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Frente e interior da Casa foram ocupados por professores estaduais e outros servidores ainda na noite de ontem. Eles prometem ficar | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Frente e interior da Casa foram ocupados por professores estaduais e outros servidores ainda na noite de ontem. Eles prometem ficar| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Paralisação geral

Outras categorias de servidores estaduais seguem mobilizadas

Além dos professores, outras categorias continuam mobilizadas em todo estado. E não é só por causa do "pacotaço" do governo Richa.

Os servidores estaduais da saúde entram em greve amanhã, cobrando o pagamento de horas-extras atrasadas.

Os bombeiros que trabalham na Operação Verão podem cruzar os braços em pleno carnaval, cobrando diárias que ainda não foram pagas.

Além deles, professores de universidades estaduais protestam contra medidas que, segundo eles, ferem a autonomia universitária.

"O ‘pacotaço’ é o ponto em comum. Mas cada categoria tem suas reivindicações específicas", disse Elaine Rodella, presidente do SindSaúde.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que, na última segunda-feira, efetuou o pagamento das horas-extras atrasadas referentes aos meses de novembro e o auxílio alimentação de dezembro e janeiro. A Sesa havia informado que permaneciam atrasadas as horas-extras de dezembro. Nesta quarta-feira (11), o órgão corrigiu a informação e disse que não há horas-extras em atraso. "Foi uma tentativa de desmobilizar a categoria, mas permanecemos em greve. Tem servidor que chega a fazer 200 horas-extras por mês e não recebe por isso", afirmou Elaine.

Agentes e bombeiros

Ontem, os agentes penitenciários deliberaram, em assembleia, que também entram em greve, caso o "pacotaço" seja aprovado. No Litoral, bombeiros e policiais militares ameaçam não assumir seus postos de trabalho no carnaval, caso não recebam as diárias – para custear hospedagem e alimentação – que estão atrasadas desde a segunda quinzena de janeiro. Recentemente, a Gazeta do Povo mostrou que guarda-vidas sofrem ameaça de despejo por não conseguirem pagar as pousadas onde estão hospedados.

Greve amplia incertezas quanto ao ano letivo

Se antes da paralisação o calendário escolar já sofria atropelos, a greve aprofundou as incertezas em relação ao ano letivo. Os dez mil professores temporários que seriam contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS) sequer foram chamados pela Secretaria de Estado da Educação (Seed). Para a APP-Sindicato, além de o número de temporários ser insuficiente, a demora na contratação vai afetar ainda mais o andamento do ano letivo.

Além disso, o corte de 30% no corpo de funcionários PSS – que trabalham na limpeza e administração das escolas – também preocupa. A Seed disse que faria uma redistribuição dos funcionários entre as escolas. A pasta garante, ainda, que vai recontratar 8,3 mil funcionários, o que equilibraria o quadro. Entretanto, a própria Seed não sabe o tamanho do impacto que a greve terá no ano letivo. "Dependerá da quantidade de dias que o movimento vai durar", disse a pasta, via assessoria.

"Da maneira que as escolas estão hoje, não há condições de começarmos as aulas. Tem colégios que perderam 90% dos funcionários e não tem professores para preencher o quadro. É um desmonte", disse Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato.

Outro ponto que provocou a mobilização dos servidores é o atraso no pagamento do terço de férias e da rescisão dos 29 mil PSSs que lecionaram no ano passado. A Seed disse que os pagamentos começarão neste mês, mas que a dívida só será quitada em abril.

Indignação de educadores impulsionou invasão

Mais que uma maneira de interromper a votação, a invasão da Assembleia Legislativa foi um ato pelo qual os professores e servidores manifestaram sua indignação para com o "tratoraço". Em meio a cartazes com palavras de ordem e uma bandeira do Brasil que um manifestante fazia tremular, a professora Elenice de Campos deixou claro que o que a motivou a ocupar o prédio foi a revolta.

"É a indignação pela forma com a educação do Paraná está sendo tratada. Este é o motivo pelo qual todos estamos aqui", disse. Para participar do protesto, Elenice, que mora em Inácio Martins, no Centro-Sul, teve de encarar horas de viagem de ônibus. Nem o braço engessado, por causa de um acidente sofrido recentemente, foi capaz de contê-la. "A indignação é maior", assentiu.

O agente administrativo Valdemir Nunes de Santana, que trabalha em uma escola de Pinhais, também participou do ato. Mesmo acostumado a tomar parte em protestos, se arrepiou com a ocupação da Assembleia. "É um momento histórico. Precisamos fazer isso para manter as conquistas que tivemos. É uma luta pela educação", afirmou.

Nos corredores, os invasores vibravam com o ato e comemoravam o adiamento da votação. Parte deles aplaudiu a postura dos policiais militares, que não usaram de violência para com os manifestantes. "A invasão foi pacífica e a polícia agiu de forma correta", apontou a professora Angela Martellini.

