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Carroças eram usadas no transporte dos detentos do Ahú | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Carroças eram usadas no transporte dos detentos do Ahú| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Os presos em 1909

Quem eram os 49 detentos da primeira penitenciária do estado:

- Entraram 73 homens e 6 mulheres: saíram, após cumprir pena, 12 deles e 1 delas. Um homem saiu porque foi perdoado e 16 foram transferidos.

- Entre os homens, eram 10 estrangeiros: 4 alemães, 4 polacos, 1 italiano e 1 russo.

- Os homens tinham, em média, de 20 a 30 anos (18 deles) e de 30 a 35 anos (11 deles). As mulheres presas tinham mais de 30 anos.

- 26 dos presos eram lavradores e elas eram domésticas.

- Todas as mulheres e 27 homens foram presos por homicídio.

- 3 homens cumpriam pena por falsificação de moeda.

- Das mulheres, 4 eram viúvas.

- A maioria dos presos era analfabeta.

  • Setor de rouparia cuidava dos uniformes e enxoval dos presos

Não foi fácil ao Paraná construir a primeira penitenciária. As duas primeiras tentativas foram frustradas e aconteceram ainda durante o Brasil imperial: em 1857, por uma Lei Provincial, consignava-se 10 contos de réis para construir o sistema penitenciário do estado. A intenção, porém, nunca saiu do papel.

Depois de 23 anos, em 1880, a Assembleia Provincial autorizou a construção de um prédio cuja pedra fundamental chegou a ser assentada pelo imperador D. Pedro II. O imóvel seria erguido na atual Rua Mateus Leme, em frente ao Colégio Santa Maria, no bairro São Lourenço. A obra também não foi concluída porque, em 1881, vândalos atearam fogo no pé direito da construção onde estava a pedra fundamental. Foram perdidos todos os pertencem que estavam dentro de um cofre no local: a ata da fundação, jornais da época, moedas e um relógio doado pelo imperador. As investigações do delito nunca foram concluídas porque não se chegou a algum suspeito.

Os presos, nessa época, eram distribuídos pelas 47 cadeias públicas que existiam no Paraná: a única que teria boas condições seria a da Lapa. Em Curitiba, a Cadeia Pública começou a ser construída em 1811 e concluída somente em 1850 – ficava na Praça Generoso Marques. A situação dos presos foi de mal a pior quando um incêndio, em 1898, destruiu o imóvel. Eles foram transferidos para uma ala provisória da cadeia do Quartel da Polícia Militar, na Marechal Floriano Peixoto. Ali permaneceram por dez anos (em péssimas condições de higiene) até serem novamente transferidos, desta vez, enfim, para a primeira penitenciária do estado.

Ela ficou conhecida por presídio do Ahú, justamente por estar localizada naquele bairro. Quando começou a funcionar, em 1909, tinha 49 presos (veja detalhes no box desta página). As celas masculina e feminina eram impecáveis, assim como o uniforme usado pelos presos. Carroças eram o meio de transporte para a condução dos presidiários e ainda havia um setor de enxovais que cuidava das roupas dos detentos. Entre outras curiosidades, o condenado que cometia algum delito era castigado à restrição alimentar de um pão de 85 gramas pela manhã e outro pela tarde. Há ainda outros detalhes, que podem ser conferidos na exposição "Do cárcere ao Sistema Penitenciário", que começou na última quinta-feira no Museu Paranaense de Curitiba.

Serviço:

A exposição está na Rua Kellers, 289, São Francisco. Abre de terça a sexta, das 9 às 17 horas, e sábados e domingos, das 11 às 15 horas.

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