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A falta de estrutura e de policiais para patrulhar o Lago de Itaipu na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina ganhou espaço nas mensagens reproduzidas pelo site WikiLeaks. Em informes postados no ano de 2008, os norte-americanos teceram comentários sobre a acanhada política de segurança brasileira para coibir o narcotráfico na região. O assunto não é novidade no Brasil nem entre os policiais, mas tornou-se um problema que se arrasta há anos, longe de uma solução.

Em uma das mensagens, o então embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, diz que o Brasil estabeleceu um ?centro de inteligência comum? para combater organizações criminosas ?transfronteiriças?. Ele ainda afirma que ?as questões de pessoal têm dificultado as operações, e não está claro que o governo brasileiro tenha pressionado os outros países muito vigorosamente para que enviassem representantes?. Em outro trecho, Sobel diz que ?o objetivo a longo prazo de realizar patrulhas conjuntas [no Lago de Itaipu] com os paraguaios continua elusivo?.

Agente da Polícia Federal (PF) e chefe da Delegacia de Polícia Ma­­rítima de Foz do Iguaçu (Depom), Augusto Rodrigues diz que a falta de equipamentos não é mais problema. A polícia dispõe de lanchas, botes infláveis, jet sky, fuzis e metralhadoras para patrulhar o Rio Paraná e o Lago de Itaipu. No entanto, o efetivo é reduzido. Hoje, 18 policiais são responsáveis pela fiscalização do Lago de Itaipu e Rio Paraná ? principal rota do contrabando e tráfico na fronteira. Eles precisam se revezar para fazer patrulhamento em uma área de 200 quilômetros de extensão. ?Trabalhamos três vezes mais que o normal. Falta recurso humano?, diz.

Quanto à colaboração entre Brasil e Paraguai, Rodrigues afirma que eventualmente a PF pede apoio à Marinha paraguaia para fazer uma interceptação. Contudo, entre Brasil e Paraguai há mais que fronteiras. Algumas barreiras existentes impedem o bom andamento do trabalho de combate ao crime. Uma delas é o entendimento sobre o que é e não é contrabando.

As diferenças de infraestrutura e tecnologia disponíveis no Brasil e no Paraguai também surgem como impedimentos para uma boa parceria entre os dois países. No Paraguai, faltam recursos humanos na polícia, no Ministério Público e não há troca de informações entre as corporações policiais. As dificuldades aparecem até mesmo para se fazer escutas telefônicas com fins de investigação. Somente uma operadora, com sede em Assunção, consegue prestar o serviço, o que limita a ação da polícia. Para os agentes brasileiros, o prejuízo é notório porque toda investigação iniciada no Brasil tem conexão no Paraguai. E os trabalhos não avançam quando dependem do país vizinho.

Confira abaixo videocast sobre o Wikileaks:

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