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O sambista Dudu Nobre e a mulher dele, a modelo Adriana Bombom, voltavam dos Estados Unidos, com o produtor musical Ivan Correa Júnior. Segundo contam, foram destratados por dois comissários da American Airlines. A história teria começado quando Adriana não conseguiu abrir a porta de um banheiro. "O Dudu e o Júnior estavam rindo de mim, dizendo que nem conseguia abrir a porta. Só que a comissária achou que estávamos rindo dela. Na verdade a gente não estava rindo dela, estava rindo da situação que eu não estava conseguindo abrir aquela porta", conta Adriana Bombom. "Foi a hora que ela me chamou de grossa, de estúpida e de ignorante."

Outro comissário teria tomado as dores da colega e passado a perseguir o casal. "Me restringiram de circular num pedaço do avião. Eu não podia passar para o outro lado. Falei que precisava esticar as pernas, pedi licença", completa o sambista Dudu Nobre.

Quando dormiu, Dudu teria sido alvo de gestos racistas. "Teve um momento que eu acordei e, quando olhei, o comissário estava do meu lado fazendo barulhos como de macaco", afirma Dudu Nobre.

Na saída do avião, já no Brasil, houve briga. Adriana teria sido xingada por ter se despedido de maneira áspera. "Quando Adriana saiu, ela falou que havia sido xingada", afirmou Dudu. "Aí eu voltei e, quando entrei, ele ficou em posição de luta e me disse: ‘vem, macaco, vem macaco, vem brigar comigo macaco’", contou o sambista. "E ficou aquele bate-boca, aquela confusão. Foi o momento que o comissário tirou os óculos, pegou a caneta e foi golpear o Júnior."

Júnior guardou a jaqueta e duas camisas com pequenos furos e manchas de sangue e mostrou o ferimento no ombro. "O Dudu me deu uma puxada, porque a caneta ia pegar no meu pescoço", conta o produtor.

O acusado da agressão é o americano Carlos Carrico, de 44 anos, que trabalha na American Airlines há 19 anos. Casado com a carioca Mônica, ele é filho de uma baiana com um italiano. Ao lado de um amigo negro, Carlos rebateu as acusações.

"Totalmente mentira. Eu juro para Deus que esse homem está falando totalmente mentira. Isso não aconteceu", garante o comissário.

A versão de Carlos é que o problema aconteceu com o produtor Ivan Júnior, que teria ignorado os pedidos para se sentar, pouco antes do embarque.

"Eu fui lá e falei para ele: 'o senhor tem que estar sentado, com o cinto afivelado, ou o avião não sai'. Ele não gostou, dava para ver que não gostou. Eu fui continuar meu trabalho. O único problema foi saindo de Nova York. Não aconteceu mais nada durante o vôo", diz Carlos Carrico.

Carlos reconhece que houve uma briga no desembarque, no Brasil. Mas diz que Júnior é que procurou confusão, foi contido por seguranças mas, mesmo assim, conseguiu acertá-lo.

"Chegou e me deu dois chutes. Ele estava desse lado e me chutou duas vezes", mostra Carlos Carrico.

Tatiana Cooley, uma americana com cidadania brasileira, era passageira do mesmo vôo e estava sentada exatamente atrás do casal Dudu e Adriana. Ela confirma que o comissário fez gestos racistas para os brasileiros.

"Estava indo para a frente do avião, e virava, assim, de repente, para fazer som, assim, na cara do Dudu. E fazia som de porco. Fazia como se ele fosse macaco. Ele ficou implicando com Dudu e Adriana o vôo inteiro", confirma.

Tatiana confirma, também, que a tripulação não deixava o casal se levantar durante o vôo. "Os dois tentavam se levantar para esticar as pernas, para se mexer um pouquinho. Só eles que não podiam. Todos os passageiros andando nos corredores, conversando e eles sentados ali."

Quando o caso veio à tona, Tatiana Cooley teve o nome equivocadamente divulgado como se fosse a outra comissária envolvida no caso. Na verdade, ela se apresentou como testemunha e já foi ouvida pela Polícia Federal. A aeromoça que teria começado toda a confusão não foi identificada.

A Polícia Federal está apurando o caso. A American Airlines abriu uma investigação interna. Dudu Nobre vai processar a companhia aérea pedindo indenização por danos morais e retratação pública.

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