Antonio Senkovski e Felippe Aníbal

  • Grupo contra alta na tarifa de ônibus ocupou frente da prefeitura

Centenas de professores e funcionários da rede estadual de ensino, que ontem ocuparam a Assembleia Legislativa (Alep), prometem permanecer no prédio até que o "pacotaço" enviado à Casa pelo governador Beto Richa (PSDB) seja retirado. O projeto – que corta benefícios conquistados há décadas pelos servidores – seria apreciado ontem, mas a votação foi adiada depois da invasão. Enquanto isso, os educadores continuam com a greve, que entra no terceiro dia, afetando mais de 950 mil alunos em todo o Paraná.

"Nós não vamos sair [da Alep]. Vamos ficar até que o governo desista do 'pacotaço'. Ficaremos por um dia, dois dias... pelo tempo que for necessário", garantiu Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato, que representa os educadores estaduais.

A invasão ocorreu às 18 horas, assim que a Assembleia aprovou a formação de uma comissão geral – manobra conhecida como "tratoraço", que permite que os projetos sejam votados à toque de caixa, sem passar pelas comissões. Manifestantes que estavam de fora do prédio conseguiram derrubar um dos portões. O cordão de isolamento formado por policiais militares não foi capaz de conter a multidão, que ocupou o plenário a gritos de "vergonha, vergonha" e "fora, Beto Richa".

Assim que foi informado da invasão, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), suspendeu a sessão. Os parlamentares deixaram o plenário às pressas e se refugiaram em uma sala anexa. Posteriormente, cada um foi escoltado ao seu respectivo gabinete. Enquanto isso, inflamados, os manifestantes cantavam o hino nacional e exibiam cartazes com palavras de ordem, como "Beto Caloteiro". Todas as galerias e a rampa de acesso também foram ocupadas. Diante da pressão, Traiano adiou a votação do "pacotaço".

A ocupação chegou a ser transmitida ao vivo pela TV Sinal, canal oficial da Assembleia Legislativa, mas a cobertura foi interrompida às 18h19, porque, segundo a assessoria da casa, as câmeras foram danificadas pelos manifestantes. Os invasores também picotaram cópias do "pacotaço", que estavam sobre a mesa de deputados, e quebraram a porta de acesso à Sala de Imprensa.

Sem aulas

O barulho diante da Assembleia havia começado logo cedo. Cem ônibus trouxeram educadores de diversas regiões do estado para engrossar a manifestação. Segundo a APP-Sindicato, o ato chegou a reunir 15 mil pessoas. Enquanto protestavam, escolas estaduais ficavam vazias pelo segundo dia consecutivo. O sindicato afirma que a greve conseguiu adesão de 100% e que nenhum dos 2,1 mil colégios abriu as portas. A Secretaria de Estado da Educação diz que 20% das escolas funcionaram, apesar da paralisação.

Ainda que o "pacotaço" venha a ser aprovado, a categoria promete se manter em greve, até que o governo recue em outras medidas – como o corte de funcionários e de professores temporários. "Nossa luta é contra o descaso com a educação. Hoje, as escolas não têm mínimas condições de funcionar", afirmou Leão.

Outro grupo acampa na frente da prefeitura

Rodrigo Batista e Felippe Aníbal

Manifestantes ligados à Frente de Luta Pelo Transporte promoveram ontem à noite um ato em frente da prefeitura de Curitiba. O grupo garantia que iria permanecer em acampamento e passar a noite em frente ao prédio, no Centro Cívico. Até as 21 horas, quatro barracas haviam sido armadas no local. O número de manifestantes chegou a 150 pessoas, segundo os organizadores do ato, mas, com o avanço da noite, parte das pessoas deixou o local.

O ato faz parte da terceira manifestação contra o aumento na passagem de ônibus em Curitiba, que subiu de R$ 2,85 para R$ 3,30 (R$ 3,15 para pagamento em cartão-transporte).

Segundo Clarissa Viana, uma das integrantes da Frente, o objetivo é esperar uma resposta da prefeitura sobre a redução no valor da tarifa. "Nosso objetivo não é o enfrentamento com a Guarda Municipal, mas queremos ser recebidos pelo prefeito."

A Frente defende a redução da tarifa do transporte coletivo para R$ 2,85 e o congelamento da passagem neste valor. No início do ato em frente à prefeitura, cerca de dez guardas municipais estavam na entrada do prédio, mas, após cerca de 1h30, um reforço foi chamado e outros guardas entraram no prédio. Entretanto, o clima no local era pacífico.

A assessoria de imprensa do prefeito Gustavo Fruet (PDT) informou que não havia recebido nenhum pedido oficial de audiência e, portanto, ontem eles não seriam recebidos. Os manifestantes reconheceram que não apresentaram nenhuma solicitação normal, o que deve ser feito hoje. "Mas acreditamos que, o mínimo que o prefeito poderia fazer é nos receber e nos ouvir", acrescentou Clarissa.

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