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A obra na PR-323 prevê a duplicação de 210 quilômetros e a construção de 19 viadutos e 22 trincheiras: investimento bilionário | Ivan Amorin/ Gazeta do Povo
A obra na PR-323 prevê a duplicação de 210 quilômetros e a construção de 19 viadutos e 22 trincheiras: investimento bilionário| Foto: Ivan Amorin/ Gazeta do Povo

Concessão

Modelo de PPP será aplicado a outros trechos em 2014

Outras três rodovias paranaenses são alvos das chamadas parcerias público-privadas (PPPs): a PR-445, entre Londrina e Mauá da Serra, a PR-092, entre Jaguariaíva e Santo Antônio da Platina, e a PR-280, entre Marmeleiro e General Carneiro. Os detalhes – como valor de tarifa e quantidade de praças de pedágio – ainda não são conhecidos. Uma por mês, de janeiro a março de 2014, as propostas devem ser apresentadas. O diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, João Chiminazzo Neto, acredita que o modelo de PPPs tem espaço para se expandir no Brasil, assim como já aconteceu em outros países. "É uma solução usada no mundo inteiro, em vários setores, como penitenciárias e hospitais. Serve para a situação em que o governo não consegue, por algum motivo, realizar o serviço".

Litoral

Reconstrução de pontes destruídas em 2011 ficará pronta em maio

Nem todas as pontes levadas pela água no Litoral do Paraná em 2011 estarão refeitas quando completar três anos da forte enxurrada que atingiu a região. No momento, 19 pontes estão sendo construídas nas cidades de Morretes, Guaratuba e Paranaguá. Ao custo de R$ 10 milhões, as estruturas devem ser bem mais reforçadas do que as que foram destruídas em março de 2011. A previsão é que as obras sejam concluídas em maio de 2014. A demora para a realização dos projetos e a burocracia para a liberação dos recursos atrasaram a reconstrução, que deve estar concluída em maio do ano que vem. A culpa da demora, segundo o governo estadual, seria do atraso da liberação de recursos pelo governo federal. Mais de R$ 22 milhões teriam sido investidos em obras emergenciais para reparar danos provocados pelas chuvas.

Odebrecht

A construtora Odebrecht realizou o projeto da PR-323, ao custo de aproximadamente R$ 9 milhões. O estudo foi autorizado pelo governo estadual, que analisou e validou as despesas apresentadas. Caso a Odebrecht não vença a licitação para administrar a rodovia, a empresa ganhadora deverá ressarcir os custos do projeto. O governo estadual reconheceu que a empresa tem uma leve vantagem na licitação, em relação às demais concorrentes, por já conhecer o projeto a fundo.

Fluxo excedente

O modelo de licitação da PR-323 prevê que se o fluxo de usuários aumentar além do estimado, o valor arrecadado a mais com a tarifa deve ser devolvido ao governo estadual. Assim, se o projeto estabelece que 10 mil veículos usam o trecho por dia e se a quantidade ultrapassar 12 mil, por exemplo, toda a receita excedente será revertida. O fluxo na PR-323 oscila entre 31 mil veículos na saída de Maringá e 4 mil nos trajetos menos usados. Na média, fica em 15 mil no percurso.

Com a tarifa de pedágio a R$ 4,50 e quatro praças de cobrança entre as cidades de Maringá e Guaíra (Região Noroeste), o governo estadual apresentou ontem o projeto de duplicação da PR-323 em regime de parceria público-privada (PPP). Uma empresa a ser escolhida via licitação fará obras e prestará serviços de emergência aos motoristas, cobrando dos usuários parte do valor aplicado. Para o pedágio não ficar tão caro, o governo bancará uma fatia das despesas. A previsão é de que a administração da rodovia fique a cargo da iniciativa privada por 30 anos.

A partir de hoje, o projeto está aberto para consulta pública por 30 dias – a população pode opinar e sugerir modificações na proposta e as ponderações serão avaliadas pela equipe técnica. Duas audiências públicas estão marcadas para o dia 5 de dezembro, em Cianorte e Umuarama, para que moradores da região possam esclarecer dúvidas ou pedir mudanças no projeto.

INFOGRÁFICO: Veja como funciona a parceria

O investimento na PR-323 deve ser bilionário: além da duplicação de 210 quilômetros de pista, o trecho terá ainda 19 viadutos, 22 trincheiras, passarelas e vias marginais nos perímetros urbanos. Inicialmente, a obra vai custar R$ 1,9 bilhão, mas a previsão de investimentos ao longo do período de concessão chega a R$ 7,7 bilhões.

Praticando números semelhantes aos usados atualmente pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para as novas concessões federais, o governo estadual estabeleceu uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 8,1% para a PPP da PR-323. O porcentual, que é uma espécie de parâmetro de rentabilidade para a empresa que decidir investir dinheiro em uma obra pública, é menos da metade do praticado no Anel de Integração, as concessões realizadas no Paraná em 1997.

Menor valor

O modelo para escolher a empresa vencedora – que seria responsável pelas obras e pela administração da estrada – é diferente dos demais já usados no Paraná. Ganhará a licitação a companhia que aceitar trabalhar com o menor valor de contrapartida pago pelos cofres públicos. Na proposta apresentada, o governo estadual se compromete a repassar até R$ 83,6 milhões ao ano em subsídio para ajudar a bancar as despesas.

O secretário da Casa Civil, Reinhold Stephanes, ressalta que o governo estadual estará trocando uma despesa pela outra, já precisaria gastar para fazer a manutenção da rodovia. A previsão mais otimista é de que a licitação aconteça em janeiro e que as obras comecem no segundo semestre de 2014. A conclusão deve levar pelo menos cinco anos. Pelo projeto, com uma praça de pedágio a cada 40 quilômetros, a cobrança só começará depois que a pista já estiver duplicada.

Cobrança só após o término da obra agrada ao setor produtivo

A proposta de duplicação da PR-323 por meio de uma parceria público-privada (PPP) foi apresentada ontem a representantes da cúpula do setor produtivo do estado. O chamado G7 recebeu bem a ideia de realizar obras no trecho a ser entregue para a iniciativa privada. O consultor de infraestrutura e logística da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, comenta que a intenção de primeiro duplicar a rodovia para depois cobrar pedágio foi um dos fatores que mais agradou.

O valor da tarifa, de R$ 4,50 por eixo, ainda será analisado detalhadamente, para avaliar o impacto que teria na economia do estado. Contudo, Mohr compara com preços recentemente divulgados por concessão em rodovias federais. "Na BR-050, entre Minas Gerais e Goiás, a tarifa ficou em R$ 4,53 a cada 100 quilômetros, mas lá o fluxo é bem maior, com mais pagantes e com apenas metade do trecho duplicado", comenta. Ele destaca, porém, que na rodovia federal a cobrança começará antes da conclusão das obras, fazendo o usuário pagar por um benefício que só usufruirá no futuro.

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