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Um grupo de sem-teto da ocupação Carlos Marighella, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), na Granja Viana, região de Carapicuíba (Grande SP), fez um protesto na tarde deste sábado (11) por ruas do condomínio Chácara São João.O condomínio faz limite com a ocupação que, segundo organizadores, conta com 3.500 famílias. O ato foi "pela moradia popular e contra o preconceito dos ricos" que moram na região e chegou a mil pessoas segundo o MTST. A Polícia Militar contou 500 pessoas.O ato começou às 14h30 e teve participação de crianças a idosos, que exibiam faixas com dizeres como "pela moradia digna já. Chega de despejos."

A reportagem contou nove viaturas policiais, que ficaram próximas à entrada do condomínio e não interferiram no ato. A PM não registrou nenhum conflito.A estudante e organizadora do MTST Agnes Karoline, 22, que prefere não revelar seu sobrenome, aponta como um dos motivos para o ato a tentativa na semana passada dos moradores de levantar um muro no lugar de um portão que dá acesso da ocupação a uma rua que cruza o condomínio.

"Isso ia isolar a ocupação da favela Ana Estela, e pais não iam ter como levar os filhos na escola". Parte das pessoas que participam da ocupação residem na favela, diz.

Outro motivo para o protesto é a suposta pressão dos moradores da Granja Viana para inviabilizar um acordo entre a ocupação, o proprietário do terreno e a Prefeitura de Carapicuíba.

De acordo com Agnes, o dono disse numa reunião de conciliação na quarta-feira (8) que entrou com a ação de reintegração de posse após sofrer pressão de uma promotora ligada aos moradores, mas que tinha interesse em resolver o problema através de negociações.

"Fizemos esse 'rolezinho' na Granja Viana porque os moradores têm preconceito contra os pobres", disse Agnes. De acordo com a militante, o Ministério Público teria sido responsável por barrar a proposta da Prefeitura de construir banheiros químicos para atender os manifestantes, argumentando que isso legitimaria a ocupação.

O pedreiro Luciano Evangelista, 33, que participou do ato, diz que ganha pouco e tem dificuldades para pagar o aluguel de R$ 650 da casa onde mora. Ele vive há 15 dias na ocupação enquanto sua mulher e três filhos continuam na casa alugada. "Fazia tempo que eu queria participar de uma ocupação e vim quando um amigo me chamou. Quero sair do aluguel", diz.

Agnes também acusa a polícia de realizar ações ostensivas no local para amedrontar os manifestantes e afirma que seguranças armados têm constrangido as famílias.A reportagem conversou com um segurança privado que estava no local. Ele, que preferiu não se identificar, disse que, apesar de também prestar serviços de segurança privada, é policial. Desde o início da ocupação, o número de seguranças foi de dois para quatro no período noturno, e "só os policiais, que já têm porte de arma, andam armados", diz.

Ele afirma que, desde o início da ocupação, houve um roubo à mão armada de um Ford Ecosport. Além disso, um Ipanema roubado teria sido localizado no dia 8 nas ruas do condomínio. No dia 9, uma motocicleta roubada foi encontrada. "Isso não é normal", afirmou.

Duas moradoras que preferiram não se identificar reclamam do aumento da circulação de pessoas pelo condomínio. "Se fosse só gente boa, estava bom, mas é um problema, porque já houve assaltos e ameaças. Meu vizinho já viu pessoas consumindo drogas", disse uma delas, que se identificou como advogada, mas não revelou o nome.

Agnes, do MTST, classifica as acusações como improcedentes e absurdas. "Temos um regimento interno que proíbe drogas e crimes, e dizer que a ocupação é responsável por algum aumento de roubos é preconceituoso", afirma.

A babá Ana Gleice Alves, 25, que participou da manifestação, diz que seu objetivo era mostrar que a ocupação é "da paz". Ela e a mãe participam do movimento, mas ainda mantêm o aluguel de um barraco por R$ 400 por mês numa favela nas proximidades.

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