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Ingrid Klass, idealizadora do Lenço Amigo, expandiu o projeto e está levando a campanha para outros estados | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Ingrid Klass, idealizadora do Lenço Amigo, expandiu o projeto e está levando a campanha para outros estados| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A professora de educação infantil Ingrid Klass foi diagnosticada com câncer de mama aos 27 anos. Apesar de sentir o peso do diagnóstico precoce, ela nunca pensou em desistir nem do tratamento e nem da vaidade, que sempre a acompanhou, desde pequena. Assim que começou o tratamento de quimioterapia, que normalmente causa queda de cabelo, a professora se encantou pelos lenços, que além de esconder a calvície, ajudam a colorir o visual e a sala onde realizava o tratamento.

“Comecei a receber vários lenços de presente que tinham uma energia especial. Antes de fazer a sessão de quimioterapia, já pensava na roupa que iria usar, na maquiagem, em colocar um brinco diferente”, conta. Ao chegar no hospital, Ingrid era abordada por outras mulheres, que perguntavam como ela conseguia manter a aparência tão saudável e o sorriso no rosto. Desabafando, muitas diziam que não conseguiam nem se olhar no espelho depois da descoberta da doença. Assim, começou, com palavras de incentivo e pequenas dicas de maquiagem, a ajudar as mulheres ao seu redor.

Depois de um ano, sessões de químio, radioterapia e cirurgia, Ingrid venceu o câncer, mas não deixou de usar seus lenços e suas palavras para ajudar outras pacientes. Foi ai que começou o projeto “Lenço Amigo”, que até hoje já arrecadou 20 mil lenços para distribuir entre mulheres que lutam contra o câncer. O projeto começou pequeno, com mensagens em redes sociais para amigos próximos. Em poucos meses, já tinha mais de 3 mil lenços na portaria do seu prédio. Junto da amiga Vanessa Rosa, criou um site onde conta sua história e a do projeto, que já saiu de Curitiba e ajuda pacientes de todos os cantos do país.

Por causa de doações, Ingrid já enviou lenços para diversas cidades do Paraná, além de Rio de Janeiro, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. São tantas que nem sabe ao certo quantas doações já sairam de Curitiba. Para enviar as doações, a professora conta com a colaboração de outras pacientes, que foram beneficiadas pelo projeto nessas cidades e se curaram. “São as sementinhas que eu planto”, diz.

Ingrid e a amiga Vanessa RosaAniele Nascimento/Gazeta do Povo

Mais do que um lenço

O nome do projeto é bem claro em sua proposta. Mais do que um lenço, Ingrid entrega um pouco de esperança na luta contra o câncer. A maioria das doações vem com uma carta de quem doou, com palavras de incentivo e de carinho às pacientes.“Quando ficamos doente, ficamos muito carentes. Às vezes só precisamos de alguém que nos ouça, que nos dê um abraço”, conta. Ao receber os lenços, Ingrid os separa, lava e embala todos para presente, para que seja de fato algo especial para quem recebe.

Mesmo que o doador não tenha feito uma cartinha, ela faz questão de enviar junto um cartão que diz: Dentro deste cartão há o tesouro mais precioso deste mundo. Ao abrir, a mulher que recebe o lenço se depara com o espelho que por tantas vezes evitou durante o tratamento. “É como se um presente simples fizesse com que o brilho nos olhos reacendesse”, conta.

Em Curitiba, a professora faz questão de levar as doações pessoalmente nos hospitais. Para ela, receber o apoio de quem venceu o câncer tem um sentimento especial. “Sempre é bom recebermos palavra de incentivo. Mas recebê-la de quem já passou pelos mesmos problemas, pelas mesmas dores, tem um sentimento diferente”, conta. A professora diz que, as mulheres, que normalmente a recebem sérias e com o rosto fechado, saem mais leves e com esperança de ter vencido mais uma batalha.

Sonhos não podem esperar

Arquivo pessoal

Hoje com 29 anos, Ingrid conta com orgulho a sua história, que diz não ter sido fácil, mas cheia de aprendizado. Ao descobrir o câncer de mama, estava há cinco meses de se casar com o noivo, João Rodolfo de Souza. Apesar de ter que suspender a festa com qual sempre sonhou, não deixou de realizar o desejo de casar e usar um vestido de noiva.

“As pessoas julgavam porque eu queria usar o vestido careca. Eu não me importei, busquei realizar o meu sonho e fazer aquele momento difícil mais fácil”.

Ingrid casou-se no civil e fez fotos vestida de noiva, mesmo que a festa não tenha se tornado realidade por causa das despesas com o tratamento. Na hora de alugar o vestido, o dinheiro também era pouco pelos preços altos do modelo dos seus sonhos. Em uma loja, contou sua história e ganhou de presente um dia de noiva. “Tive muitos anjos na minha vida que me ajudaram realizar meus sonhos. Gosto de pensar que sou um pouco anjo das outras mulheres, insistindo para que elas não desistam”, afirma.

Mesmo quando sabe que as chances de cura de uma nova amiga são pequenas, ela não transparece a tristeza. “Gosto de pensar que eu posso não ter curado ela, mas ajudei a fazer o tratamento mais alegre e menos doloroso”.

Doações

Para continuar o projeto, Ingrid conta com parceiros que recebem as doações em seus estabelecimentos. Quando há um número grande de doações, ela mesmo vai até o local para preparar os kits. A lista completa dos locais está no site que ela mantém junto com a amiga Vanessa. O endereço é o http://rosaklass.com/.

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