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 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Um dia depois da publicação de informações sobre um inquérito que apura irregularidades no “recall” de 11,2 mil coletes balísticos das polícias do Paraná, o Departamento da Polícia Civil passou a centralizar a divulgação dos atos da investigação. Por meio de nota, a corporação se limitou a dizer que as investigações continuam a ser conduzidas pela Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) e que vai divulgar “assim que haja alguma novidade”.

No domingo (10), a Gazeta do Povo publicou, em primeira mão, que a investigação encontrou indícios de que os coletes eram recauchutados e que tinham a etiqueta de identificação adulterada, de modo a estender em um ano a data de validade do produto. Exames balísticos comprovaram que o material estava “reprovado” para uso. Aproximadamente 7,4 mil desses coletes chegaram a passar pelo procedimento e foram devolvidos aos policiais militares.

Questionado pela reportagem, o presidente da Associação dos Delegados do Paraná (Adepol), João Ricardo Noronha, criticou, nesta segunda-feira (11), a centralização da divulgação de atos das investigações no Departamento da Polícia Civil e defendeu transparência ao processo de apuração.

“Quem tem autoridade para falar é quem está no comando da investigação. Não há porque centralizar [a divulgação de informações] até porque a Secretaria [de Estado da Segurança Pública – pasta a que a Polícia Civil está vinculada] faz parte do objeto da investigação. Trata-se de um caso grave que requer ampla divulgação e transparência”, disse.

O Sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol) convocou uma manifestação – que será realizada na quarta-feira (13) – em frente ao prédio da Deam. Em maio do ano passado, a entidade já havia notificado à Sesp que os coletes balísticos usados pela categoria estavam vencidos.

A Polícia Militar se manifestou por meio de uma nota assinada pelo comandante, coronel Maurício Tortato, encaminhada a seus “comandados”. O oficial defende que o “recall” respeita as normas técnicas, pôs em dúvida “as motivações das incursões” feitas pela Deam e disse que os coletes estão aptos para uso.

“Apesar do conteúdo das matérias jornalísticas pautadas pelo delegado da DEAM, não há registro de nenhuma situação de ineficiência de proteção balística ao longo dos últimos seis anos em que esses coletes, desde o ano de 2010, estão sendo utilizados pelo efetivo ativo da PM”, consta da nota.

Empresa diz que só emprestou barracão para “recall”

O diretor-executivo da Algemas Brasil, Sérgio Pasquali, disse, nesta segunda-feira (11), que apenas “emprestou” o barracão para que o Grupo Imbra – fabricante dos coletes balísticos – realizasse o “recall” no equipamento. O empréstimo teria ocorrido sem custo. No galpão da empresa, a Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) apreendeu mais de 500 coletes balísticos, que eram recauchutados.

“Nós não produzimos e não comercializamos coletes. Apenas emprestamos 50 metros quadrados de um barracão. A Inbra que fazia este ‘recall’. Tudo era de conhecimento do secretário [de Segurança Pública, Wagner Mesquita], do comando da PM [Polícia Militar]. Imagina que íamos fazer algo que fosse ilegal...”, disse.

Segundo Pasquali, o serviço era feito por funcionários do Grupo Inbra, que vinham de São Paulo especificamente para isso. O equipamento também era trazido pela fabricante dos coletes. A reportagem encaminhou uma série de perguntas ao Grupo Inbra, mas, até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta.

Na última semana, a Gazeta do Povo entrou em contato com Mário Kogut, que se apresentava como representante da Algemas Brasil e da Inbra no Paraná. Na ocasião, ele disse que não estava autorizado a se manifestar sobre o caso. Nesta segunda-feira, Pasquali disse que Kogut é represente comercial da empresa.

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