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Saneamento aumenta o tempo de vida

Água encanada e esgoto coletado e tratado estão diretamente relacionados ao aumento de longevidade. Em 19 comunidades analisadas pelo Atlas de Desenvolvimento Humano, o percentual de moradores com cobertura inadequada desses dois serviços cresceu na última década.

O problema é mais comum em regiões de ocupações irregulares. Um caso é a Vila Formosa, no Novo Mundo (foto).

A ocupação, que começou em meados dos anos de 1990, ainda sofre com a queda em alguns indicadores de saneamento. Entra 2000 e 2010, caiu o número de domicílios com água encanada e ainda é comum ver esgotos sem qualquer tratamento pela região.

A realidade difere do Novo Mundo, que teve melhorias significativas nesses indicadores. Contudo, a situação mais delicada ainda é nos municípios da região metropolitana, como Campo Largo e Lapa.

Quem vive no bairro Água Verde, em Curitiba, pode viver até 12,31 anos a mais do que um morador da Vila Grécia, em Almirante Tamandaré, a 30 quilômetros. Os dados estão no Atlas do Desenvolvimento Humano, divulgado semana passada pela ONU. Essa "juventude perdida" na expectativa de vida entre os dois bairros da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) reflete o melhores indicadores de educação, saneamento básico e renda daqueles que têm domicílio na capital.

INFOGRÁFICO: Confira os melhores e os piores índices de desenvolvimento humano dos bairros da capital

"Quase 13 anos de diferença é uma juventude que você deixa de viver", pondera o arquiteto e urbanista Luis Henrique Cavalcanti Fragomeni, da Vertrag Planejamento Urbano. Para ele, há dois fatores preponderantes que influenciam nesse desempenho: saneamento básico, especialmente o esgoto coletado, e mortalidade infantil. Apesar de ambos os índices estarem caindo, ainda há territórios em que são preocupantes, especialmente nos municípios da região metropolitana.

Entre 2000 e 2010, o bairro com mais alto desenvolvimento humano da RMC, o Água Verde, não teve variação no porcentual de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados. Isso ocorre porque desde 2000 o saneamento básico era plenamente atendido na região. Com isso, a expectativa de vida no Água Verde subiu 3,85 anos – de 77,63 para 81,48 anos. Na outra ponta, a Vila Grécia conseguiu aumentar a cobertura de esgoto e água encanada. Em 2000, 10,44% dos moradores não eram atendidos pela rede, índice que caiu para 0,97% em 2010. Em contrapartida, a expectativa de vida não aumentou tanto, apenas 1,59 ano, passando de 67,58 para 69,17 anos.

Fragomeni defende a elaboração de políticas públicas que priorizem as regiões de alta densidade demográfica na RMC e que apresentam os piores indicadores. "Isso é promover a equidade. Enquanto há bairros que têm todos os equipamentos públicos, outros não possuem o mínimo. Corrigir isso é ter uma política pública bastante defensável."

Renda

Na opinião do diretor de estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, a renda também é um fator chave para a melhoria da longevidade. "Na medida em que a renda melhora, obtemos melhores índices de longevidade e melhores padrões educacionais. Há uma consciência de importância da educação que vai fazendo esse efeito", observa.

O Água Verde tem a maior renda média de todos os bairros da RMC. Em 2000, era de R$ 4.148,34 e subiu para R$ 4.645,60 em uma década. O bairro também possui a maior média de expectativa de anos estudados – saltou de 12,48 para 13,1 anos. Já na Vila Grécia, a renda média é inferior ao salário mínimo. Em 2000, a média era de R$ 250,52 e aumentou para R$ 392,79.

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