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A Procuradora de Justiça de São Paulo Valderez Deudsdit Abbud, responsável pela acusação no julgamento do ex-promotor Igor Ferreira da Silva, disse nesta terça-feira (20) que ele poderia pedir para entrar no regime semiaberto após apenas três anos de prisão. Condenado por matar a mulher grávida e foragido desde 2001, Igor foi preso na segunda-feira (19).

Segundo ela, o réu tem direito a pedir progressão de regime quando cumprir um sexto da pena, totalizada em 18 anos. De acordo com a procuradora, o réu foi condenado em 2001 a 14 anos pelo homicídio de Patrícia. Dois anos depois, a condenação foi de quatro anos por porte ilegal de armas.

Para ela, o benefício, em alguns casos, como o de Igor, chega a ser frustrante. "A mim frustra essa nossa legislação. Quem pratica crime de violência contra outra pessoa deveria ficar preso mais tempo", comentou Valderez. Mesmo assim, ela disse ver a prisão do réu como "a certeza do dever cumprido".

Em entrevista na sede do Ministério Público, no Centro, Valderez admitiu: "dói cortar na própria carne. É duro processar um promotor que é seu colega". Ela afirmou que só uma confissão do réu traria um fato novo ao processo. "Se ele confessar o crime, é só o que pode trazer como nova prova. Mas não há mais remota dúvida de que ele foi o autor da morte da Patrícia", afirmou Valderez.

Versões

Questionada pelos jornalistas, Valderez negou saber do paradeiro do ex-promotor nos últimos 8 anos e disse que "não tem a menor repercussão no cumprimento da pena" o fato de ele ter se apresentado sozinho à polícia ou não. Ao deixar a delegacia na noite de segunda-feira, Igor falou rapidamente à imprensa: "eu me apresentei".

Procurado para comentar o assunto, o delegado seccional Nelson Guimarães afirmou ainda na segunda que a história de que Igor se entregou foi inventada e que ele, na verdade, havia sido preso.

"A delegada colocou inicialmente ‘apresentação espontânea’, mas depois corrigiu [e pôs que Igor foi preso]", disse o seccional. "O delegado titular fez um adendo [colocando que o ex-promotor foi preso e não apresentado] ao primeiro boletim de ocorrência."

De acordo com Guimarães, essa mudança e adendo no boletim foi que gerou toda a confusão. Para a polícia, o ex-promotor foi preso após uma denúncia anônima. Igor foi transferido na tarde desta terça-feira (20) do 40º Distrito Policial de São Paulo, na Vila Santa Maria, para o presídio de Tremembé, a 147 km da capital paulista. Ele deixou a delegacia às 13h50.

Grávida

Igor era foragido da polícia e foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão, em 2001, pela morte de Patrícia, que estava grávida de sete meses. O crime aconteceu em Atibaia, a 60 km de São Paulo.

O ex-promotor culpa um ladrão que, segundo ele, abordou sua mulher na rua. Segundo ele, Patrícia Aggio Longo foi então sequestrada e morta. Ela levou dois tiros na cabeça. A Procuradoria, no entanto, acusou o promotor de ter matado a mulher. Um teste de DNA realizado mostrou que o bebê não era filho de Igor.

Em 2006, o Órgão Especial do TJ decretou a perda do cargo de promotor. O mandado de prisão do ex-promotor tinha validade até 17 de abril de 2021.

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