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 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Entenda a relevância

Ar - As árvores são importantes filtros no ar das cidades. Além disso, elas fazem retenção de pó e de micro-organismos. Também reduzem a velocidade dos ventos e diminuem o nível de ruídos (poluição sonora).

Clima - As concentrações arbóreas contribuem para equilibrar as temperaturas: elas absorvem parte dos raios solares, evitando que esquente demais, e também não liberam toda a umidade do solo, para que haja frescor.

Solo - A falta de vegetação está ligada a consequências mais drásticas em enchentes e deslizamentos de terra, além de erosão. As árvores regulam os ciclos hídricos, como garantia de que não faltará água.

Visual - Está provado que o ser humano se sente melhor em áreas naturais. As concentrações vegetais conferem beleza cênica ao local, provocando conforto visual.

Diversidade - Só continua nascendo flor no jardim e frutos na horta porque há polinização, a maior parte feita por abelhas. Há um ciclo natural que não pode ser rompido para que a vida renasça. Além disso, as áreas arbóreas servem de abrigo para a fauna.

Da árvore que deu nome ao bairro sobrou pouco: visto de cima, por imagens de satélite, o Capão da Imbuia tem apenas uma pequena mancha verde – são quatro quadras que formam um bosque e abrigam o museu de história natural. Para garantir qualidade de vida aos 20 mil moradores, é pouco. São 6 metros quadrados de área verde por habitante – metade do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Situação semelhante é observada em outros 23 dos 75 bairros de Curitiba. Entre as localidades abaixo da recomendação de 12 metros quadrados por pessoa estão Batel e Água Verde. Mas áreas afastadas do eixo central, como Sítio Cercado e Capão Raso, também não chegam à média.

INFOGRÁFICO: Veja quais são as áreas verdes próximas à sua casa

Os dados foram trabalhados pela Gazeta do Povo a partir de levantamentos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O cartógrafo Luiz Miguez, responsável pela pesquisa governamental, conta que imagens de satélite, feitas em 2010, foram usadas como base para identificar os chamados "maciços vegetais" no espaço urbano. Gramados, canteiros e cursos de rios não entram na conta. O mapeamento considera as áreas superiores a 500 metros quadrados de copa de árvores. Para se ter ideia de como 10 mil metros quadrados de área verde estão longe de ser uma floresta, a Praça General Osório, vista de cima, é uma mancha verde exatamente com essa metragem.

Os bairros mais verdes são aqueles que ficam no extremo Oeste da cidade, como São João, Lamenha Pequena, Augusta e Riviera. Também ao Sul, nas regiões do Umbará, Caximba e Taboão, há grandes concentrações de áreas preservadas. Mesmo gigante e superpovoada, a Cidade Industrial de Curitiba (CIC) consegue manter índices de área verde por habitante acima do mínimo recomendado. São 44 metros quadrados por morador. Entre os bairros com mais de 30 mil moradores, o Santa Cândida é o que tem a melhor proporção, com mais de 100 metros quadrados por pessoa.

Não basta ter área verde em quantidade. Além da qualidade da mata, com diversidade de espécies de fauna e flora, para fazer bem ao ambiente e aos seres humanos, os espaços precisam estar bem distribuídos, espalhados pela cidade. E o mapeamento das áreas por bairros na cidade mostra que alguns são deficitários.

Curitiba ainda está muito bem no mapa

Desde que passou a ser povoada, há mais de três séculos, Curitiba é cada vez menos verde. Hoje a cidade tem o equivalente a 80 parques Bariguis em áreas vegetais. Aliás, o principal parque dos curitibanos tem 1,4 milhão de metros quadrados, mas apenas 624 mil são considerados maciços vegetais – o restante é grama, concreto e água.

Apesar da expansão imobiliária a olhos vistos, é impossível cravar que as áreas verdes estão minguando nos últimos anos. É que a tecnologia de mapeamento tem mudado muito. Há uma década, só matas muito grandes apareciam em imagens de satélite – atualmente é possível identificar até terrenos menores que 50 metros quadrados.

Em comparação a outras capitais, Curitiba ainda está bem no mapa verde. Fortaleza, por exemplo, tem 4 metros quadrados por habitante. A referência é Estocolmo, uma das mais capitais mais verdes. Com 800 mil moradores, a principal cidade da Suécia tem 86 metros quadrados por habitante. Curitiba tem 26 parques e 15 bosques (com menos de 100 mil metros quadrados). Mas a maior parte dos espaços ainda preservados é privada.

Pontos na tela

Para que as pessoas descubram e interajam com as áreas verdes das cidades foi idealizado, em Nova Iorque, o projeto Green Map. Curitiba faz parte da iniciativa, espalhada por 850 cidades no mundo. Aqui, o projeto é tocado pela professora Maria do Carmo Freitas, da Arquitetura da UFPR, desde 2009. "Vamos a escolas, para explicar o entorno e discutir a localização da pessoa no planeta", diz. Cada morador pode comunicar a existência de espaços verdes e uma equipe confere a informação e acrescenta no mapa: http://www.opengreenmap.org/es/greenmap/mapa-verde-curitiba.

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