RIO DE JANEIRO - A participação de uma banda alemã supostamente nazista num festival de bandas de oi! e hardcore em Macaé, no Norte Fluminense, está causando polêmica entre autoridades. Pelo menos duas denúncias feitas pelos movimentos gay e negro contra o Skincore Fest, que deve acontecer no início de junho, já foram registradas na delegacia de Macaé, e três bandas que participariam do show cancelaram suas apresentações. Na internet, mensagens eletrônicas pedem que as bandas e os locais onde os convites estão sendo vendidos sejam boicotados.
"Muitas vezes chegam aqui pedidos de autorização para um evento filantrópico quando na verdade acontece outra coisa", afirma o coronel Alexandre Fontenelle, comandante do 32º BPM (Macaé). "Vamos investigar. Se houver indício de irregularidade, não vamos permitir e encaminharemos o caso ao Ministério Público."
Um baixista de uma banda que desistiu de participar do evento afirmou que o grupo preferiu recusar o convite quando descobriu que a banda skinhead alemã Endstufe participou de um DVD em tributo a uma banda abertamente nazista.
"Não conhecíamos a banda, mas, quando fomos pesquisar, descobrimos que eles participaram do DVD A Tribute to Ian Stuart and The Glory Of Skrewdriver, que é considerado um tributo neonazista, por isso preferimos não participar mais", explica o músico, que não quis ser identificado por temer represálias. "Não acredito que alguém que vá nesse festival esteja pensando em fazer algum tipo de manifestação política. O único motivo de a gente ter desistido foi pela coletânea que a banda Endstufe participou, não pela banda em si."
De acordo com a prefeitura de Macaé, até o momento os organizadores do evento não solicitaram alvará à fiscalização de posturas da Secretaria de Ordem Pública, indispensável para que o evento ocorra. Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública da cidade, Marco Maia, dificilmente os órgãos públicos vão autorizar a festa.
"Temos em Macaé uma sociedade na qual 8% são estrangeiros de diversas nacionalidades", diz. "Temos uma relação amistosa com todos. Assim como a sociedade brasileira, não aceitamos a segregação e a discriminação racial a exemplo que grupos desta natureza pregam."
O site oficial do evento esclarece que o festival "não é uma confraternização de pessoas, bandas e organizações criminosas: racistas, nazistas, terroristas etc.", mas um evento de caráter pacífico. Ainda de acordo com os organizadores, o festival é apolítico e não há qualquer vestígio de ideias racistas em suas letras ou suástica em seus materiais. "Seria totalmente contraditório e contrário aos nossos ideais convidarmos e recebermos uma banda/amigos com mentalidade nazi-racista separatista, pois o Brasil é uma mistura de raças/etnias", afirma o site.
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