
A queda de uma caixa de chumbo identificada com o símbolo da radioatividade no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná assustou estudantes e funcionários da instituição na manhã de ontem.
A caixa, que pesava cerca de 35 quilos, tinha a função de proteger uma cápsula de césio-137, que fazia parte de um cintilador um medidor de radioatividade usado pelo laboratório de Bioquímica da universidade. O equipamento, considerado obsoleto, foi descartado no início deste ano pelo professor Luís Cláudio Fernandes.
A queda ocorreu quando as peças da máquina estavam sendo transportadas para um caminhão, que levaria o equipamento descartado para um depósito de inservíveis na Estação Experimental do Canguiri, em Quatro Barras. Como a caixa sofreu uma fissura ao cair, houve suspeita de vazamento do material radioativo. A administração da universidade isolou a área do câmpus e a vigilância sanitária foi acionada. O Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e o Sistema de Urgências e Emergências da Secretaria Municipal da Saúde também compareceram ao local para analisar a capacidade radioativa do objeto e preparar o transporte do material, que foi escoltado até o laboratório de Física da Secretaria de Estado da Saúde.
O invólucro de chumbo, entretanto, estava vazio. Segundo o vice-reitor da UFPR, Rogério Mulinari, o cilindro, de cerca de 2 milímetros, havia sido retirado em fevereiro deste ano pela Esalab, empresa especializada no transporte de materiais radioativos. A cápsula foi armazenada em um cofre de chumbo no Centro Politécnico, sob responsabilidade do professor Fernandes. "Todos os procedimentos de segurança foram tomados pelo departamento para que o descarte do equipamento não causasse nenhum risco às pessoas e ao meio ambiente", explica Mulinari. De acordo com a universidade, a cápsula era "de baixa intensidade, sem risco para a saúde".
Embora tudo não tenha passado de um grande mal entendido, o episódio serviu como alerta para que a universidade implemente algumas mudanças no sistema de armazenamento e de transporte de máquinas e outros equipamentos. "O problema é que apenas o professor e a equipe do centro de Bioquímica sabiam que o processo era seguro. A unidade de transportes e a administração do câmpus não tinham ciência de que todas as medidas de segurança já haviam sido tomadas. Para evitar que o problema se repita, mudanças serão implementadas imediatamente. A partir de agora, será feita uma descrição detalhada de todos os equipamentos descartados pela universidade", contou o reitor.
Consequências
O aparente descuido da UFPR foi alvo de críticas de autoridades da área de saúde e do Corpo de Bombeiros. Segundo a física do Serviço de Vigilância Sanitária em Radiações Ionizantes Margot Schmidt, a universidade sempre seguiu as normas estabelecidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e o incidente era motivo de preocupação, mesmo não tendo havido vazamento. O médico Matheos Chomatas, diretor do Sistema de Urgências e Emergências da prefeitura, lembrou da ameaça que o transporte indevido desse tipo de material poderia causar. "Várias pessoas poderiam ter se contaminado pelo césio-137 se o cilindro, de fato, se rompesse. Mesmo pequenas quantidades da substância podem ser letais. Os funcionários que fazem o manejo deste material precisam estar habilitados."
O tenente-coronel Luiz Henrique Pombo, do Corpo de Bombeiros, aproveitou o incidente para alertar a população sobre os perigos da radioatividade. "Ao encontrar qualquer recipiente suspeito de ser radioativo, não mexa no objeto. Entre imediatamente em contato com o Corpo de Bombeiros ou com a Defesa Civil."
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