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Veículos da frota da Greca Transportes: caminhões da empresa foram alvo da ação de quadrilhas de assaltantes nos últimos seis meses. | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Veículos da frota da Greca Transportes: caminhões da empresa foram alvo da ação de quadrilhas de assaltantes nos últimos seis meses.| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Empresa vira alvo frequente de assaltantes

Embora não esteja nas estatísticas do Paraná, o roubo de um caminhão da Greca Transportes ilustra bem o perigo que ronda os motoristas nas estradas. Na semana retrasada, mais um veículo da empresa foi levado por assaltantes no estado de São Paulo. A carreta foi encontrada 6 horas após o assalto, e o motorista libertado depois. A Greca tem 90 caminhões especiais que só carregam asfalto, com a sua logomarca bem visível.

Segundo um dos diretores da Greca, que pediu para não ser identificado, dois veículos foram roubados somente nos últimos seis meses. "Houve inúmeras tentativas de assalto", diz. "Tudo acontece em São Paulo, perto do Rodoanel (autoestrada que contorna a região metropolitana de São Paulo) e em Paulínia (SP)."

Por causa dos assaltos, a empresa está tendo problemas com clientes e para arrumar motoristas.

Assaltos

Bino (nome fictício), de 54 anos, há 23 anos na empresa, já sofreu três assaltos na estrada. Os ladrões levaram o caminhão em São Bernardo do Campo (SP), na primeira vez. Ele ficou sem R$ 300 e quase levou um tiro num assalto em Paranaguá (litoral do PR), na segunda vez. E quase foi morto num assalto em Brasília (DF), levando uma facada no peito, na terceira vez.

O motorista conta que é muito comum confundir assaltantes com policiais militares, fiscais da Receita Estadual e policiais rodoviários. "Hoje é muito comum o bandido se fantasiar de autoridade para parar o motorista", afirma. "Outras vezes, mulheres são colocadas nas estradas só para atrair o caminhoneiro." (JNB)

  • Número de furtos e roubos de caminhões

Em apenas um ano, o número de casos registrados de roubo de caminhões em Curitiba mais que quintuplicou. Foram 34 casos no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro) do ano passado, contra apenas 6 em igual período de 2007 – um crescimento de 466,67%. A recuperação desses veículos também cresceu 31,82% no período, subindo de 22 para 29 unidades de um ano para o outro. Já os furtos cresceram bem menos na capital no período: foram 18,18%, passando de 11 em 2007 para 13 caminhões em 2008. As estatísticas são da Secretaria da Segurança Pública do Paraná. Elas estão disponíveis no site www.seguranca.pr.gov.br, no relatório referente ao 3.º trimestre do ano passado. Ontem foram apresentados mais dois acusados de roubo de cargas, presos na BR-376, em Tijucas do Sul.

A alta desses roubos pôs em alerta donos de transportadoras, autônomos e motoristas. Segundo o delegado Antônio Celso dos Santos, chefe da divisão da Polícia Federal que reprime o roubo de cargas no país, os três estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) são rota das quadrilhas de roubo de cargas e veículos de transportes.

Apesar das evidências, a Secretaria de Segurança não admite a hipótese de rota. "O número subiu porque muitos motoristas estão sendo abandonados em Curitiba, mas os assaltos são feitos em outros estados, como São Paulo, Santa Catarina ou Rio Grande do Sul", informa a secretaria. A outra explicação oficial para o aumento de 466,67% seria a duplicidade de boletins de ocorrências – um seria feito por causa do veículo e outro por causa da carga, mas informando o mesmo fato.

Segundo Fernando Klein Nunes, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), há dois tipos distintos de quadrilhas atuando, com alvos bem claros. "Temos o ladrão de caminhão e o ladrão de cargas", explica. "Assim, enquanto um não se interessa pelo veículo, o outro não quer a carga." Já as cargas preferidas pelos gângsteres são pneus, polietileno, autopeças, medicamentos e produtos de higiene e limpeza.

Talvez por isso, 29 caminhões tenham sido recuperados no terceiro trimestre do ano passado no estado, dos 47 veículos furtados e roubados no período, na capital. Nunes lembra que, se a carga é o alvo, o veículo é encontrado rapidamente. E, quando é o caminhão, a situação se inverte: só a carreta ou o reboque são achados, sem o cavalo mecânico.

Um dos 29 veículos recuperados pertence à transportadora Trans-Iguaçu. Ele foi roubado no dia 26 de setembro de 2008, num posto de combustíveis no município de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba.

"A gente recuperou o caminhão sem a ajuda da polícia, com o trabalho de funcionários da célula de rastreamento", informa a advogada Débora Cardoso, encarregada da gestão de riscos da Trans-Iguaçu. Ela conta que o veículo foi bloqueado por satélite após o alerta de roubo. A carga recuperada era de pneus.

Segundo Débora Cardoso, a empresa teve outro caminhão levado num assalto que aconteceu em Tubarão (SC). Ele foi encontrado em São José dos Pinhais (PR), também por funcionários da Trans-Iguaçu. A carga estava intacta, mas o seu baú já tinha sido pintado.

A Trans-Iguaçu também sofreu outros cinco assaltos em Registro (SP) no ano passado, sem conseguir recuperar as cargas. De acordo com a advogada, a polícia está demorando muito para liberar os veículos roubados. "A burocracia é enorme", reclama.

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