundo o governo do Rio, a proposta aos indígenas prevê ao menos três novos destinos para o grupo que morava no local: São Cristovão, Jacarepaguá ou Bonsucesso.

"Pela proposta do Governo do Estado, apresentada aos índios, eles podem decidir pelo recebimento do benefício do aluguel social, no valor de 400 reais, ou podem voltar para a aldeia de origem, com ajuda do Governo do Estado, com o transporte, caso não aceitem ficar no alojamento", informou a secretaria em nota.

As autoridades do Rio de Janeiro tentaram desde o ano passado a liberação do prédio, que pertence ao Estado, mas os índios resistiram e cobraram garantias para serem realocados.

Reintegração

A Justiça concedeu uma mandado de reintegração de posse a ser cumprido até quinta-feira, mas os indígenas e dezenas de manifestantes em apoio à causa, incluindo estudantes e militantes de partidos políticos, permaneceram ocupando o local.

Homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar estiveram no local na quinta-feira, mas recuaram diante da resistência. Os policiais voltaram na madrugada desta sexta-feira, com reforço.

Alguns índios que estavam dentro do prédio do antigo museu, diante da presença ostensiva dos policiais, deixaram o local com alguns pertences, mas outros resistiram.

"Só vamos sair quando tivermos as garantias e tudo estiver documentado. Não vamos aceitar sair só com promessas", disse a jornalistas o indígena Affonso Apurinã.

Segundo o defensor público federal Daniel Macedo houve "um abuso de autoridade sem justificativa".

"Os índios estavam finalizando sua dança, um ritual, e se preparavam para sair quando a polícia invadiu", disse Macedo.

A polícia informou que vai permanecer ocupando o local para evitar o retorno dos manifestantes.

O Maracanã, palco da final da Copa do Mundo de 2014, está na fase final das obras de reforma e será reinaugurado oficialmente no dia 2 de junho, num amistoso entre Brasil e Inglaterra, antes da Copa das Confederações que acontece no mesmo mês.

O prazo para o fim das obras no estádio foi adiado diversas vezes em consequências de atrasos, e agora a arena deve ser concluída em 27 de abril. O exterior do estádio, no entanto, só ficará pronto para a Copa do Mundo.

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