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A bióloga Anne-Sophie confere a armadilha fotográfica, que é acionada pelo calor e pelo movimento | Cristhian Rizzi/ Gazeta do Povo
A bióloga Anne-Sophie confere a armadilha fotográfica, que é acionada pelo calor e pelo movimento| Foto: Cristhian Rizzi/ Gazeta do Povo

Outro estudo aponta resultado semelhante

O médico veterinário Raphael Xavier, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversida de (ICMbio) – órgão responsável pela administração do Parque Nacional –, diz que uma outra pesquisa relacionada às onças-pintadas está sendo feita na reserva. Por meio da investigação, realizada pelo projeto Carnívoros do Iguaçu, foram feitos sete registros de onças pintadas e 10 de pumas, em um período de um ano, em uma área que corresponde a aproximadamente 50% de todo o território do parque nacional.

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Foz do Iguaçu - A presença de puma no Parque Nacional do Iguaçu, no limite entre Brasil e Argentina, supera a da onça-pintada, espécie ameaçada de extinção. A conclusão foi obtida a partir um mapeamento feito desde 2006 em uma área de 385 quilômetros do parque e no seu entorno, pela Rede Verde, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) canadense. Conforme a pesquisa, foram feitos 118 registros de puma (Puma concolor) contra apenas quatro de onça-pintada (Panthera onca). O Parque Nacional do Iguaçu, com 185 mil hectares, é considerado um dos últimos refúgios da onça-pintada no Sul do Brasil.

A pesquisa, coordenada pela bióloga francesa radicada no Brasil e diretora da América Latina da Rede Verde, Anne-Sophie Bertrand, com apoio de universidades e institutos, está sendo realizada com auxílio de uma armadilha fotográfica, uma espécie de câmera sensível ao calor e movimento. O equipamento não dispara flash e tem capacidade para fazer pelo menos uma imagem por segundo. Ao final de três meses, é possível obter até 15 mil fotos. Sophie diz que, apesar dos registros feitos, não é possível saber o número de onças e pumas (onça-parda) existentes no parque porque um mesmo animal foi fotografado mais de uma vez pelas câmeras. No entanto, é possível afirmar que a presença de pumas no espaço é superior à de onças. "A frequência de ocorrência das onças-pintadas é alarmante, já que em quase 400 quilômetros de trilhas percorridas, apenas quatro registros foram possíveis. Em compensação, a frequência de ocorrência das onças-pardas foi significamente maior, pois registramos 118 indícios na mesma amostragem", diz.

Os pesquisadores instalaram a armadilha em pelo menos 1,6 mil diferentes pontos. Os quatro registros de onças-pintadas foram feitos perto do município de Céu Azul, dentro da área delimitada de 385 quilômetros, enquanto que os de pumas foram flagrados em praticamente toda a extensão do parque no lado brasileiro.

Outro detalhe da pesquisa que chamou a atenção foi a presença de pessoas na área verde. O mapeamento revelou 294 indícios de presença humana no parque, através de imagens e registros feitos em campo. Foram encontrados inclusive acampamentos de caçadores.

Extinção

Maior felino das Américas, a onça-pintada está em vias de extinção. Os principais motivos são a caça, a cobiça pela pele, avaliada em US$ 25 mil no mercado negro, e a falta de alimentação adequada. Os mitos criados em torno da onça, entre eles o fato de o animal ser considerado perigoso e que pode comer e atacar pessoas, também contribui para que as pessoas tenham impulso de abater o animal ao avistá-lo, diz Sophie.

No Parque Nacional, a situação do felino torna-se mais grave por duas razões: a existência e uma cultura de caça nas regiões Oeste e Sudoeste, advinda da tradição europeia, e as condições do animal, hoje enfraquecido pela necessidade de sair do meio onde vive para buscar outros alimentos. "A onça fica fraca e tem uma resposta de estresse fora do comportamento comum dela", diz a bióloga. Há registros indicando que o animal tem se alimentado de cães, bezerros e carneiros de propriedades vizinhas ao parque. As alterações no ambiente, provocadas pela poluição da água e a presença demasiada de caçadores, também são fatores que atrapalham a preservação da espécie.

Ao contrário da onça-pintada, o puma tem mais facilidade de adaptação ao ambiente do parque, o que facilita a preservação da espécie. As presas prediletas do animal são o veado, a capivara, a paca e o tatu. Já a onça-pintada tem preferência por cateto, queixada e anta. A população de queixada no parque já foi extinta principalmente pela presença de caçadores, o que faz a onça a procurar outras presas fora do ambiente. Em 1990, outra pesquisa realizada na reserva indicava que a população de onças-pintadas não passava de 150 animais.

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