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Prédio está fechado desde que foi concluído, em 2007, e já precisou de reformas. | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Prédio está fechado desde que foi concluído, em 2007, e já precisou de reformas.| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

O mundo, diz a Bíblia, ficou pronto em sete dias. Já a construção do museu para contar a história da formação do planeta se arrasta há quase uma década. Idealizado pelo geólogo João José Bigarella, um prédio para acervos de geologia foi erguido num terreno alto, mas encharcado, dentro do Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa. Quando a obra de engenharia ficou pronta, em 2007, parecia que o sonho de um dos principais cientistas paranaenses estava prestes a virar realidade, mas desde então ele espera que uma sequência de contratempos se revolva para que o espaço seja concluído e aberto para a visitação.

Os primeiros problemas surgiram pouco depois da entrega do prédio, com infiltrações e falhas no telhado. “Quando chovia, inundava”, conta Bigarella. Aos poucos, a obra foi ficando abandonada e também sujeita a vândalos. Parte foi depredada. Levou tempo para conseguir vencer as etapas para a realização de uma reforma. Hoje ainda alguns reparos simples precisam ser feitos para que a estrutura tenha condições de abrigar o acerto e receber visitantes.

Paralelamente aos problemas estruturais, permanecia a dúvida de como seria a gestão do museu. A Fundação Bigarella pediu a cessão do espaço, mas um parecer jurídico da Procuradoria-Geral do Estado negou a solicitação, com o argumento de que seria ilegal. O governo estadual também não concordava em arcar sozinho com todas as despesas de manutenção, como contratação de funcionários para receber os turistas e administrar o espaço, incluindo limpeza e segurança. O impasse levou à perda de R$ 3,8 milhões conseguidos pela Fundação para preparar o espaço de visitação.

Novos rumos

Confira na edição de segunda-feira quais os planos para quatro parques estaduais.

Parte do acervo vindo de fora do Brasil e de viagens para coleta de amostras no Paraná está guardada no prédio, onde também estão alguns vidros curvos, para os dioramas – instalações para explicar um momento histórico. Com o passar do tempo, mesmo sem ser inaugurado, o espaço mudou de nome e virou Centro de Excelência em Geociências (Cegeo) – museus estaduais estão sob a responsabilidade da Secretaria de Cultura e o ponto de visitação em Vila Velha está na alçada do Instituto Ambiental do Paraná.

Bigarella imaginou o visitante percorrendo uma linha do tempo, acompanhando cada estágio do desenvolvimento do planeta. A inspiração veio dos mais de 400 museus que visitou. “Estive nos mais simples e nos mais fabulosos”, conta. O geólogo quer que o centro seja um local de aprendizado, para crianças, jovens e adultos. “Os museus foram escolas para mim”. Aos 91 anos, ele luta para não perder a esperança de ver a obra inaugurada.

Detalhe da proposta do projeto, com instalação de dioramas.Divulgação

Governo alega que solução está próxima

Uma possibilidade de acordo para resolver o impasse está encaminhada, segundo Guilherme de Camargo Vasconcellos, diretor de biodiversidade e áreas protegidas do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Uma reunião entre governo e Fundação Bigarella foi agendada para a próxima semana. Ao invés de cessão do espaço, o governo concorda com um convênio de cooperação técnica, o que deve ser suficiente para que a Fundação volte a buscar financiamentos para concluir a preparação do espaço de visitação. Glauco Horrocks, amigo de Bigarella e presidente da Fundação, confirma que foi chamado para uma reunião com o IAP. Ele espera que um acordo seja firmado para que a obra possa ser inaugurada. “Nossa missão é terminar o circuito expositivo. Não fazemos questão de administrar o museu. O que queremos é materializar o sonho do professor”, diz. No modelo proposto, a Fundação ficaria responsável pela curadoria do acervo. Horrocks espera conseguir recuperar os projetos de patrocinadores e parcerias que foram perdidos com a demora na busca por uma solução. (KB)

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