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As ciclovias ou ciclofaixas são uma infraestrutura para a bicicleta. Mas uma cidade que dá atenção aos ciclistas não se restringe a elas. Ver a bicicleta como um meio de transporte, não exclusivamente de lazer, é colocá-la em vias preferenciais, dentro do transporte público (nos ônibus ou ao menos com bicicletários junto aos terminais e principais paradas de ônibus), compartilhando vias exclusivas de transportes públicos, em zonas com velocidade controlada.

No caso de Curitiba, sempre digo que a bicicleta será levada a sério quando houver uma ciclofaixa na Avenida Visconde de Guarapuava. Se Nova Iorque criou ciclofaixas no centro de Manhattan, seu centro financeiro e comercial, se Paris criou faixas exclusivas e outras compartilhadas com ônibus na Rue Rivoli, umas das mais movimentadas de seu centro, não há nenhuma justificativa técnica de não termos uma ciclofaixa na Visconde de Guarapuava.

O Plano Cicloviário em execução pela prefeitura, capitaneado pelo Ippuc, é certamente de grande valia. Mas poderia ser aberto à discussão – e principalmente, aberto à inovação. O Ippuc já foi um dos grandes centros de inovação urbana do Brasil – talvez O centro de inovação.

O transporte não motorizado e coletivo é o investimento mais em voga em lugares tão grandes e até mais complicados que Curitiba (Nova Déli, na Índia, Melbourne, na Austrália, e São Paulo estão investindo com força nisso). Curitiba tem o histórico de investir em transporte público de qualidade. E também sempre teve coragem de inovar. Este é o momento de inovar.

Bruno Latour, um grande estudioso das inovações tecnológicas, disse recentemente que ninguém imaginava fazer sentido pensar em bicicletas nas cidades há 20 anos, e tampouco em bondes. Hoje, é o que se faz nas cidades.

Há 20 anos Curitiba criou sua rede de ciclovias. Agora é insuficiente, mas foi inovadora. É hora de inovar novamente. Se nossa aposta, em Curitiba, é pelo transporte público e pelo transporte não poluente e integrados ao meio urbano, novamente devemos colocar as ideias para circular. Uma ciclovia circundado o parque Barigui é boa? Sim. Melhor seria uma ciclofaixa ligando o Cajuru ao Barigui, passando pelo comércio, pelas universidades e escolas, pelo centro - enfim, colocando um transporte não poluente em evidência, com os projetos de qualidade que Curitiba sabe fazer.

Fábio Duarte é diretor do mestrado de Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

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