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Planos ainda se organizam para a telemedicina
Planos ainda se organizam para a telemedicina| Foto: Bigstock

A pandemia do novo coronavírus abriu uma exceção na rotina das consultas médicas. Agora, quem precisar pode ser atendido à distância por um médico. A telemedicina foi autorizada pelo Ministério da Saúde - em caráter de emergência -, e vai funcionar apenas enquanto houver recomendação de isolamento social.

Os serviços, porém, não se restringem aos ligados à Covid-19, mas abrangem todas as especialidades médicas, que vão desde uma orientação pediátrica até uma consulta com um cirurgião plástico. Não existe uma lista restritiva de especialidades imposta pelo Ministério e nem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Mas, mesmo sem proibição a qualquer tipo de atendimento, a orientação é para que as consultas feitas sejam aquelas urgentes, em que o prejuízo seria maior se o paciente fosse a um hospital ou consultório e corresse o risco de entrar em contato com muitas pessoas. Por isso, o atendimento médico online é indicado especialmente para os idosos, que são hoje o maior grupo de risco para o coronavírus.

O geriatra Carlos Sperandio tem atendido alguns pacientes pelo sistema de vídeo do Whatsapp. Porém, todas as consultas feitas até agora foram apenas retornos. Ele conta que muitos idosos ainda não sabem que existe essa possibilidade e que no momento é o melhor caminho, pois esse tipo de atendimento seria o ideal para protegê-los da pandemia. “Claro que uma consulta física é mais eficiente. Eu consigo tocar no paciente, perceber coisas além da história que ele conta.  Mas, nesse momento, preciso saber como estão alguns pacientes, então adoto a prática”, conta.

Além das reconsultas com os médicos que já iniciaram algum atendimento com o paciente no consultório, existem as novas práticas à distãncia. No Brasil, sites, clínicas e startups prestam o serviço. Um deles é o dr.consulta. Ele oferece 18 especialidades - entre elas cirurgia plástica, urologia, psiquiatria, reumatologia - além de um serviço de orientação sobre a Covid-19.

Funciona assim: o paciente escolhe entre profissionais de três estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), agenda a consulta no horário disponível e faz o pagamento com cartão de crédito.

Outro exemplo é de um dos mais renomados hospitais privados do país, o Hospital Israelita Albert Einstein, que oferece consultas por telemedicina. Além de orientações de saúde, como reeducação alimentar e ajuda antitabagismo, tem serviço de reabilitação e diagnóstico especializado com médicos da área de dermatologia, gastroenterologia, cardiologia, pediatria, dermatologia, pneumologia, psiquiatria, obstetrícia, ortopedia, fisiatria, neurologia e urologia.

“A vantagem desse serviço é que facilita o acesso do paciente a, por exemplo, um segundo diagnóstico, feito por uma equipe renomada como a do Eisnten. O paciente pode fazer isso sem ter que ir a São Paulo”, comenta Sperandio.

Como pagar

Uma dificuldade da telemedicina é o pagamento. Por enquanto, mesmo com os atendimentos de emergência por causa do coronavírus, não existe ainda um sistema dos planos de saúde em que o médico conveniado possa anotar o número da carteirinha do paciente e repassá-lo ao plano. Portanto, a maioria das consultas são particulares e o valor é combinado diretamente com o médico.

O que os convênios cobrem são seus serviços próprios de telemedicina, quando oferecem. Muitos ainda estão em fase de estruturação da consulta online, como a Unimed Curitiba. Por enquanto, o que a cooperativa oferece é um teleatendimento restrito a orientações e esclarecimento de dúvidas sobre a Covid-19.

Segundo o coordenador do Comitê de Telemedicina da Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), José Luciano Monteiro, cada operadora pode negociar com o médico uma forma de fazer o pagamento das consultas online. Em relação às que ainda não abriram essa possibilidade, o paciente precisa fazer a consulta particular e combinar o pagamento diretamente com o profissional.

Tecnologia mínima para atendimento

Fazer um prontuário médico é uma exigência legal para o exercício da medicina. O médico precisa registrar todo atendimento feito para que o paciente possa, quando quiser, ter acesso a esse documento. Isso vale também para as consultas online. Por isso, o Conselho Federal de Medicina exige que para exercer a telemedicina o profissional tenha, no mínimo, uma forma de fazer um prontuário digital.

“A obrigação é ter pelo menos um cartão de assinatura digital, para poder passar receita, e um software para registro de prontuário. Mas, apenas agora, nesse momento de pandemia, os médicos podem atender registrando a consulta de outras formas, como gravações ou e-mail”, explica Donizetti Dimer Giamberardino Filho, primeiro vice-presidente do CFM e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR).

Giamberardino também recomenda que tanto os profissionais quanto os pacientes tenham bom senso na hora de optar por uma teleconsulta. Quando o paciente sentir dor ou tiver sangramentos fortes, o atendimento online não é indicado - é preciso ir a um hospital. Mas casos de reconsultas em que o primeiro contato físico já foi feito e só é necessário um acompanhamento, como em doenças crônicas e resfriados comuns em crianças, a telemedicina costuma funcionar bem.

SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) implantou o TeleSUS, canal online exclusivo para tirar dúvidas sobre o novo coronavírus e também sobre os sintomas da doença por meio do site do Ministério da Saúde.

Ao entrar no chat, há um aviso de que não se trata de uma ferramenta de diagnóstico da Covid-19. Clique aqui para acessar o TeleSUS.

Antes do coronavírus

Até o Ministério da Saúde autorizar a consulta médica online em sistema de emergência, com menos exigência, a telemedicina existia com algumas restrições impostas pelo Conselho Federal de Medicina, em uma resolução de 2002. Os profissionais podiam dar orientações e encaminhar o paciente para uma consulta, fazer o monitoramento de um tratamento e trocar informações com outros médicos sobre os casos, mas desde que tivessem o sistema de assinatura digital e tecnologia para fazer prontuário online. Giamberardino cita o trabalho do médico regulador do Samu (que faz triagem e monitoramento de pacientes em estado de emergência) como um atendimento de telemedicina que já existia.

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