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O Caso Bruno é um crime que chocou pelos detalhes. Os envolvidos estão presos e a defesa começa a atuar. Os advogados do goleiro e de outros cinco suspeitos devem entrar hoje na Justiça com pedidos de habeas corpus.

Em Belo Horizonte, a polícia vai ouvir hoje os acusados. Devem depor seis pessoas: Bruno, Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e outros três envolvidos, que estavam foragidos.

Os presos ficaram incomunicáveis no fim de semana. Não podem ver televisão ou tomar banho de sol. Segundo os funcionários da penitenciária, Bruno é o único que aparenta calma.

Mais um crime cometido por quem foi treinado para proteger. É assustador. O homem apontado pelo menor como o assassino de Eliza Samudio é um ex-agente com contatos na elite da polícia mineira.

Imagens exclusivas exibidas pelo Fantástico mostram que o sítio de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, já foi usado para treinamento do Grupo de Resposta Especial da Polícia Civil de Minas Gerais.

Marcos Aparecido do Santos foi afastado da Polícia Civil mineira em 1992 por indisciplina. Mas nunca abandonou a farda. Foi o que o Fantástico revelou neste domingo, com exclusividade.

Em um vídeo, Bola, ou Paulista, como também era conhecido, aparece dando instruções para alunos vestidos com a farda do Grupo de Resposta Especial (GRE), a tropa de elite da corporação.

O treinamento era puxado. Nele, dezenas de alunos simulavam a retomada de um presídio em rebelião. Os aprendizes participavam ainda de testes físicos. No certificado recebido por um dos integrantes do curso aparece o carimbo do GRE e a assinatura do então coordenador do grupo, o inspetor Júlio Cesar Monteiro de Castro.

De acordo com um rapaz que participou do curso, era Júlio quem dava as instruções de tiros: "O Júlio César, a maioria das vezes, ministrava muitas partes do curso também, como manuseio de fuzil, pistolas .40, entradas táticas, tudo era com o Júlio, mesmo eu não sendo policial".

O grupo foi criado em 2004 com 59 policiais, mas foi extinto no ano passado. Os agentes são investigados desde que surgiu a suspeita de que o sítio emprestado por Marcos tenha sido usado por grupos de extermínio.

A corregedoria da polícia investiga se o local serviria como ponto de desova de corpos. É o mesmo lugar onde foram feitas buscas aos restos mortais de Eliza Samudio. Dezesseis anos após o afastamento, Bola continuava se passando por policial. Andava armado e usava o uniforme do GRE.

"Bola tinha uma função também de ministrar o curso. A função dele era de adestramento. Tinha uma parte de adestramento. Ele falava que era do GRE, inclusive chegou a falar para todos lá que chegou a fazer uma intervenção. A última intervenção que ele tinha feito com o grupo era em uma cadeia pública que teve em Ibirité, uma rebelião, onde os presos se rebelaram e conseguiram tomar posse de todas as armas da cadeia. Foi uma das rebeliões de alta complexidade para o grupo GRE", diz um homem que fez o curso.

O corregedor da Polícia Civil, Geraldo Morais Júnior, avaliou as imagens e disse que vai abrir um inquérito para apurar a relação de Bola com outros agentes do grupo de elite: "Essas imagens demonstram a pessoa que, a princípio, parece com a pessoa do Marcos e é necessário agora a corregedoria vai determinar a instauração de um procedimento apuratório, para poder entender, esclarecer, a participação desta pessoa, que tipo de curso que era aquele, como se deu, e todas as nuances que permeiam este fato."

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