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Curitibanos passaram dois terços do ano de 2013 com dias chuvosos ou debaixo de nuvens | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Curitibanos passaram dois terços do ano de 2013 com dias chuvosos ou debaixo de nuvens| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Quem mora em Curitiba sabe. Há temporadas em que o céu permanece cinza por dias seguidos. Característica intrínseca da paisagem do município e do entorno, os dias nublados e chuvosos da capital mais gelada do país – que no ano passado teve apenas 116 dias de sol – são determinados por uma série de itens listados por profissionais da meteorologia. O primeiro deles é a localização geográfica da cidade. A uma altitude de 945 metros acima do nível do mar, Curitiba está muito próxima do Litoral, de onde os ventos sopram e trazem umidade.

INFOGRÁFICO: Confira a explicação científica

"A proximidade do mar e a predominância do vento do Quadrante Leste, em grande parte do ano, traz umidade do oceano, fazendo com que aumente a nebulosidade, favorecendo também a formação de nevoeiros", explica a chefe da Seção de Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Porto Alegre, Helenir Trindade de Oliveira. A meteorologista explica ainda que a frequência de ne­­voeiros é maior no inverno, com uma média de dez dias por mês em junho e julho.

Para reforçar a concentração das nuvens carregadas, a capital paranaense fica em uma região de "baixada", entre a Serra do Mar e a Serra de São Luiz do Purunã, que atinge 1,2 mil metros de altitude em seus pontos mais altos. "Curitiba está dentro de um vale. Se não tivesse essa serra [São Luiz do Purunã], a umidade avançaria um pouco mais e poderia chegar até Guarapuava, ou até Foz do Iguaçu em algumas oca­­siões, ou seja, avançar mais do que normalmente avança", detalha Reinaldo Kneib, meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar.

A altitude de Curitiba também explica por que a cidade é ainda mais fria que Porto Alegre, a capital mais ao Sul do país. Embora, em teoria, quanto mais perto dos polos o frio aumente, a capital gaúcha está praticamente ao mesmo nível do mar, o que também influencia no clima local. Além disso, a altitude modesta permite uma maior variação dos ventos sob a região e, consequentemente, uma melhor distribuição da umidade. "Quanto mais umidade concentrada num ponto, maior a probabilidade de formação de nevoeiro, como o caso de Curitiba", observa Kneib.

Mais frio

Um último ponto a ser lembrado é a própria inclinação da terra em relação ao sol. Mais longe dos trópicos, a tendência é realmente de que a frequência de dias ensolarados seja menor em cidades mais ao Sul do Brasil em comparação com as do Nordeste, por exemplo, onde no ano passado Fortaleza registrou 239 dias ensolarados – mais do que o dobro dos contabilizados na capital paranaense.

Ainda conforme o Si­­mepar, o clima cinzento que atinge Curitiba não se restringe apenas à cidade. Áreas da região metropolitana, bem como alguns municípios de disposições ­­geográficas semelhantes, como o Sul do estado de São Paulo, também passam boa parte do ano sem ver o azul do céu.

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