Quem mora em Curitiba sabe. Há temporadas em que o céu permanece cinza por dias seguidos. Característica intrínseca da paisagem do município e do entorno, os dias nublados e chuvosos da capital mais gelada do país que no ano passado teve apenas 116 dias de sol são determinados por uma série de itens listados por profissionais da meteorologia. O primeiro deles é a localização geográfica da cidade. A uma altitude de 945 metros acima do nível do mar, Curitiba está muito próxima do Litoral, de onde os ventos sopram e trazem umidade.
INFOGRÁFICO: Confira a explicação científica
"A proximidade do mar e a predominância do vento do Quadrante Leste, em grande parte do ano, traz umidade do oceano, fazendo com que aumente a nebulosidade, favorecendo também a formação de nevoeiros", explica a chefe da Seção de Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Porto Alegre, Helenir Trindade de Oliveira. A meteorologista explica ainda que a frequência de nevoeiros é maior no inverno, com uma média de dez dias por mês em junho e julho.
Para reforçar a concentração das nuvens carregadas, a capital paranaense fica em uma região de "baixada", entre a Serra do Mar e a Serra de São Luiz do Purunã, que atinge 1,2 mil metros de altitude em seus pontos mais altos. "Curitiba está dentro de um vale. Se não tivesse essa serra [São Luiz do Purunã], a umidade avançaria um pouco mais e poderia chegar até Guarapuava, ou até Foz do Iguaçu em algumas ocasiões, ou seja, avançar mais do que normalmente avança", detalha Reinaldo Kneib, meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar.
A altitude de Curitiba também explica por que a cidade é ainda mais fria que Porto Alegre, a capital mais ao Sul do país. Embora, em teoria, quanto mais perto dos polos o frio aumente, a capital gaúcha está praticamente ao mesmo nível do mar, o que também influencia no clima local. Além disso, a altitude modesta permite uma maior variação dos ventos sob a região e, consequentemente, uma melhor distribuição da umidade. "Quanto mais umidade concentrada num ponto, maior a probabilidade de formação de nevoeiro, como o caso de Curitiba", observa Kneib.
Mais frio
Um último ponto a ser lembrado é a própria inclinação da terra em relação ao sol. Mais longe dos trópicos, a tendência é realmente de que a frequência de dias ensolarados seja menor em cidades mais ao Sul do Brasil em comparação com as do Nordeste, por exemplo, onde no ano passado Fortaleza registrou 239 dias ensolarados mais do que o dobro dos contabilizados na capital paranaense.
Ainda conforme o Simepar, o clima cinzento que atinge Curitiba não se restringe apenas à cidade. Áreas da região metropolitana, bem como alguns municípios de disposições geográficas semelhantes, como o Sul do estado de São Paulo, também passam boa parte do ano sem ver o azul do céu.
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