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Vista do plenário da Câmara dos Deputados | EVARISTO SA/AFP
Vista do plenário da Câmara dos Deputados| Foto: EVARISTO SA/AFP

Se você votou em um deputado do PT, há uma chance grande de que tenha ajudado a eleger um deputado que vai votar pelo impeachment – e vice-versa. Em 22 das 27 unidades da federação, incluindo o Paraná, o partido se coligou com outras legendas que devem votar a favor da saída de Dilma Rousseff (PT). Em 2014, apenas PSDB e os nanicos PCO, PCB e PSTU não disputaram as eleições para a Câmara Federal com o PT em nenhum estado – além da Rede e do PMB, criados posteriormente.

Parte das coligações, à época, respeitavam a lógica eleitoral. PMDB, PP e PSD, por exemplo, disputaram as eleições federais na chapa de Dilma e decidiram deixar o governo só no auge da crise.

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Mas, isso também mostra um grave problema das eleições proporcionais no país. As coligações para a Câmara Federal são mais ligadas às disputas estaduais do que às federais. E, assim, o PT chegou a coligar com DEM, PPS e SD – partidos declaradamente de oposição. Até o isolado PSol se coligou ao PT, nas eleições do Amapá.

Pelo sistema proporcional aberto, em vigor há quase 80 anos, mas desconhecido pela maioria dos eleitores, quando você vota em um candidato, vota também no seu partido. Caso esse partido esteja coligado com outros, o voto conta para todas as legendas da coligação. As cadeiras são, então, divididas de acordo com os votos de cada chapa – e os mais votados de cada uma delas assumem os mandatos. Por causa disso, um voto no partido X pode favorecer o partido Y. Isso vale para deputados e vereadores.

Parcerias

Em 2014, os parceiros preferenciais do PT foram o PCdoB (aliado em 16 estados) e o PDT (em 12), partidos que hoje se posicionam claramente contra o impeachment. O PROS, que ainda não se decidiu, se coligou com o PT em nove estados, enquanto PSL, PSD e PRB coligaram em sete. Com bancadas consideradas centrais para a governabilidade, PMDB e PP se juntaram ao PT em seis estados. O PR, em cinco.

As maiores coligações envolvendo o PT ocorreram no Acre (13 partidos), Ceará e Paraíba (ambos com 10 partidos). Já no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Rondônia, o partido disputou as eleições com chapa pura. No Espirito Santo, se aliou somente ao até hoje aliado PDT. No Maranhão, a coligação era apenas com o PSD, e no Pará, com o PMDB.

No Paraná, o PT repetiu a coligação majoritária na campanha para deputado federal, com PDT, PCdoB, PRB e PTN. Dos seis eleitos, apenas Christiane Yared (hoje filiada ao PR) deve votar pelo impeachment. A distribuição foi relativamente equilibrada: o PT contribuiu com 61% dos votos da chapa e ficou com 66% das cadeiras (quatro de seis).

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A lógica da coligação tem mais a ver com matemática do que política. Quando um determinado grupo de partidos faz uma coligação majoritária, tenta-se dividir os partidos aliados de maneira em que todos consigam o melhor desempenho possível nas eleições proporcionais – respeitando os interesses de cada um. No Paraná, por exemplo, a coligação do governador Beto Richa (PSDB) contava com duas chapas distintas para deputados federais, enquanto o PSB lançou chapa pura.

Isso é um problema: as chapas federais são definidas a partir da campanha majoritária estadual – o que acaba embaralhando o jogo partidário. Um caso de 2014 que ilustra isso é a aliança entre PT e DEM na Paraíba. Os dois partidos, que em nível nacional não estiveram do mesmo lado em nenhuma ocasião, apoiaram o candidato Ricardo Coutinho (PSB). Pela matemática das chapas, era vantajoso que os dois ficassem juntos. Assim, os paraibanos que votaram no DEM, votaram no PT – e vice-versa.

Distorções

Além disso, trata-se de um jogo no qual um partido pode dar uma boa parte dos votos, mas um candidato de outra legenda ficar com as cadeiras. Isso aconteceu com o PT em 2014, em Pernambuco. O partido fez 32% dos votos de uma coligação que fez seis cadeiras, mas acabou ficando sem nenhum deputado. Isso, obviamente, gera distorções de representação, que ficam mais graves quando os partidos tomam caminhos opostos no parlamento.

No caso do PT, o partido saiu perdendo com essas distorções. Somando votos de legenda e nominais, o partido fez 13,5 milhões de votos em 2014, enquanto seus aliados fizeram pouco menos de 13 milhões. Entretanto, de 150 cadeiras, o partido ficou com somente 68 – enquanto os aliados, que fizeram menos votos, conseguiram 82.

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